05 setembro 2018

BTG investe em startups e inicia segundo ciclo de mentoria

Querendo ficar mais ágil, banco está em due dilligence para exercer participação em pelo menos duas empresas observadas de perto

“Não dá mais para ser um banco e se preocupar só com o que o Itaú ou o Bradesco fazem.” A percepção do BTG Pactual sobre a economia dos serviços financeiros soa, no mínimo, bastante atual. Mas não deixa de levar em conta as empresas citadas: se os concorrentes apostam, respectivamente, em iniciativas como Cubo e InovaBRA, hubs povoados de startups que vêm ajudando a mudar a cara das tradicionais empresas, o banco de investimentos também criou seu próprio laboratório de inovação: o boostLAB, que iniciou ontem (03/09) seu segundo ciclo de mentoria de startups já com alguma escala de atuação – as chamadas scale ups.

Com 132 empresas inscritas (12 a mais do que no primeiro ciclo), o programa, realizado parceria com a aceleradora ACE, selecionou seis que fornecem serviços capazes de gerar sinergias com o BTG. Entre elas estão um marketplace para empréstimos consignados, uma carteira virtual para pessoas desbancarizadas, e um serviço de antecipação de crédito para pequenas e médias empresas. A ideia é que as inovações possam ser integradas a algum dos braços do BTG no futuro – seja por investimento do banco ou pela contratação do serviço – ou aproximadas a outros parceiros da empresa.

“O que temos percebido é uma tendência mundial: não dá pra ser um banco hoje e se preocupar só com o que o Itaú ou o Bradesco está fazendo. Sempre sai uma nova solução que pode mudar o seu mercado. Então você tem que estar próximo, seja para não perder receita, para investir nas boas ideias, ou mesmo para estar perto do crescimento delas”, explica Frederico Pompeu, sócio do BTG Pactual responsável pelo boostLAB.

Isso já vem acontecendo: do primeiro ciclo, que foi encerrado no mês passado, o BTG internalizou algumas das soluções. A Clicksign, startup que fornece um serviço assinaturas eletrônicas para documentos, passou a ser usada nos cadastros dos bancos digitais do grupo. Da mesma forma, a Agronow, que usa imagens de satélite para auxiliar a melhora da produtividade agrícola, se tornou parceira do braço de commodities do BTG, e também deve ser empregada no processo de seguro de safras do banco.

“Há operações que já fazemos há bastante tempo, mas que para fazer de forma pulverizada e ágil, como o mercado pede hoje, é mais difícil. Imagina, no banco digital, o cliente ter que preencher formulários, imprimir, assinar, digitalizar novamente para nos enviar. Se você pensa num banco que quer fazer milhares de contas online, é inviável”, cita Pompeu, exemplificando como a Clicksign se encaixa no modelo de negócios do BTG.

No boostLAB, o BTG não se compromete a investir dinheiro nas startups. Mas isso pode acontecer se houver sinergia considerada suficiente. Duas das empresas que participaram do primeiro ciclo – cujos nomes o banco não revelou – já estão a ponto de receber um aporte financeiro, passando atualmente por due dilligence. Duas outras estão negociando para passar pelo mesmo processo.

“É o que o Goldman Sachs, o JP Morgan, todos bancos de investimento estão fazendo no exterior. Até por uma questão de sobrevivência”, observa Renato Mazzola, sócio responsável pelo private equity do BTG, responsável por esses investimentos.

Processo de crescimento
Depois da seleção entre as centenas de inscritas, as empresas finalistas no boostLAB iniciaram ontem a série de encontros presenciais com os mentores – que incluem tanto líderes de áreas estratégicas do BTG como convidados de outras empresas. Estarão próximas das startups nos próximos meses influências como Sônia Hess, ex-Dudalina, e Claudio Galeazzi, especialista em recuperação de empresas.

Na análise inicial de cada startup, são identificados seus desafios e potencialidades, e indicado um “padrinho” que a acompanhe no programa. Elas ainda têm a opção de usar o espaço do BTG em um dos edifícios da WeWork em São Paulo, e ganham créditos para usar em serviços de nuvem da Amazon e Google. Em dezembro, acontece o Demo Day, onde elas mostram a evolução que obtiveram no processo e começam a trabalhar nos próximos passos de suas parcerias.

Ainda no primeiro ano de iniciativa, o BTG pretende, no futuro, deixar o programa ainda maior. “Estamos contentes que o número de interessados cresceu [no primeiro ciclo, foram 120 inscritos], e nossa ambição é ter o boostLAB ainda maior. Por enquanto, precisamos ser reconhecidos no mercado e mostrar que temos um produto de excelência. Mas nada impede que daqui a pouco a gente escolha mais do que seis empresas.”.. Leia mais em epocanegocios 05/09/2018

05 setembro 2018



0 comentários: