15 maio 2017

Aquisição explicita valor de negócio de distribuição de investimento

Ao avaliar o negócio XP Investimentos em R$ 12 bilhões, o Itaú explicitou o valor do negócio de distribuição de investimentos independente (fora dos grandes bancos) no Brasil, ainda em estágio embrionário. O feito foi comemorado pelos executivos no comando das plataformas de investimentos concorrentes, que passaram os últimos anos investindo em tecnologia, educação financeira, e repetindo o discurso da "desbancarização", encampado pela XP.

"Minha primeira leitura é que esse movimento mostra, de fato, o valor do nosso tipo de negócio e potencial que tem para o futuro", diz Fernando Cardozo, sócio da Guide Investimentos. "Já vínhamos acompanhando a migração de clientes para as plataformas. O negócio vem para reforçar a importância do setor e para o desenvolvimento da indústria no Brasil." O que está em jogo é um mercado de R$ 2,73 trilhões, que se mantiver o ritmo de crescimento dos últimos cinco anos pode chegar a R$ 4,7 trilhões em 2021. As projeções são da consultoria Oliver Wyman e constam no prospecto da oferta inicial de ações da XP.

Só que do bolo estimado da custódia atual, de R$ 2,73 trilhões, uma fatia de apenas 5,3% está nas mãos das instituições independentes, enquanto os maiores bancos- Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander - detêm 87,7% do mercado. As estimativas da Oliver Wyman são que em 2021, o investimento fora de banco representará 17%, ainda longe do que se vê nos EUA, em que 87% dos US$ 37 trilhões do mercado de investimentos de varejo estão nas mãos das casas independentes.

Segundo a consultoria, há três movimentos que serão observados nos próximos anos no Brasil: a migração dos recursos da poupança para outras categorias de investimentos de renda fixa; investimentos crescentes em renda variável em um cenário de redução de juros, e o crescimento das captações de dívida privada, como resultado do menor crédito do BNDES.

Eduardo Moreira, sócio-diretor da Genial Investimentos vê o passo da XP como algo que vai fomentar o investimentos fora de banco como um todo, e cogita ter um parceiro estratégico para prosseguir o seu plano de expansão.

"A XP construiu uma coisa que agora está precificada", afirma. Ele admite haver conversas com possíveis investidores estratégicos para dar conta dos gastos em tecnologia, intensiva em capital, e também nos planos de marketing. "Tem alguns flertes, quase mão dada, mas não um beijo de novela", brinca.

Seria um passo que a Easynvest, que teve origem na cinquentenária corretora Título, já deu. Em março, a americana Advent International fechou um acordo para comprar uma participação minoritária da instituição, sem revelar a fatia ou o valor da transação. Nos bastidores, o que se diz é que houve proposta para que a operação fosse 100% vendida. Investidores estrangeiros e locais manifestaram interesse. O sócio Márcio Cardoso prefere não entrar nos pormenores, mas assegura que a intenção dos sócios não é sair do negócio. Ainda falta o aval do BC para a transação com a Advent.

Questionado sobre a possibilidade de vender parte da Órama, o presidente da plataforma on-line, Habib Nascif diz não estar fechado para negociações, mas ressalta que só daria um passo nesse sentido se mantivesse o controle e a independência. "Se houver uma proposta nesses moldes que nos permita acelerar ainda mais o investimento para benefício do cliente e consolidar o crescimento da companhia, podemos conversar." Vale lembrar que a XP contou, nos seus anos de expansão acelerada, com o suporte das gestoras General Atlantic e Dynamo.- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/05/2017

15 maio 2017



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