Num cenário de "caos", marcado pela disparada do risco-país brasileiro, o dólar encerraria o ano em R$ 4,55, nas estimativas do economista Livio Ribeiro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Para alcançar essa cotação, a projeção considera um credit default swap (CDS, uma espécie de seguro contra calotes) de 850 pontos-base em dezembro. Utilizado como medida de percepção de risco, o CDS de 10 anos fechou ontem em 379 pontos-base, enquanto a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 4,07.
"O câmbio varia com o risco-país, e o risco pode vir de duas fontes -- a externa e a interna", destaca Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Ibre/FGV. "Mas, ainda que existam os dois componentes, hoje o aumento do risco está vindo mais de fora do que de dentro", diz ele, para quem isso é que está movendo o câmbio recentemente (ver Câmbio foi movido pelo cenário externo, aponta estudo do Ibre).
A situação de outros emergentes e a trajetória dos juros americanos são alguns dos fatores externos que fazem mover o risco-país; incertezas eleitorais no Brasil, por sua vez, são um fator doméstico importante. "Se o risco-país subir muito rapidamente por questões políticas, vai subir o câmbio junto", afirma Castelar.
Segundo ele, as simulações de Ribeiro para o câmbio mostram que o país está longe hoje de um risco-país que levaria a uma desvalorização muito forte. "Teria que ser uma mudança de risco muito significativa; pode ser de fora, pode ser de dentro. Se for gerada suficiente confusão doméstica na política, vai subir", diz o economista.
Na visão de Castelar, porém, o país não está perto de uma situação como a de 2002, quando medidas de risco-país bateram em 2.400 pontos-base. Uma das diferenças é a situação das contas externas do país, hoje muito sólidas. O déficit em conta corrente é hoje inferior a 1% do PIB e as reservas internacionais estão na casa de US$ 380 bilhões. Isso ajuda a atenuar movimentos do risco-país.
Entre os pontos negativos, Castelar nota que o ajuste externo foi resultado da recessão ocorrida entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, dependendo de desemprego alto e investimento baixo. Além disso, a situação fiscal é explosiva, o país tem baixo potencial de crescimento e as eleições "não garantem solução e adicionam incertezas".
Chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, José Julio Senna vê uma situação difícil para o Brasil, avaliando que a "economia saiu dos trilhos". O desemprego é muito alto, o resultado primário das contas públicas (que exclui gastos com juros) é fortemente negativo, com um grande déficit da Previdência. Há também o problema de retomar o crescimento no curto prazo, diz Senna, que destaca ainda a expansão muito lenta da produtividade do trabalho no país. De 1980 para cá, avançou a uma média de apenas 0,2% ao ano.
Já diretor do Ibre/FGV, Luiz Guilherme Schymura, aponta alguns pontos positivos do país, como a inflação controlada, os juros básicos baixos e o fato de o país ser credor externo líquido (as reservas superam a dívida externa do setor público). "A economia está hoje mais ajustada", afirma Schymura, observando, porém, que a situação fiscal é delicada e há um grande desafio no front político, dada a dificuldade de implementar medidas como a reforma da Previdência. por Valor Online Leia mais em gsnoticias 21/09/2018
21 setembro 2018
Com risco-país em 850 pontos, dólar bateria em R$ 4,55
sexta-feira, setembro 21, 2018
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Ruy Moura
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