06 janeiro 2015

Brasil: Mercado de fusões e aquisições recebe incremento de US$ 30,2 bi do setor de telecomunicações



O mercado brasileiro de fusões e aquisições teve a maior expansão em quatro anos em 2014. No período, as empresas de telecomunicações buscaram um ganho de escala por meio de combinações e outras tiraram vantagem dos preços baratos dos ativos.

O fechamento de negócios no país subiu 16 por cento no ano passado, para US$ 84,2 bilhões, respondendo por 44 por cento de todas as transações da América Latina, segundo dados compilados pela Bloomberg. O aumento foi impulsionado pelas grandes empresas, capazes de olhar além da economia lenta e da volatilidade dos preços das ações que detiveram os compradores menores. A moeda mais fraca também transformou o Brasil em um alvo mais atrativo para compradores do exterior.

"Mesmo em um ano de pessimismo dos investidores em portfólio, você vê os estrategistas adotando uma visão de longo prazo", disse Fernando Iunes, senior adviser de banco de investimento do Banco Itaú BBA SA em São Paulo. "A maior parte desses acordos está mirando cinco, dez, quinze anos à frente".

As empresas de telecomunicações começaram uma reformulação do setor que provavelmente se estenderá por 2015 em um momento em que as operadoras buscam formas de reduzir custos devido a uma desaceleração do crescimento do número de usuários. Um total de US$ 30,2 bilhões em acordos como esses foi anunciado no ano passado, mais do que os US$ 10,7 bilhões de 2013. No maior negócio do ano, a Telefónica SA, com sede em Madri, fechou um acordo para comprar a provedora brasileira de banda larga GVT por 7,45 bilhões de euros (US$ 8,88 bilhões) da Vivendi SA, com sede em Paris, em setembro.

Em dezembro, a Oi SA, com sede no Rio de Janeiro, fechou um acordo de venda de seus ativos portugueses de telecomunicações para a Altice SA, do bilionário Patrick Drahi, por 7,4 bilhões de euros, o segundo maior negócio de fusão e aquisição do ano.

Negócios continuam

Há mais pela frente, com a Oi, a Telefónica e a Claro, da América Móvil SAB, estudando a compra da unidade brasileira da Telecom Italia SpA, disseram fontes familiarizadas com o assunto. Simultaneamente, a Telecom Italia está avaliando sua própria oferta pela Oi -- maior empresa de telefonia fixa do Brasil -- naquela que provavelmente seria uma proposta feita 100 por cento em ações, disseram em dezembro duas fontes familiarizadas com o assunto.

As transações de private equity do Brasil quase dobraram para US$ 14,1 bilhões em 2014, maior total da história, segundo dados compilados pela Bloomberg. Isso ocorre em parte devido à depreciação do real, que tornou os ativos brasileiros mais baratos para empresas de private equity que levantam dinheiro em dólares.

A moeda sofreu com as dificuldades da economia local, com a queda dos preços globais do setor de energia e com a investigação de corrupção que está em curso na Petrobras, a empresa petrolífera controlada pelo Estado.

"O que eu acho que veremos no ano que vem é mais atividade das empresas de private equity", disse Fábio Mourão, chefe de banco de investimento no Brasil do Credit Suisse, em entrevista por telefone, de São Paulo. "Todas elas têm muito dinheiro para investir no Brasil".

Volatilidade das ações

O real registrou uma retração de 11 por cento em relação ao dólar no ano passado, sua quarta queda anual seguida, enquanto o índice acionário de referência Ibovespa caiu 2,9 por cento. A volatilidade das ações -- medida pelo desvio padrão anualizado de 30 dias dos retornos do Ibovespa -- atingiu o nível mais alto desde 2011.

Isso não impediu que dezenas de empresas aumentassem sua exposição ao país latino-americano, como foi o caso da Telefónica, ou que tirassem vantagem de avaliações atrativas. O Banco Santander SA comprou cerca de US$ 3,5 milhões em ações da divisão Banco Santander Brasil SA quando as ações atingiram uma mínima recorde na comparação com os lucros projetados.

"Os estrangeiros não deixaram de aumentar seu compromisso com o Brasil, apesar de todos os problemas", disse Luiz Muniz, chefe do Rothschild para a América Latina, de São Paulo. "O estratégico controlador está vendo uma percepcão de valor maior do que o estrangeiro institucional na bolsa''. Título em inglês: M&A Market Gets $30.2 Billion Telecom Boost: Corporate Brazil | Bloomberg Jonathan Levin | Leia mais em Uol 06/01/2015

06 janeiro 2015



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