16 dezembro 2015

O que o mercado realmente pensa sobre o Brasil, segundo a Forbes

Para quem vive no Brasil, acompanhar e entender o que acontece atualmente na economia e política não é assim tão complicado. Mas para o estrangeiro a situação é bem diferente, principalmente quando tentamos entender o que o mercado está pensando disso tudo. Em matéria publicada nesta terça-feira (15), a Forbes tentou explicar "o que o mercado realmente pensa sobre o Brasil".

O texto já começa comentando a situação da presidente Dilma Rousseff e afirma que "gostando ou não", mesmo diante do impeachment, ela está aqui "para ficar", segundo os principais analistas consultados. De acordo com a publicação, o mercado está realmente querendo a saída da petista, mas especialistas trabalham com um cenário base onde ela se mantém no poder.

"Achamos que todo este processo dura pelo menos até agosto e que Dilma sobrevive ao impeachment", afirmou Bruno Rovai, economista e analista de renda fixa do Barclays em Nova York, para a Forbes.

Outro tema destacado é a  austeridade, que investidores conseguem odiar e adorar ao mesmo tempo. A publicação destaca a opinião do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que afirma que ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está fazendo o que pode para cortar gastos, eliminando isenções fiscais e aumentando os impostos.

Javier Murcio, analista e gerente de portfólio sênior da Standish Mellon Asset Management concorda com esta visão.  Apesar da dúvida entre gostar ou odiar as novas políticas, a Forbes afirma que o Brasil está na enfermaria. "Seus políticos não estão dando-lhe muito amor. O País precisa de algum medicamento pesado rápido", diz a matéria.

"Tenho certeza que meus amigos têm uma outra visão sobre austeridade, mas Levy está à procura de maneiras de financiar a situação fiscal que está se deteriorando no Brasil e as soluções existentes são imperfeitas," disse Murcio.  "Nós sabemos que as receitas não vão acontecer de uma maneira natural, do crescimento econômico. Sabemos que a CPMF não é eficiente. Mas, neste momento, eu acho que todos nós percebemos que uma estrutura fiscal mais saudável não está nos planos para o Brasil.

Então, se isso traz receitas adicionais e ajuda a corrigir esses desequilíbrios fiscais, então eu acho que o mercado vai aceitá-lo. Se você me perguntar, eu prefiro ter uma reforma fiscal séria de cima abaixo, mas vamos falar a verdade, isso não vai acontecer", completou.

A Forbes destaca o sistema judiciário brasileiro, que estaria impressionando o mercado após uma série de  empresários e políticos serem investigados e condenados ao longo do último ano acusados de envolvimento no caso de corrupção na Petrobras. E enquanto Dilma não recebeu nenhuma acusação neste sentido, Cunha e outros membros do PMDB estão sendo investigados por corrupção.

"O mercado de ações tem sido tão espancado por causa do estouro da bolha de commodities, crédito mais apertado, e impasse político que até mesmo nomes não ligados à commodities estão negociando com descontos atraentes", afirma a publicação citando casos como o Bradesco e a Vivo.

Enquanto isso, o real já acumula perdas de 46% em 2015, ficando na pior posição entre os grandes mercados emergentes. Como comparação, a matéria cita que a moeda russa, o rublo, recuou apenas 16% no ano.

"Dilma tem a classificação mais baixa nas Américas e os políticos estão disputando posições para conseguirem se salvar do escândalo da Petrobras. Tudo isto tem um efeito negativo sobre a confiança dos consumidores e empresários, que está em níveis muito baixos. Isso é traduzido em preços de ações historicamente baratos", destaca a Forbes.

Apesar disso, há quem veja uma recuperação pela frente.  "Achamos que você vai ver uma melhoria em três a cinco anos no Brasil e há um número de razões para isso. Eu sei que o Brasil é a sociedade mais sobrecarregada das Américas e eles estão lutando agora por não terem receita fiscal suficiente.

Claro, o Brasil deveria tributar menos as empresas e gastar menos, também ", diz Gerardo Zamorano, gestor de fundos na Brandes Emerging Markets Value Fund (VENIX) em San Diego.

Ele não está esperando milagres em relação à política, mas diz que gosta desse "mercado de pulgas brasileiro". "Estamos com altas posições no Brasil. Temos bancos, telecomunicações, serviços públicos de água, exportadores de carne bovina. Está claro para nós que o mercado está excessivamente pessimista. Estamos muito positivos mantendo Brasil", conclui Zamorano.

Enquanto isso,  Jan Dehn, chefe de pesquisa da Ashmore Group em Londres, acredita que há oportunidades, ignorando completamente a alta de juros do Federal Reserve.  "Eu não vejo a fraqueza do real continuando por muito mais tempo", disse ele.  "Isso leva-me a acreditar que vai ocorrer um grande ponto de entrada para títulos do governo brasileiro", completou.    InfoMoney 15/12/2015 Leia mais em bol.uol 16/12/2015

16 dezembro 2015



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