16 outubro 2017

Chinesa Goldwind avalia compra de projetos eólicos para entrar no Brasil

Segundo Aneel, companhia asiática tocaria junto à também chinesa Zhejiang Electric Power Construction Co. a construção de oito usinas eólicas cujas obras foram paralisadas pela Energim

A fabricante chinesa de turbinas de energia eólica Xinjiang Goldwind Science & Technology, uma das maiores do mundo, tem buscado meios de entrar no mercado brasileiro, em uma estratégia que pode passar pela aquisição de parques eólicos no país, disseram à Reuters especialistas próximos das conversas.

O movimento vem em um momento em que ativos de energia no Brasil atraem forte interesse de investidores de olho no grande mercado consumidor brasileiro, que saiu há pouco tempo da maior recessão em décadas.

A conjuntura econômica, que também deixou muitas empresas do setor elétrico em dificuldades financeiras, atrai companhias mais capitalizadas, principalmente estrangeiras, dispostas a grandes aquisições aguardando lucros no futuro --um parque eólico de grande porte pode ter valor na casa do bilhão de reais.

Executivos da Goldwind disseram a parceiros no Brasil que têm planos de instalar uma fábrica de equipamentos no país e que podem entrar como investidores em algum empreendimento eólico para viabilizar a venda das primeiras turbinas no disputado mercado local, disse à Reuters o presidente da consultoria em energia renovável Braselco, Armando Abreu.

Segundo ele, os chineses poderiam cadastrar um projeto em leilões agendados pelo governo para contratar novas usinas, que acontecem em dezembro, ou partir em busca de parques eólicos contratados em rodadas anteriores das licitações estatais, mas que ainda não iniciaram obras.

"Realmente, eles estão muito ativos. Estão a conversar com investidores... uma alternativa é eles próprios atuarem como investidores --ou ir aos leilões, ou comprar parques com contrato. Eles instalam as turbinas deles e depois vendem o parque a investidores", explicou Abreu.

O Brasil passou por um exponencial crescimento na geração eólica na última década, período em que a produção das usinas movidas a vento passou de praticamente zero para quase 10 por cento da matriz elétrica nacional.

Nos últimos anos, no entanto, uma redução no ritmo de contratação de novas usinas devido à recessão econômica derrubou o volume de negócios no setor e gerou um cenário de forte disputa entre os diversos fabricantes de equipamentos eólicos presentes no país, que incluem gigantes como Vestas, GE e Nordex-Acciona.

Mas essas empresas e a brasileira WEG fabricam grande parte dos componentes de suas turbinas no Brasil, o que permite a venda das máquinas aos clientes com atrativos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Como talvez seja difícil vender turbina sem fábrica aqui, me parece que a estratégia deles é comprar um projeto, participar societariamente de um projeto para viabilizar a venda das turbinas. Criar uma demanda, e aí sim trazer uma fábrica", disse o especialista em Energia da BBMA Advogados, Bernardo Viana de Santana.

Ele afirmou que tem participado de conversas para a venda de projetos de parques eólicos no Ceará à Goldwind.

"São projetos no Cariri, com entre 200 megawatts e 300 megawatts, que estariam prontos para ir a leilão", disse.

Duas fontes de empresas especializadas em desenvolver projetos eólicos disseram que também foram sondadas por emissários da Goldwind sobre a possível compra de empreendimentos na Bahia e no Rio Grande do Sul. Elas falaram sob a condição de anonimato porque assinaram acordos de confidencialidade com os chineses.

INTERESSE FORTE

A atual busca por projetos eólicos para aquisição não é o primeiro movimento da Goldwind para entrar no mercado de energia do Brasil.

"Eles têm analisado o mercado brasileiro há uns dois, três anos, mas com mais intensidade no último ano", disse Abreu, da consultoria Braselco.

Segundo um documento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) visto pela Reuters, a chinesa chegou a fazer uma proposta em fevereiro pela compra de ao menos 70 por cento da Energimp, uma geradora eólica criada em parceria entre a argentina Impsa e o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS).

Pelo acordo, negado pela Aneel, a Goldwind tocaria junto à também chinesa Zhejiang Electric Power Construction Co. (ZEPC) a construção de oito usinas eólicas cujas obras foram paralisadas pela Energimp após a Impsa pedir recuperação judicial.

Procurada, a Goldwind não respondeu a um pedido de comentário. Não foi possível entrar em contato com representantes da ZEPC e nem da Impsa.

A Goldwind fechou 2016 como terceira maior produtora de turbinas eólicas do mundo, atrás da dinamarquesa Vestas e quase empatada com a vice-líder GE, dos EUA, segundo ranking da consultoria em energia eólica MAKE. Por Luciano Costa Reuters Leia mais em dci 16/10/2017




16 outubro 2017



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