21 setembro 2018

Biehl Metalúrgica propõe compra de unidade do Grupo Voges

A Biehl Metalúrgica, com sede em São Leopoldo, confirmou interesse na compra da unidade de motores do Grupo Voges, de Caxias do Sul, que está em recuperação judicial há cinco anos.

A manifestação foi feita durante assembleias de funcionários e ex-funcionários da empresa, realizadas nesta quarta-feira, e que aprovaram a proposta.

A empresa de São Leopoldo foi representada pelo advogado Carlos Eduardo França, que informou que a proposta está sendo feita por cinco empresários da Biehl Metalúrgica, dos quais três atuam no Brasil e dois no exterior.

O valor proposto pela unidade é de R$ 40 milhões. Destes, R$ 20 milhões seriam destinados ao pagamento de dívidas trabalhistas, e o restante, para expansão da empresa.

O valor, no entanto, cobre menos de 30% dos créditos dos funcionários, estimados em R$ 70 milhões. Mesmo assim, a maioria dos trabalhadores aprovou a proposta e a apoiará na assembleia de credores do grupo, marcada para a próxima segunda-feira, quando haverá definição sobre a nova proposta de recuperação judicial.

O representante informou que R$ 2 milhões serão pagos imediatamente, e o restante, em 18 parcelas de R$ 1 milhão. A compradora ainda se compromete em manter os atuais 120 empregos e priorizar a contratação de quem já trabalhou na unidade.

"Falei, desde o início, que o perfil de comprador da Voges não poderia ser alguém que simplesmente viesse aqui e colocasse dinheiro, buscando apenas retirar dinheiro de Caxias. O perfil do investidor deveria ser o que tivesse sangue nos olhos, vontade de trabalhar e que quisesse fazer a empresa crescer e crescer junto com ela. Foi esse o perfil de investidor que fui buscar. Não é nenhum mega investidor que está nesse projeto. São empresários com vontade de crescer. Não é a melhor proposta, mas é a possível", explanou França.

Segundo o advogado do Sindicato dos Metalúrgicos, Valdecir de Lima, que está em contato com os investidores há, pelo menos, um ano, essa proposta permite que as pessoas recebam uma parte da dívida. "Talvez seja a última oportunidade que os trabalhadores têm de receber algum valor de seus créditos. Desde o início do processo da Voges, foi a única vez que recebemos uma proposta concreta e aceitável", avaliou Lima.

As assembleias foram acompanhadas pelo juiz do trabalho Rafael da Silva Marques e pela representante do administrador judicial Aline Stochero. A fazenda do controlador do grupo, Osvaldo Voges, avaliada em R$ 7 milhões, também entra no negócio, pois é vinculada a Voges Motores. Os demais imóveis e as dívidas (tributárias, fiscais e demais) são vinculadas à unidade de fundição, que opera em prédio locado pelo município de Caxias do Sul e que está exigindo sua devolução imediatamente. O prazo para desocupação já venceu, mas o empresário tem buscado o adiamento, pois ainda não tem local onde colocar a produção.

A fundição emprega em torno de 280 trabalhadores. A venda só poderá ser concretizada com a aprovação da maioria dos presentes à assembleia em, pelo menos, duas classes: trabalhistas, credores com garantia real e quirografárias. Em caso de aprovação da venda, os valores começam a ser pagos pelos investidores ainda em outubro. Caso não haja a venda e ocorra a rejeição da nova proposta de recuperação judicial, o caminho natural tende a ser a decretação da falência.

A Biehl é uma empresa com 135 anos que produz ferragens e ferramentas para diferentes setores e itens para jardinagem. - Jornal do Comércio 21/09/2018

21 setembro 2018



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