08 maio 2018

Nesta startup, os melhores funcionários viram sócios. Saiba como funciona

O que sua empresa faz pelos empregados – ou o que você, funcionário, sente que seu local de trabalho faz por você? No Méliuz, oferecer um benefício diferenciado para quem se juntasse à startup de Belo Horizonte (Minas Gerais) era uma necessidade.

Em 2012, pouco depois de sua criação, o negócio se inspirou em práticas das startups do Vale do Silício e de empresas como o grupo 3G, de Jorge Paulo Lemann, e criou um sistema em que os melhores funcionários receberiam uma participação acionária na empresa de cashback (devolução de parte do dinheiro gasto em compras).

“Não tínhamos dinheiro para atrair talentos pagando o salário que o mercado propunha. Por isso, adotamos a prática de stock options”, explica Israel Salmen, CEO e cofundador do Méliuz. “É difícil construir algo grande e disruptivo sem dividir esse trabalho com pessoas que pensam como você e se destacam por seus resultados. Essa é uma forma de recompensá-los. Eu acredito muito que é dividindo que fazemos nosso bolo crescer.”

Hoje, o Méliuz possui 11% dos seus mais de 150 funcionários como sócios. Salmen afirma que, hoje, a startup não usa mais a participação como forma de atrair talentos, e sim de engajá-los e retê-los na startup. A necessidade virou estratégia de gestão de pessoas.

Como funciona o stock options?
Quando o programa de distribuição de participação acionária começou, não havia muitos passos. Ofli e Salmen decidiam quem deveria virar sócio do Méliuz e, neste ano, dois engenheiros desenvolvedores foram escolhidos.

O Méliuz incorpora processos à sua seleção desde 2014. A startup abre inscrições para quem quer se tornar sócio em janeiro de cada ano. Os funcionários interessados devem escrever uma carta para os fundadores – Israel Salmen e Ofli Guimarães – contando o passado, o presente e o futuro de suas vidas pessoais e profissionais. Também devem anexar um documento com os resultados que trouxeram ao Méliuz.

Israel Salmen e Ofli Guimarães, do Méliuz© Divulgação Israel Salmen e Ofli Guimarães, do Méliuz
Com base nas cartas, os fundadores decidem quem será incorporado ao quadro de sócios e anunciam a decisão no evento de metas anuais do Méliuz, que aconteceu neste ano já no final de janeiro. Quem não for selecionado recebe orientações sobre onde melhorar. “Eu realmente acredito na meritocracia: quando a pessoa está engajada, ela merece e recebe mais”, afirma Salmen.

Na avaliação, os empreendedores consideram tanto critérios mais subjetivos – aderência à cultura da startup, sentimento de dono, otimismo e ética acima do lucro – quanto aspectos práticos, como alcançar as metas trimestrais propostas em sua área de atuação.

Durante o primeiro ano com participação, o funcionário fica em um período chamado cliff, ou “penhasco”. Se ele sair da empresa ou for demitido, perde seu direito a stock options. Essa é uma forma de empresa se resguardar de aventureiros. De ano em ano, o membro recebe 25% do dinheiro relativo à sua participação (espécie de contrato de investimento conhecido como vesting). Em quatro anos, terá o valor total em mãos.

Para definir quanto vale essa participação, o Méliuz pega o valuation definido em sua última rodada de investimento – por enquanto, a que ocorreu em julho de 2017. “Entregamos a stock options seis meses depois, que foram os melhores de nossa história. Ou seja, eles receberam participações que já valem bem mais sobre o que estão investindo”, diz o cofundador.

A participação acionária é um extra, além do salário já recebido pelos funcionários, e costuma ser o equivalente a seis vezes o valor de sua remuneração. O dinheiro investido em participação, no futuro, poderá se transformar em ações, caso a empresa faça uma oferta pública inicial (ou IPO) na B3.

Quem já se tornou sócio do Méliuz também pode pleitear um aumento de participação. O funcionário deve fazer uma nova carta de resultados e enviar para os sócios. Se aprovado, recebe mais um pacote de stock options.

A equipe de sócios do Méliuz© Divulgação A equipe de sócios do Méliuz
Tais participações não saem dos cofundadores, e sim de um percentual da empresa conhecido como pool. Essa é uma reserva criada com as rodadas de investimento recebidas pelo Méliuz, de valores não divulgados.

O Méliuz não abre sua porcentagem de pool, mas uma startup costuma começar com 10 a 15% de seus recursos congelados, segundo Salmen. A empresa está abaixo dessa porcentagem, por ter ações já bloqueadas aos seus sócios.

Neste ano, o Méliuz anunciou oito novos sócios e alcançou a marca de 60 milhões de reais devolvidos em cashback. Como meta de expansão, a startup espera saltar para 200 funcionários. Para fazer acontecer, o negócio aposta no seu esquadrão de sócios. Mariana Fonseca Exame Leia mais em msn 08/05/2018

08 maio 2018



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