11 março 2016

Brasil vive a própria Lei de Murphy, diz gestora gigante

Os acontecimentos recentes no cenário político mostram que as instituições brasileiras estão fortes e preparadas para enfrentar a Lei de Murphy que o país vive atualmente, avalia o analista para América Latina da Janus Capital, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, Dan Raghoonundo, em entrevista a O Financista .

"Nos últimos anos, o Brasil tem sido um exemplo da máxima conhecida como a Lei de Murphy, que afirma que tudo que pode dar errado dará errado. Houve uma série de choques negativos: queda nos preços das commodities, redução do financiamento externo, maior custo de crédito, secas, Zika, entre outros”, diz Raghoonundo, que foi vice-presidente do Morgan Stanley para mercados emergentes entre 2007 e 2014.

Ele chama a atenção, porém, que o país é conhecido por sua resiliência e que a crença na recuperação deve começar dentro do próprio Brasil. “O Brasil está agora de volta ao noticiário, por bons motivos, e o mercado está percebendo isso”, destaca.

Veja, abaixo, a entrevista completa feita por e-mail:

O Financista: Os acontecimentos da semana passada (a suposta delação de Delcídio do Amaral e o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ) mudaram a sua visão sobre o Brasil?
Dan Raghoonundo: Com as sucessivas tentativas fracassadas em aprovar as reformas, a probabilidade de adoção de futuras reformas diminui. Essa preocupação tem pesado fortemente sobre a mente do investidor. Os eventos das semanas recentes mostraram que as instituições brasileiras assumiram seriamente as suas responsabilidades e são capazes de funcionar efetivamente. O Brasil está agora de volta ao noticiário, por bons motivos, e o mercado está percebendo isso.

O Financista: Boa parte dos gestores está com uma posição abaixo da média em ações e títulos no Brasil. Isso poderia começar a mudar?
Dan Raghoonundo: Assistir a base de investidores abaixo da média [underweight] é como ver a uma peça de Wagner [Richard Wagner, diretor de teatro alemão]: todos nós sabemos como ela acaba, mas é incerto quantos atos serão necessários para chegar ao fim. Os investidores podem estar começando a ver alguma melhora no Brasil para as projeções de médio prazo (cinco anos). O que leva a um posicionamento mais favorável. Será interessante acompanhar o nível de fusões & aquisições e a atividade de private equity daqui adiante.

O Financista: Estamos diante de um ponto de inflexão para os ativos brasileiros?
Dan Raghoonundo: Houve um movimento significativo de cobertura de posições vendidas no Brasil desde janeiro e os ralis de mercado, às vezes, começam assim. Não há dúvida de que um segmento do mercado está bastante atraente quando olhamos para a base total de ativos, enquanto o mercado no geral irá se beneficiar de taxas de crescimento mais em linha com os maiores mercados emergentes. Aprimoramentos na estrutura institucional e na governabilidade são sempre bem recompensados nos mercados emergentes.

O Financista: Como o senhor avalia o desempenho do Brasil nos últimos anos?
Dan Raghoonundo: Nos últimos anos, o Brasil tem sido um exemplo da máxima conhecida como a Lei de Murphy, que afirma que tudo que pode dar errado dará errado. Houve uma série de choques negativos: queda nos preços das commodities, redução do financiamento externo, maior custo de crédito, secas, Zika, entre outros. Dito isso, o Brasil é conhecido pela sua resiliência e a crença na recuperação deve começar no próprio Brasil. Leia mais em terra 08/03/2016

11 março 2016



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