Disputa travada entre a Odebrecht e o fundo Lone Star pelo controle da sucroenergética representa insegurança jurídica para negociação
Mesmo com a disputa entre o fundo Lone Star e a Odebrecht – atual controladora do grupo Atvos –, há um novo interessado na sucroenergética: o banco BTG Pactual. Segundo reportagem do Valor Econômico, a instituição financeira possui uma divisão especializada em empresas em dificuldades e já deu início a conversas. Caso confirmado, o aporte deve ser de, aproximadamente, R$ 500 milhões.
De acordo com as fontes consultadas, as negociações estão em uma fase inicial e ainda não foi definida qual seria a participação do BTG na companhia. Uma das pessoas ouvidas pelo Valor ainda afirmou que o banco tem demonstrado interesse por ativos do setor de açúcar e etanol.
Outro possível interessado na companhia é o fundo Mubadala. Em agosto, a Reuters noticiou que a companhia, com sede em Abu Dhabi, pretendia desembolsar R$ 600 milhões; agora, informações obtidas pelo Valor apontam para até R$ 800 milhões. Entretanto, as conversas já teriam “esfriado” por conta de desacordos com os credores a respeito do tamanho da fatia do fundo na sucroenergética.
Em recuperação judicial desde maio de 2019 e com dívidas que ultrapassam a marca de R$ 10 bilhões, a Atvos possui nove usinas e uma capacidade total de moagem de até 37 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Ainda assim, na safra 2019/20, a companhia declarou uma moagem de apenas 26,9 milhões de toneladas, além de um prejuízo de R$ 1,5 bilhão.
Disputa em andamento
Um dos empecilhos nestas negociações é o Lone Star. Em maio, o fundo norte-americano – que também é um dos principais credores da companhia – divulgou que havia comprado ações da Atvos que, por sua vez, haviam sido concedidas pela Odebrecht ao banco Natixis. Por se tratar de mais de 50% da companhia, o Lone Star pediu o controle da sucroenergética e, desde então, trava uma batalha com a Odebrecht.
A Atvos afirma que o Natixis estava comprometido a cooperar com o processo de recuperação e a possível venda da companhia. Além disso, o valor de US$ 5 milhões foi considerado irrisório pela atual controladora.
De qualquer modo, as fontes ouvidas pelo Valor consideram que o imbróglio representa uma insegurança jurídica para possíveis compradores – especialmente se o fundo conseguir derrubar o plano de recuperação judicial da sucroenergética. As fontes, entretanto, apontam que decisões da Justiça contra o Lone Star estão diluindo a ameaça.
Conforme as regras atuais, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander podem converter seus bônus de subscrição em capital e transferir o controle da companhia. Neste caso, os bancos teriam 90% da empresa, enquanto a Odebrecht ficaria com os 10% restantes.
Assim, fontes argumentam que, caso o fundo americano obtenha direito a uma participação na Atvos, ele só conseguiria controle sobre os 10% da Odebrecht.
BTG Pactual, Atvos, RK Partners, Mubadala e Lone Star foram procurados pelo Valor Econômico, mas não comentaram o assunto. Com informações do Valor Econômico Leia mais em novacana 14/10/2020
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