15 junho 2016

Com LinkedIn, Microsoft tenta apagar passado de aquisições desastrosas

A Microsoft Corp. já adquiriu mais de 150 empresas ao longo de sua história. Mas esse número de operações é de longe ofuscado pelas aquisições que a gigante americana do software não conseguiu concretizar - ou se arrependeu de ter feito.

A transação mais conhecida que não ocorreu foi a tentativa fracassada do ex-diretor presidente Steve Ballmer de comprar o Yahoo Inc. por cerca de US$ 48 bilhões, em 2008. Esse fracasso, porém, é hoje considerado por muitos um golpe de sorte, tendo em vista as grandes dificuldades que o Yahoo vem enfrentado.

Agora, o desempenho da Microsoft nas aquisições que conseguiu concluir é o tópico do momento, diante da transação de US$ 26,2 bilhões para comprar o LinkedIn Corp., que ela anunciou na segunda-feira. O histórico da Microsoft está longe de ser impecável.

Entre os negócios que não deram certo estão a aquisição, em 2014, da divisão de celulares da Nokia Corp., que em grande parte está sendo desmantelada e vendida pela Microsoft e que forçou a empresa a fazer baixas contábeis que excederam o preço de compra, de US$ 9,4 bilhões.

A Microsoft também teve que dar baixa em grande parte do valor que pagou pela empresa de métricas de publicidade aQuantive Inc. em 2007: US$ 6,3 bilhões. E poucos benefícios financeiros resultaram de outras grandes transações, incluindo a compra da empresa de serviços de comunicações Skype SA, por US$ 8,5 bilhões, e da firma de bate-papo e outros serviços para empresas Yammer Inc., por US$ 1,2 bilhão, em 2012.

"Muitos dos grandes negócios não funcionaram como planejado", diz Neeraj Agrawal, investidor veterano em empresas de internet que é sócio da firma de capital de risco Battery Ventures. "O histórico deles é, na melhor das hipóteses, inconsistente."

Perguntado por que ele acredita que o mais recente negócio deve se sair melhor, dado o histórico de aquisições da Microsoft, o diretor-presidente Satya Nadella apontou para fatores como o tamanho do mercado do LinkedIn, sua forte taxa de crescimento e o grande vínculo entre os negócios da empresa e as divisões de software e internet da Microsoft.

Se a pergunta é, "Isso se encaixa nos principais negócios da Microsoft?", disse Nadella durante uma teleconferência com analistas na segunda-feira. Com o LinkedIn, a resposta é sim para todas as questões, disse ele.

Nem todas as aquisições da Microsoft tiveram resultados ruins. Algumas transações forneceram produtos que se tornaram sucesso ou deram talento técnico ou administrativo fundamentais para a empresa, dizem executivos e analistas da indústria.

Em 2014, por exemplo, a Microsoft chegou a um acordo de US$ 2,5 bilhões para adquirir a fabricante de software Mojang, empresa sueca criadora do "Minecraft", um dos videogames mais populares da história.

Sob o comando de um de seus fundadores, Bill Gates, e mais tarde de Ballmer, a Microsoft adotou a estratégia de aquisições desde o início. Seu primeiro sistema operacional, o MS-DOS, originou-se da compra de uma empresa chamada Seattle Computer Products, depois que a International Business Machines Corp. encomendou à Microsoft software para rodar em seu computador pessoal, lançado em 1981.

Em 1987, a Microsoft comprou a Forethought Inc. por US$ 14 milhões. O software PowerPoint criado pela jovem firma se tornou a forma mais popular de criar slides e apresentações, passando a ser uma parte fundamental do pacote de programas Office.

Outra aquisição que parece ter produzido bons resultados foi o Hotmail, o serviço de e-mail gratuito comprado em 1997. Analistas, que na época estimavam o preço em US$ 400 milhões, agora veem o serviço como uma base técnica para os produtos atuais de software on-line da Microsoft.

Em alguns casos, a liderança absoluta da Microsoft na área de software para PCs nos anos 90 dificultou a realização de aquisições. Em 1995, a empresa desistiu de uma oferta de US$ 2,3 bilhões para comprar a fabricante de software de finanças Intuit Inc., depois que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu processo para bloquear a transação. Mas a Microsoft também foi capaz de usar sua musculatura financeira para abrir caminho em novos mercados por meio de aquisições. Um exemplo foi o acordo de US$ 1,1 bilhão, em 2000, para comprar a Great Plains Software Inc., uma rival da Intuit cujos programas de contabilidade, finanças, folha de pagamento e outras tarefas administrativas ajudaram a Microsoft a conquistar muitas empresas de pequeno e médio porte como clientes.

Mais tarde, esse negócio foi combinado com a Navision AS, empresa dinamarquesa de software que a Microsoft comprou por US$ 1,3 bilhão em 2002. Seus produtos continuam a ser importantes para a Microsoft, dizem alguns analistas e ex-funcionários.

À medida que a década avançava, a Microsoft começou a sentir uma pressão maior para ter mais protagonismo na internet e competir com empresas como o Google Inc. e Yahoo. Recuperar o atraso virou prioridade para Ballmer, que sucedeu Gates na liderança executiva em 2000 e passou a batuta a Nadella em 2014.

Na tentativa de comprar o Yahoo, Ballmer fez uma oferta hostil que desencadeou uma série de negociações que terminaram quando o Yahoo exigiu mais dinheiro do que ele estava disposto a pagar. O grosso do valor de mercado atual da empresa de internet, de cerca de US$ 35 bilhões, hoje corresponde às suas participações na chinesa Alibaba Group Holding Ltd. e no Yahoo Japan.

O Yahoo atualmente está leiloando seus principais negócios. A telefônica americana Verizon Communications Inc., que está entre os candidatos favoritos, ofereceu cerca de US$ 3 bilhões pelos ativos de internet na semana passada, antes do prazo final para a segunda rodada de ofertas.

Na compra do Skype, Ballmer tentou assumir o controle de uma empresa cujo serviço de chamadas gratuitas se tornou tão popular que seu nome virou um verbo. Os analistas não perderam a esperança de que a Microsoft consiga construir um negócio substancial, remodelando o Skype gradualmente como uma ferramenta de comunicações empresariais.

"Ainda não temos um veredito sobre o Skype", diz David Smith, analista da Gartner Inc. Por DON CLARK Leia mais em thewallstreetjournal 15/06/2016

15 junho 2016



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