Os desdobramentos na política brasileira nos últimos dias têm acontecido em ritmo "veloz" e de forma "furiosa", afirma o chefe global do banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH) para mercados emergentes, Win Thin, ressaltando que ele vinha se preparando para uma piora do cenário no Brasil. "Mas nossas expectativas foram esmagados pelos acontecimentos desta semana", diz ele.
"A situação no Brasil permanece muito incerta e não vemos uma solução fácil e rápida", afirma o economista, destacando que os ativos no país devem continuar primordialmente refletindo os desdobramentos do cenário em Brasília. Nesta quinta-feira, 17, logo após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomar posse como ministro-chefe da Casa Civil, um juiz federal em Brasília suspendeu a nomeação.
"Os desdobramentos no Brasil estão acontecendo de forma veloz e furiosa", disse Thin. A piora do cenário político ocorre em um momento em que a recessão no Brasil se aprofunda, completa ele. "O risco pela frente é de piora para o Produto Interno Bruto (PIB)." Além disso, a política fiscal permanece uma preocupação importante. O aprofundamento da recessão deve reduzir ainda mais a arrecadação, afetando as contas fiscais.
Caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga tomar posse na Casa Civil, o executivo BBH avalia que não há muita perspectiva de mudança para melhor. Ao contrário, ele ressalta que há grande risco de o rating do Brasil ser novamente rebaixado pelas agências de classificação de risco, com a nota caindo ainda mais na categoria "lixo" (ou "junk"). "Uma mudança na economia como tem sido reportado pela imprensa nos últimos dias pavimenta o caminho para o Brasil chegar ao rating B", afirma Thin. Atualmente, o Brasil tem nota "Ba2" pela Moody's e "BB" pela Standard & Poor's e "BB+" pela Fitch.
Para Thin, o "melhor cenário", caso Lula tome posse, será a "continuidade da atual paralisia política". O BBH vê como de "grande potencial negativo" para o Brasil uma possível mudança da política econômica para medidas mais heterodoxas, como o uso das reservas internacionais e estímulo ao crédito por bancos públicos.
Inicialmente se esperava que a presença de Lula no Planalto poderia fazer o impeachment de Dilma menos provável, avalia Thin, mas ainda é preciso ver a influência que o ex-presidente teria em Brasília nesse momento de maior incerteza e turbulência política, sobretudo após a divulgação de várias conversas telefônicas do ex-presidente.
Outro temor é que a ida de Lula force o BC a cortar juros, o que seria muito mal recebido pelo mercado, afirma o estrategista do BBH. Para ele, há a expectativa de que a Selic seja cortada este ano, mas não agora, e somente se as expectativas de inflação mostrarem queda. Por isso, um corte inesperado provocaria reações adversas.
Meirelles. Sobre os rumores de que Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central nos dois mandatos de Lula, assumir novamente o comando da instituição, o estrategista do BBH avalia que Meirelles é um nome respeitado pelo mercado. "Mas como o mercado pode esperar que ele se atenha a políticas ortodoxas dadas as circunstâncias atuais?", pergunta Thin. Neste caso, o executivo faz um paralelo com a África do Sul, onde o ministro da Fazenda está enfrentando oposição às suas políticas pelo próprio presidente que o nomeou. O Estado de S.Paulo - Leia mais em abinee 18/03/2016
18 março 2016
Deterioração ‘veloz e furiosa’ da política no Brasil superou qualquer previsão, diz analista
sexta-feira, março 18, 2016
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Ruy Moura
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