19 maio 2019

Mentor de startup precisa quebrar paradigmas de gestão

Mudanças constantes no modelo de negócio e fluxo de caixa negativo fazem parte do ecossistema

Startup não é sinônimo de empresa pequena ou ligada à tecnologia. Segundo Flávio Pripas, corporate venture officer da Redpoint eventures e ex-CEO do Cubo, o conceito define a startup como uma empresa que resolve um problema real e cria soluções com potencial de escala. “O que é escala? É quando o valor gerado é desproporcional à estrutura que a empresa tem”, diz Pripas, que participou de debate no 83º Encontro de Conselheiros Certificados IBGC (CCI), realizado em abril, em São Paulo.

Um exemplo de escala é o WhatsApp. O aplicativo é utilizado por mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo. Ao ser comprado pelo Facebook, em 2014, por US$ 19 bilhões, o negócio tinha cerca de 40 funcionários. “A startup não é uma empresa pequena. Ela apenas ainda não cresceu”, explica Pripas.

Os conselheiros que têm interesse em contribuir no processo de desenvolvimento de startups, como mentores ou membros do board, precisam desconstruir esse e outros conceitos ligados à gestão de companhias tradicionais. As prioridades e preocupações do empreendedor de uma startup são muito diferentes das de grandes corporações. As etapas de crescimento são distintas, com saltos e retrocessos muito rápidos. Mudanças radicais no modelo de negócio podem acontecer da noite para o dia, quando o empreendedor percebe que o caminho que estava seguindo não é mais viável. Essa mudança, no mundo corporativo tradicional, poderia ser considerada como fracasso de um projeto, mas no ecossistema de startups são correções de rumo normais e esperadas. O mentor e conselheiro precisa compreender essas características.

“O que o profissional via como uma disfunção no mundo corporativo, nas startups é uma técnica”, diz Maximiliano Carlomagno, coordenador da Comissão de Startups do IBGC. Conselheiros que se dispõem a serem mentores no ambiente de startups precisam entender essas diferenças de dinâmicas. Se o conselheiro tentar aplicar as mesmas regras de controle e gerenciamento de risco de empresas tradicionais, em vez de ajudar, pode estar atrapalhando o processo e a velocidade de desenvolvimento da empresa. Segundo Carlomagno, uma das principais contribuições que o conselheiro pode dar ao empreendedor é na organização do seu tempo e na compreensão mais ampla dos problemas que estão sendo solucionados pela startup. “O mentor precisa fazer boas perguntas e ajudar o empreendedor a ter foco”, recomenda Carlomagno.

Outra diferença entre o ecossistema de startups e o mundo corporativo tradicional é a administração do fluxo financeiro. Como as startups trabalham no desenvolvimento de soluções novas, a geração de caixa pode demora anos para ser acontecer. Da primeira etapa de ideação de uma solução, passando pelo seu desenvolvimento teste de mercado, até o lançamento no mercado pode-se levar anos. O financiamento das operações da startup depende de investimentos periódicos. Conseguir recursos é um desafio constante para os empreendedores.

As fontes de financiamento variam de acordo com a etapa de evolução da startup. Os aportes de capital podem vir de investidores anjo e de aceleradoras, no início do negócio, e por fundos de venture capital em estágios mais maduros. Esses recursos garantem o funcionamento da empresa por um período. “A pressão é muito grande para o empreendedor, pois ele sabe que o seu caixa vai se esgotar em 18 meses”, conta Rodrigo Baer, fundador do Venture Capital em empresas de internet em early stage no Brasil... Leia mais em ibgc 16/05/2019

19 maio 2019



0 comentários: