24 junho 2015

CVS adia nova aquisição no Brasil

As negociações para aquisição do grupo DPSP, dono das redes de farmácias Pacheco e Drogaria São Paulo, pela cadeia americana CVS foram interrompidas semanas atrás, depois que a multinacional decidiu "segurar" planos de novas aquisições, segundo interlocutor próximo às empresas. A CVS ainda avalia o negócio como um ativo estratégico e interessante, portanto, a hipótese de a transação ser fechada futuramente não está descartada, antecipou na sexta-feira o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor.

"Eles [CVS] estão 'segurando' um pouco as compras depois de terem feito duas aquisições muito grandes lá fora em pouquíssimo tempo. Eles precisam digerir isso melhor e reduzir os efeitos no endividamento", diz uma fonte. As partes não se manifestaram. Com R$ 6,1 bilhão em receita líquida no ano passado, o grupo DPSP tem cerca de 950 lojas no país. A CVS é dona da rede Onofre, com 47 lojas.

A CVS gastou US$ 12 bilhões nos últimos 30 dias comprando a Omnicare, fornecedora de serviços farmacêuticos, e a rede Target, com 1,6 mil farmácias, ambas com sede nos Estados Unidos. Ela financiou as transações se alavancando mais e anunciou que tomará medidas para reduzir essa maior pressão nos números. A relação entre dívida e lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação foi para 3,2 vezes (meta é 2,7 vezes).

Para um interlocutor ligado às negociações, ao esfriar as conversas, a CVS poderia tentar negociar melhores condições mais à frente.

As conversas entre as partes avançaram mais nos últimos dois meses, desde que a DPSP decidiu, no começo do ano, voltar à mesa de negociações - com patamar para aquisição do negócio na faixa de R$ 6 bilhões, apurou o Valor, cerca de US$ 2 bilhões (mesmo montante desembolsado para adquirir a rede de drogarias Target).

A transação avançou até que outros negócios foram sendo fechados pela rede nos EUA. Segundo uma fonte ouvida, a valorização da moeda americana pesa favoravelmente ao fechamento do negócio no país, pois "barateia" a farmácia brasileira, mas a receita da DPSP em reais perde valor ao ser reportada no balanço da CVS em dólar.

Segundo fontes próximas ao grupo DPSP, os controladores teriam ficado irritados com a interrupção nas conversas. A família Barata, com 51% das ações, assim como o grupo de 12 sócios da Drogaria São Paulo, após alguns desentendimentos (os Barata resistiam inicialmente), concordaram em se desfazer da empresa e voltaram a procurar a CVS para retomar as conversas neste ano.

Circulam informações no mercado de que há divergências entre os sócios da DPSP em relação às estratégias de crescimento e forma de gestão das redes - a Pacheco, com foco maior no Rio de Janeiro e a Drogaria São Paulo, no estado paulista - e que a possibilidade de venda seria uma forma de encerrar a parceria.

A oferta inicial da CVS pela rede brasileira em 2014 era de cerca de R$ 4,5 bilhões. Depois, subiu para cerca de R$ 5,5 bilhões, segundo fontes. Mas um desentendimento sobre os valores adiou um acordo e, neste ano, a DPSP decidiu voltar a conversar.

De acordo com balanço de resultados de 2014, publicado no Diário Oficial semanas atrás, a DPSP somou R$ 6,1 bilhões em vendas líquidas em 2014, alta de 11%, e o lucro cresceu 19%, para R$ 222 milhões, com margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) de 6,8% em 2014, versus 6,3% em 2013.

Quatro anos após o anúncio de criação dos dois maiores grupos de varejo de farmácias do país - Raia Drogasil e DPSP - a primeira tem conseguido registrar desempenho geral acima da rival para alguns indicadores. Mas a margem Ebitda, apesar de ter subido de forma mais rápida na Raia Drogasil nos últimos anos, ainda se mantém superior na DPSP.

Segundo dados publicados, a Raia Drogasil vendeu R$ 7,4 bilhões (valor líquido) em 2014 e a DPSP, R$ 6,1 bilhões. A primeira cresceu 18,5% no ano e a segunda, 11%. Em termos de lucro líquido, a Raia Drogasil e a DPSP registram praticamente a mesma soma (R$ 221,4 milhões e R$ 222 milhões, respectivamente), mas na primeira, o valor cresceu 120% e na segunda, 19%.

A relação entre receita e despesas cresce na DPSP e cai na rival. Baixa sinergia entre as redes São Paulo e Pacheco, reflexo de uma integração ainda inicial na DPSP, pode explicar essa manutenção no nível de despesas. Na Raia Drogasil, a relação entre receita e despesas diminuiu de 21,8% para 21%. Na concorrente, subiu de 23,2% para 23,4%.

A margem Ebitda na Raia Drogasil subiu de 5,5% para 6,6% entre 2013 e 2014 e na DPSP, de 6,3% para 6,8%. Ou seja, a segunda mantém índice maior, mas na primeira a taxa subiu de forma mais acelerada. A margem líquida na Raia Drogasil passou de 2,8% para 3,6% e na DPSP, de 3,4% para 3,6%. Autor: Adriana Mattos Fonte: Valor Econômico Leia mais em tudofarma 22/06/2015


24 junho 2015



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