25 novembro 2016

Francesa Ceva adquire duas empresas no país

A francesa Ceva Santé Animale, uma das maiores indústrias veterinárias do mundo, tornou-se a mais nova protagonista da consolidação do setor no Brasil. A empresa anunciou ontem que chegou a um acordo para adquirir as mineiras Hertape e Inova Biotecnologia - a última é uma sociedade da Hertape com a farmacêutica Eurofarma.

Com as aquisições, que ainda dependem do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Ceva vai se tornar a quinta maior indústria veterinária do Brasil, com faturamento de cerca de R$ 400 milhões. Sem as aquisições, a receita da empresa é de R$ 160 milhões. "Quando combinarmos a força de nossas posições locais em ruminantes e animais de companhia, isso nos dará massa crítica para entrar no top cinco do Brasil", disse o CEO da Ceva, Marc Prikazsky, em comunicado.

O valor das operações não foi divulgado. A Eurofarma informou em nota que pretende utilizar os recursos da venda na Inova para fortalecer seu plano de aquisições.

Para a multinacional francesa, as aquisições representam uma complementação de portfólio. Com apenas uma fábrica em Campinas (SP), a companhia produz medicamentos voltados, principalmente, para o segmento de aves, ao passo que a Hertape, sediada em Juatuba (MG), é mais forte em produtos para bovinos. A Inova, que estreou em 2010, produz vacinas contra febre aftosa.

A Hertape deve encerrar o ano com faturamento de cerca de R$ 200 milhões, e a Inova terá receita de aproximadamente R$ 70 milhões - uma parte desse montante está incluído na receita da Hertape.

As aquisições refletem a dificuldade de empresas menores competirem no cada vez mais concentrado mercado global de saúde animal, disse um executivo do setor, citando a união entre a Merial, que era controlada pela Sanofi, e a Boehringer.

Ao passar às mãos da Ceva, que fatura mais de € 850 milhões, as duas empresas serão comandadas por um grupo com maior poderio financeiro, o que se traduz em capacidade de investir em inovações, fator fundamental nesse segmento. A recessão no Brasil e o mau momento do mercado da vacinas contra aftosa também estimularam a transação. "O crédito está limitado e as taxas de juros não são nada fáceis de enfrentar", afirmou um especialista.

Principal filão do mercado brasileiro de saúde animal, com vendas anuais superiores a R$ 360 milhões - as vendas totais do setor rendem R$ 5 bilhões por ano -, as vacinas contra a aftosa têm dado dor de cabeça às indústrias que atuam nessa frente. Ocorre que a parque fabril brasileiro é capaz de produzir mais de 500 milhões de doses da vacina por ano. Porém, a demanda interna é de 350 milhões de doses anuais.

Nesse contexto, os preços das vacinas tiveram forte queda neste ano, prejudicando o resultado de empresas como a brasileira Ouro Fino, que tem ações listadas na BM&FBovespa.

Não à toa, o negócio mais importante da história da indústria veterinária ocorreu em julho, com o anúncio da compra do mineira Vallée pela MSD, braço veterinário da Merck, por R$ 1,285 bilhão. A Vallée lidera a produção de vacinas contra aftosa.

Para as empresas que adquirem (a MSD e agora a Ceva), assumir ativos de produção de vacinas é vantajoso, apesar do desequilíbrio entre oferta e demanda. Como a imunização do rebanho é obrigatória em praticamente todo o Brasil, as vacinas funcionam como "abridores de pedidos" para outros produtos.- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 25/11/2016


25 novembro 2016



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