14 junho 2016

Setor de ensino vai entrar em nova fase de consolidação

A eventual fusão da companhia de ensino carioca Estácio com a Kroton ou com a Ser Educacional deve provocar uma nova onda de aquisições no setor de educação superior privado. "Acredito que haverá uma movimentação intensa, principalmente das 10 maiores instituições de ensino, para se defenderem do grande grupo que se formará a partir da fusão", disse Carlos Monteiro, consultor especializado em educação.

Considerando uma união entre Estácio e Kroton, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve exigir a venda da UniSEB, instituição de ensino a distância comprada pela companhia carioca por R$ 615 milhões em 2013. A UniSEB deve atrair diversos interessados como, por exemplo, os fundos Carlyle e Advent que ainda têm operações pequenas em educação e estão com apetite para crescer no mercado brasileiro. Além disso, ambos já negociaram com a Kroton.

 O Carlyle adquiriu a Uniasselvi por cerca de R$ 1 bilhão no ano passado e a Advent foi uma investidora revelante da Kroton de 2008 a 2013 (depois, retornou para o setor em 2014 com uma aquisição no Sul do país). Outros potenciais interessados na UniSEB são os grupos americanos de educação Apollo, Laureate e DeVry, que juntos já investiram cerca de R$ 3 bilhões no Brasil.

Uma associação entre Estácio e Ser Educacional formaria o maior grupo de ensino superior presencial do país, com 570 mil alunos - acima dos 450 mil estudantes matriculados nessa modalidade nas instituições do grupo Kroton, líder no mercado hoje. Nessa hipótese, para não perder a primeira posição, a Kroton provavelmente buscará outras aquisições. Não lhe falta dinheiro. A empresa deve gerar um caixa de mais de R$ 4 bilhões entre 2016 e 2017, "o que permite à companhia considerar qualquer transação de M&A [fusão e aquisição] no Brasil, incluindo os dez maiores grupos de ensino superior", segundo Luiz Azevedo e Tales Freire, analistas do Bradesco BBI, em relatório.

Além da Estácio, a Kroton tem no radar 49 ativos com mais de 3 mil estudantes, cada.
No grupo de ativos cobiçados pelo setor estão Cruzeiro do Sul, Unip e Uninove, em São Paulo; Uninter, instituição de ensino a distância do Paraná; e a carioca Unigranrio. Entre eles, merece destaque a Cruzeiro do Sul, que tem 150 mil alunos. Isso porque a gestora britânica de private equity Actis analisa a venda da fatia de 37% que detém na Cruzeiro do Sul desde 2012. A Actis está negociando com os bancos Morgan Stanley, BTG, Itaú BBA e Bradesco BBI para definir qual será o assessor financeiro para a transação, segundo o Valor apurou.

Ainda, de acordo com fontes do setor, o Grupo Cruzeiro do Sul  é avaliado em cerca de R$ 1,5 bilhão. No entanto, as famílias controladoras que detém 60% da instituição não querem vender o negócio. Os investidores normalmente compram 100% ou ao menos o controle. Entre as propostas apresentadas pelos bancos de investimento à Actis estão desde a abertura de um processo competitivo até uma oferta de fusão ou aquisição pela Estácio. No entanto, essa última possibilidade já foi descartada pela gestora britânica. A preferência da Actis na escolha do 'adviser' recai sobre o Morgan Stanley, que foi o assessor financeiro na disputa pela Uniasselvi; e Bradesco BBI, banco próximo ao fundador da Cruzeiro do Sul.14/06/2016 - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 14/06/2016

14 junho 2016



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