14 dezembro 2016

Previsão é que ações continuem em alta

O Índice Bovespa, principal termômetro da bolsa de valores brasileira, deve encerrar 2016 em patamar superior aos 60 mil pontos, bastante superior ao observado no início do ano, quando oscilava ao redor dos 40 mil pontos. Esse movimento de alta, apesar de todas as notícias e contratempos que influenciaram o comportamento das ações, é explicado principalmente por uma questão: "Foi um período de correção de distorções e de exageros", diz Jorge Ricca, gerente executivo de fundos de ações da BBDTVM. Tais distorções - motivadas sobretudo pela crise econômica, política e ética que o País vive -, acabaram fazendo com o que o preço das ações não refletisse o valor justo das companhias que as emitiram, explica.

A curva esperada para 2017 seguirá ascendente. Ricca prevê que, no final de 2017, o Ibovespa atingirá algo entre 70 mil e 75 mil pontos. Porém, alerta que isso só ocorrerá se dois fatores se confirmarem: as reformas - incluindo a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) para o teto dos gastos públicos e a da Previdência - e o corte na taxa básica de juros. "Nesse cenário, a Bolsa oferecerá um prêmio de risco bastante interessante", afirma.

Tais reformas são importantes, de acordo com Olavo Tortelli, sócio da Vinci Partners, para dar sinais mais contundentes ao investidor estrangeiro, que responde por 52,4% do volume negociado na Bolsa. "O investidor estrangeiro ainda não consegue ter uma visão de longo prazo sobre o país", diz. João Braga, Gestor de Renda Variável da XP Gestão, também diz que as reformas são fundamentais. "Se não acontecerem, e não tivermos contas públicas equilibradas, voltaremos a uma dinâmica ruim que afetará todos os cenários."

Já a taxa básica de juros, cuja meta atual é de 13,75% ao ano, deve ser cortada gradualmente ao longo de 2017. O mercado estima que, ao final do período, a Selic esteja em torno de 11%, o que favorecerá a retomada da atividade econômica e que empresas endividadas possam gerir melhor os seus passivos. "Em um cenário de inflação controlada e queda de juros, a lucratividade das empresas pode ser 20% maior que a apresentada em 2016", projeta Ricca.

Eventos externos também podem causar impactos no mercado de ações brasileiro, mas em menor grau que as questões domésticas. "A liquidez internacional será preservada", acredita Ricca. "A troca de governo nos Estados Unidos traz incertezas, mas a economia do país continuará em recuperação, sob uma postura fiscal expansionista", prevê. Se o Federal Reserve (FED) vier a elevar as taxas de juros norte-americanas, será um movimento paulatino, acredita. Rica avalia que os bancos centrais de outros países manterão posturas mais flexíveis em relação à política monetária.

Assim, em meio a esse cenário incerto para 2017, a opção por ativos de renda variável deverá ser feita com base em fundamentos, não mais em correções de preços, como em 2016. "O foco do mercado, hoje, está nos times de gestão das empresas", observa Tortelli, da Vinci. "Bons executores tendem a levar vantagem, seja via resultado ou via consolidações". Sob essa ótica, avalia que ações da Petrobras e da Eletrobras sejam boa opção na Bolsa, por terem equipes com plano de ação interessante e positivo. Já o setor de consumo, alerta Tortelli, demanda olhar mais crítico. Ele recomenda papéis de empresas que tenham boa capacidade de pagamento de dividendos e estejam bem posicionadas em seus respectivos nichos, como B2W e Grendene. Braga, da XP, recomenda utilities. Essas empresas concessionárias, explica, "permitem traçar previsões de curto e médio prazo com razoável convicção". São, portanto, menos voláteis. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 14/12/2016

14 dezembro 2016



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