20 maio 2019

Vinci levanta R$ 4 bi em seu terceiro fundo

A gestora Vinci Partners acaba de concluir a captação de seu terceiro fundo de private equity, no montante de R$ 2,75 bilhões de aporte direto e mais R$ 1,2 bilhão de compromisso de coinvestimentos - somando R$ 3,95 bilhões (cerca de US$ 1 bilhão) para a estratégia de investimentos da casa.

É o maior montante da rodada recente para uma gestora brasileira independente. Um fundo da gestora Pátria Investimentos levantou uma cifra relevante - foram US$ 2,7 bilhões na captação encerrada no ano passado -, mas a casa tem a americana Blackstone como acionista, com atuação relevante na atração de investidores.

"Captar dinheiro para Brasil por prazo de dez anos é um desafio, considerando que pegamos o período eleitoral e que a economia ainda não retomou crescimento relevante", diz Alessandro Horta, presidente da Vinci Partners. "Demandou muita sola de sapato da equipe. É um volume que nos permite participar desse momento de transição da economia." Quase 70% do capital veio de investidores estrangeiros, com presença maior desta vez de americanos, e 33% de brasileiros. "Pela primeira vez desde que a gestora foi criada conseguimos atrair investidores institucionais brasileiros", conta Horta.

Fundos de pensão brasileiros estão voltando, gradualmente, a olhar essa classe de ativos. A exposição das fundações, no ano passado, a private equity estava na mínima histórica. "Ainda é um número aquém do potencial brasileiro, mas é uma mudança de tendência importante. E eles estão entrando em linha com padrão de governança global", diz o executivo. Ele se refere ao fim da política das fundações de exigir participação no comitê de investimentos - e ter voz nas decisões estratégicas, o que não acontece com outros investidores e não agrada aos gestores.

Apesar da conclusão de captação agora, a Vinci tinha feito um fechamento inicial do fundo para já começar a investir, enquanto partia para a segunda fase. Quase 35% do capital está comprometido em três operações. A primeira delas foi a compra da totalidade da rede de pizzarias Domino's no país.
Depois vieram a aquisição das redes de medicina diagnóstica Cura, de São Paulo (que posteriormente comprou a rede Meyer, no Rio Grande do Sul), em que a gestora tem 80%, e a terceira operação foi a compra de controle da Vero, formada por oito empresas de fibra ótica em Minas Gerais, que foram reunidas e rebatizadas.

"Em média, investimos R$ 400 milhões, sendo R$ 300 milhões do fundo e R$ 100 milhões de coinvestidores", diz Bruno Zaremba, chefe de private equity da Vinci. No fundo anterior da casa, em 2011, quando foram captados R$ 2,4 bilhões, a gestora não levantou de antemão o coinvestimento - ele acontecia caso a caso.

"Já ter esse valor determinado agiliza as transações, dá mais velocidade quando identificamos uma oportunidade de aquisição e precisamos do capital. Além disso, esse comprometimento de capital viabiliza olharmos transações maiores", explica Horta.

No primeiro fundo, a Vinci deu retorno de 4,4 vezes o capital investido por seus cotistas. No segundo, que ainda tem ativos em operação para futuro desinvestimento, a marcação atual de retorno é de 2 vezes o capital investido, já devolvendo dinheiro a investidores. "Devemos chegar a 2,5 vezes, o que acreditamos ser um bom retorno pelo período do país, e vamos buscar um patamar acima disso no terceiro fundo", diz.

O fundo não busca setores específicos, mas tem avaliado serviços, saúde e transações que permitam crescimento e que tenham o que agregar em termos de governança. "A Domino's, por exemplo, compramos com 200 restaurantes e achamos que pode chegar a mil. Tem um crescimento já embutido na transação, e também outro componente que trabalhamos é estruturação de comitês, maior governança", diz o executivo. "Isso reduz risco para um comprador estratégico, por exemplo, o que também agrega valor ao negócio", complementa Zaremba.

Em outra estratégia, a Vinci começou a captar o fundo Vinci Impacto e Governança, que busca R$ 600 milhões. "Esse fundo terá posições minoritárias e vai financiar expansão de empresas ligadas a temas como meio ambiente, diversidade de gênero, e não só foco regional", explica. É uma continuidade do trabalho da equipe que gere dois fundos dedicados à região Nordeste, área comandada por outro sócio, Jose Luis Pano. Valor eco noviço Leia mais em portal.newsnet 16/05/2019

20 maio 2019



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