07 outubro 2015

Oi está perto de montar proposta de fusão com TIM

O sonho de consolidar o mercado brasileiro de telefonia está mais próximo da Oi, a despeito da delicada situação financeira da empresa. O Valor apurou que o BTG Pactual, contratado há mais de um ano para executar esse projeto em nome da operadora, tem mantido conversas frequentes com o fundo LetterOne, do bilionário russo Mikhail Fridman, e também com a Telecom Italia, para uma combinação com a TIM Brasil. Trata­se de um negócio que, em todas suas etapas, pode superar a cifra de R$ 50 bilhões e resultar na união de Oi e TIM Brasil.

O projeto, conforme antecipou ontem o Valor PRO, inclui a injeção de recursos novos na Oi, pela LetterOne. Com uma melhor situação financeira, a Oi fica posicionada para uma fusão com a TIM em condições mais equitativas.

Ainda não há uma proposta detalhada em torno da qual todos estejam trabalhando. Mas, segundo fontes ouvidas pelo Valor, os envolvidos têm mantido diálogos frequentes de forma que o projeto seja "amigável e interessante" a todas as partes. Tão logo haja uma proposta, o BTG Pactual deve levá­la ao conhecimento do conselho de administração da Oi ­ o que não ocorreu até o momento.
Consultada, a Oi informou que não vai comentar o assunto.

A etapa com a LetterOne está bastante avançada e uma proposta não vinculante ao BTG Pactual pode ser feita nas próximas semanas. A partir de então, seria aberto um prazo para estruturação da fusão com a TIM.

Sócio de referência em diversas empresas do setor, inclusive da italiana Wind, o fundo de Fridman não faz questão de ser controlador majoritário na tele resultante da soma de Oi e TIM. Quer, porém, ser um sócio relevante e com participação ativa na gestão.

A etapa mais sensível das conversas é, além da avaliação das operadoras para troca de ações, a acomodação política das partes.

A TIM já teria indicado que também não precisa ter mais de 50% da companhia final. Contudo, exige ter a mesma participação que o LetterOne.

A operação deve ficar condicionada à revisão do marco regulatório de telecomunicações e à definição do futuro das concessões do setor no Brasil.

A Oi está em posição delicada no mercado ­ tanto de capitais como de telecomunicações, após a frustração do projeto de combinação com a Portugal Telecom (PT).

A companhia encerrou junho com dívida líquida consolidada de R$ 34,6 bilhões ­ R$ 51 bilhões, em valor bruto. O peso desses compromissos não permite que a empresa invista em ritmo suficiente para expansão dos negócios.

No pregão de ontem, a Oi fechou avaliada na bolsa em R$ 2,95 bilhões. O indicador chamado "valor de empresa", que inclui a dívida, alcança R$ 42 bilhões. A avaliação atual é uma pequena fração do aumento de capital de R$ 14 bilhões, realizado em maio de 2014, para a combinação com a PT.

A comparação com os dados da TIM deixa evidente a necessidade do fortalecimento da posição da Oi, para uma fusão. A TIM Brasil terminou a terça­feira valendo R$ 19 bilhões ­ R$ 22 bilhões, de "valor de empresa".

A despeito da importância de dinheiro novo na Oi, é a soma da TIM Brasil que pode trazer o alívio efetivo nas contas. Juntas, as companhias teriam uma dívida líquida de R$ 37,5 bilhões, inferior a 3 vezes o Ebitda somado dos negócios, em torno de R$ 13 bilhões.

A receita líquida somada das empresas ficaria aproximadamente em R$ 45 bilhões. A TIM tem perto de 75 milhões de clientes e a Oi, 73 milhões do que chama de unidade geradora de receita ­ entre clientes de telefonia fixa, móvel, TV por assinatura e internet.

Mas essa combinação não seria uma soma simples e completa, pois são esperadas exigências de venda de áreas sobrepostas.

As sinergias de uma combinação entre Oi e TIM ultrapassam R$ 20 bilhões, segundo estimativas iniciais ­ sem considerar os efeitos da redução da competição.

Com esse projeto, morre o plano inicial para consolidação da TIM, que envolvia a aquisição conjunta e o fatiamento da empresa entre Oi, Claro e Telefônica Vivo.

O BTG Pactual foi contratado pela Oi em agosto de 2014 para encontrar caminhos para a consolidação. O tema, porém, parecia parado há vários meses. Na última sexta­feira de setembro (25), ganhou novo ímpeto. A primeira medida do novo conselho de administração da Oi foi voltar a dar prioridade ao objetivo de consolidação do setor.

A Oi formaliza em breve a pulverização do controle no mercado. Com isso, qualquer passo deste porte depende de aprovação em assembleia de acionistas, sem que exista um sócio majoritário.  Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 07/10/2015

07 outubro 2015



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