17 outubro 2017

Algar Telecom propõe mecanismo para evitar aquisição hostil

Única operadora que se manteve fora do processo de consolidação do setor de telecomunicações no Brasil, a mineira Algar Telecom pretende fazer uma oferta pública de ações no Novo Mercado, segmento máximo de governança corporativa da B3, que deve movimentar R$ 1,5 bilhão, segundo fontes que acompanham a transação. Antes de listar suas ações, porém, a própria Algar quer criar mecanismos para se autoproteger de uma eventual aquisição hostil.

Entre outras mudanças, a companhia propõe a seus acionistas a inclusão em seu estatuto da chamada "pílula de veneno". Usado em companhias de capital aberto, esse dispositivo tem como objetivo tornar mais difícil uma aquisição hostil.

No caso da Algar, a proposta prevê que quem adquirir 20% ou mais do capital social da companhia terá de fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) da totalidade dos papéis por um determinado preço. O valor não poderá ser inferior a: duas vezes o valor econômico ou duas vezes o preço de emissão de ações num aumento de capital recente ou ainda duas vezes a cotação dos papéis nos últimos 90 dias anteriores à OPA. Dessas três opções, prevalece o maior valor apurado.

A colocação da "pílula de veneno" será debatida em assembleia geral extraordinária marcada para o dia 1º de novembro. A Algar Telecom é controlada pela Algar Participações, veículo da família Garcia que fundou a empresa e tem 89,94% do capital total. Depois da oferta, a Algar Participações disse continuará a deter o controle, por isso a inclusão da pílula de veneno é considerada por analistas desnecessária.

Com a oferta da ações da operadora de telefonia, o grupo Algar quer levantar dinheiro novo, além de permitir que alguns acionistas vendam seus papéis. A companhia não informa, porém, qual o destino dos recursos captados. Em entrevista ao Valor em agosto, Jean Borges, presidente da Algar Telecom, disse que a companhia pretendia investir em oferta de serviços e na expansão geográfica. A Algar opera nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.

Criada por Alexandrino Garcia em Uberlândia (MG), a Algar cresceu a partir da aquisição de concessões de cidades vizinhas. Hoje, além de telefonia, atua em serviços de TV paga e banda larga fixa. Segundo dados da Anatel, a Algar tem uma participação de mercado de 0,52% dos assinantes de TV paga, 2,52% em telefonia fixa e 0,55% em telefonia móvel. Na soma de todos os serviços, possui 1,4 milhão de clientes.

A oferta de ações da Algar Telecom terá o Bradesco BBI como coordenador líder, além de contar com a participação dos bancos BTG Pactual, J.P. Morgan, Santander, UBS, Itaú BBA e Santander.

Ontem, a Algar Telecom reportou lucro líquido de R$ 51,2 milhões no terceiro trimestre, alta de 28% na variação anual. O crescimento foi impulsionado pelo maior Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), além de um resultado financeiro melhor. De julho a setembro, a receita líquida subiu 4,4% ante o mesmo intervalo de 2016, para R$ 684,7 milhões. Na mesma base de comparação, o Ebitda totalizou R$ 185,3 milhões, aumento de 2,2%. A margem Ebitda, porém, recuou um ponto percentual.

Além de telecom, o grupo Algar tem negócios nas áreas de agronegócios, mídia, tecnologia e até hotelaria, por meio da Pousada do Rio Quente. Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 17/10/2017

17 outubro 2017



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