13 outubro 2016

Fusão de cervejarias obriga Coca-Cola a ajustar estratégia

O desejo da Coca-Cola de reduzir o número de franqueadas mundiais sofreu um abalo, após os analistas terem dito que a participação de US$ 3,5 bilhões a US$ 5 bilhões que a fabricante de refrigerantes anunciou que comprará na Coca-Cola Beverages Africa (CCBA), empresa de engarrafamento africana, é grande demais para ser adquirida por só um comprador.

A participação de 54% está à disposição de possíveis interessados no mercado de bebidas gaseificadas da África, que tem o crescimento mais acelerado do mundo e se expandiu 8% em 2015, para US$ 14 bilhões, de acordo com o grupo de pesquisa Canadean. [A Coca-Cola Beverages Africa é uma joint venture formada no fim de 2014 entre a multinacional de refrigerantes, uma engarrafadora local e a cervejaria SABMiller].

A Coca-Cola informou na segunda-feira que queria comprar a participação que pertence à SABMiller na joint venture, seguindo cláusulas de alteração de controle desencadeadas pela aquisição da cervejaria pela Anheuser-Busch InBev (AB InBev).

A fatia na engarrafadora será primeiramente adquirida pela Coca-Cola, mas a própria empresa indicou que reconhece a reduzida probabilidade de aquisição por um único comprador. Em comunicado, afirmou que negociaria com "sócios potenciais" o refranqueamento da CCBA.

O grupo tem pressionado suas franqueadas à consolidação, numa investida pela eficiência que levou à fusão de três das maiores engarrafadoras da Europa no ano passado, criando a Coca-Cola Enterprise Partners (CCEP), presidida por Sol Daurella.

A SAB detinha uma participação majoritária na CCBA, com a engarrafadora sul-africana Sabco e a Coca-Cola como sócias minoritárias. A empresa é responsável por 40% dos volumes da Coca-Cola vendidos na África, onde há 30 franqueadas da marca de refrigerantes, segundo a agência de classificação de risco Moody's.

A decisão da Coca-Cola de comprar a participação da SAB, muito provavelmente, foi motivada pelo papel da AB InBev como grande engarrafadora da concorrente PepsiCo na América Latina.
Além disso, a própria Coca-Cola é encarada por analistas como potencial alvo futuro da AB InBev.
"A Coca tem medo de uma aquisição pela AB InBev", disse o analista Ali Dibadj, do Bernstein.

"Presumimos, portanto, que a ela vai tentar evitar oferecer a Carlos Brito, o CEO da AB InBev, uma visão mais detalhada da companhia." A participação na CCBA deve atrair a Coca-Cola Hellenic (CCH), do Reino Unido, que opera na Rússia, no Leste Europeu e na Nigéria, um dos maiores mercados de refrigerantes da África. Dimitris Loic, CEO da Coca-Cola Hellenic, disse aos analistas em junho: "Seremos mais dinâmicos em fusões e aquisições", citando a "grande experiência em [mercados] emergentes" da empresa e seu desejo de expansão.

A Equatorial Coca-Cola Bottling Company, divisão africana controlada parcialmente pela família espanhola Daurella, e a Sabco, cujo principal acionista é a família Gutsche, também são ofertantes prováveis, disseram analistas. A europeia CCEP está extremamente ocupada em integrar as divisões espanhola e alemã, mas afirmou estar interessada em intensificar sua expansão.

O analista Robert Ottenstein, da Evercore ISI, disse: "Há uma probabilidade razoável de ocorrer um acordo no qual a Coca-Cola Hellenic compraria parte dos ativos africanos e, em troca, concordaria em vender ativos da Europa Ocidental, como Irlanda, Áustria, Suíça e Itália, à CCEP".

A participação poderá atrair também a Sabco e a Heineken, a cervejaria que tem franquia da Coca-Cola em cinco países africanos, embora o grupo tenha divulgado foco maior na expansão de suas operações de cerveja na Ásia.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 13/10/2016

13 outubro 2016



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