16 janeiro 2016

Com crise e Lava-Jato, sobram R$ 22 bi no FIFGTS

Antes disputado por megaempresas como Petrobras, Odebrecht, Queiroz Galvão, Estre e BTG às vezes com brigas públicas entre algumas delas , o recheado cofre do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FIFGTS) foi praticamente esquecido. Dentro dele, considerado um dos principais veículos de financiamento de infraestrutura no país, existem atualmente R$ 22 bilhões de capital disponível à espera de interessados em receber recursos por meio de aportes ou crédito.

Por enquanto, a perspectiva é que a fortuna do fundo fique praticamente intocada justamente em um momento de forte necessidade de crédito vivido por grandes empresas. A paralisia no fundo de investimento do FGTS é explicada por um "detalhe" no regulamento.

Pelas regras, é necessário que a empresa contemplada use os recursos em um projeto concreto de investimento. E, em decorrência da Operação Lava-Jato e da desaceleração da economia, os planos de novos empreendimentos ou de expansão sumiram das mesas dos executivos. O foco da iniciativa privada atualmente é a preservação da liquidez e a busca por capital de giro.

O diagnóstico de fontes que acompanham a situação do FIFGTS é que existe vontade de usar os recursos, mas que as possibilidades são escassas por falta de procura das empresas. "O que se verificou ao longo de 2015 foi uma menor demanda por recursos para o desenvolvimento de projetos de investimentos em infraestrutura, bem como maior prazo nas análises, devido principalmente às revisões nos planos de investimentos", afirmou, em nota, a Caixa Econômica Federal, gestora do fundo.

Um exemplo é da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que havia pedido R$ 1,2 bilhão para expansão de um porto em Itaguaí, no Estado do Rio de Janeiro. A solicitação já estava sendo analisada pelo conselho do FIFGTS, mas a própria empresa segundo relatos ouvidos nos bastidores deixou de apresentar os documentos necessários para o andamento do processo. A CSN foi procurada para comentar, mas não se manifestou até a publicação da reportagem.

Como resultado da fraca demanda, o fundo deixou de fazer negócios com a iniciativa privada em 2015. A única operação no ano foi a engenharia financeira feita pelo governo para destinar R$ 10 bilhões do fundo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio de compra de debêntures, o que exigiu uma mudança de regulamento no FIFGTS. Desse montante repassado à instituição financeira, nada foi usado ainda, porque os projetos ainda estão em estudo.

Atualmente, o fundo segue avaliando internamente pedidos feitos por empresas que exigiriam, caso aprovados, um montante de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. Entre as demandas atuais, está a da Rumo Logística (empresa controlada pelo grupo Cosan), que pede ao fundo até R$ 1 bilhão para aplicar em debêntures conversíveis para investimentos em ferrovias.
A empresa passou recentemente por um processo de fusão com a América Latina Logística (ALL) e pretende fazer aportes para expandir a capacidade operacional da malha.

Existe a expectativa de ocorrerem mais liberações de capital neste ano, com os leilões de logística sendo preparados pelo governo. São esperadas licitações de estradas federais (como a chamada Rodovia do Frango, trecho de 400 quilômetros que BR476, BR153, BR282 e BR480, entre Paraná e Santa Catarina) e de quatro aeroportos (Porto Alegre, Florianópolis, Salvador e Fortaleza).

Com isso, o capital disponível no FIFGTS ganha chance de ser direcionado a investimentos concretos. O fundo tem como objetivo usar recursos do FGTS parainvestir em energia, ferrovias, portos, saneamento, rodovias, hidrovias, aeroportos e na infraestrutura complementar a estes setores. Água e esgoto são considerados prioridade.

A Caixa acredita que uma "melhora" do cenário econômico também vai ajudar a retomar a liberação dos recursos. "O FIFGTS dará continuidade à análise de oportunidades de investimento no setor de infraestrutura em 2016, tendo como base o pipeline de projetos aprovados ou em processo de aprovação, além de novas oportunidades que surgirem no setor, especialmente aquelas decorrentes dos programas de concessões em andamento. A melhora no ambiente econômico também deverá ajudar a ampliar as oportunidades de investimento e com isso elevar as alocações de recursos do FIFGTS em uma maior quantidade de projetos", afirma o banco, em nota. Fonte: Valor Econômico Por Fábio Pupo e Edna Simão | De Brasília Leia mais em sinicon 15/01/2015

16 janeiro 2016



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