05 outubro 2015

Com 20 GW em projetos eólicos, Casa dos Ventos vê consolidação no setor

A investidora em energia eólica Casa dos Ventos, que desenvolve atualmente um portfólio de 20 gigawatts em projetos, vê um momento de consolidação nesse setor, no qual grandes elétricas e fundos de investimento poderão aproveitar leilões menos disputados que no passado e ainda buscar aquisições, afirmou um executivo à Reuters.

O diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, disse que o atual cenário do país, com financiamento mais caro e escasso, favorece as maiores empresas, que vêm sendo procuradas por companhias em dificuldades financeiras, com interesse de se desfazer de ativos.

A maior parte desses negócios potenciais envolve projetos de empresas menores, que enfrentam hoje algum tipo de atraso para entrar em operação.

"As pessoas que lá atrás foram mais arrojadas estão tendo um pouco de dificuldade... a gente vê que existem várias empresas querendo vender projetos. É um momento para quem estiver capitalizado investir, seja nesses projetos, seja participando em leilões", apontou Araripe.

Depois do primeiro leilão dedicado à energia eólica no Brasil, em 2009, o setor tornou-se um dos favoritos dos investidores, com licitações disputadíssimas e preços cada vez menores, até uma estabilização em 2013.

Em 2014 e 2015, os custos maiores começaram a levar os preços do leilão para uma ascendente, com as empresas ainda queixando-se da necessidade de ajustes.

No momento, de acordo com Araripe, há uma forte expectativa entre as empresas quanto ao preço teto dos próximos leilões, que deverá dar o tom para a estratégia dos investidores.

O setor pleiteia que o governo federal promova uma revisão do teto para contemplar a elevação dos custos financeiros e de equipamentos, devido à desvalorização do real.

No último certame, em agosto deste ano, o preço teto foi definido em 184 reais por megawatt-hora, um patamar que segundo Araripe não atrairia os investidores neste momento.

"Uma coisa importante é que a gente consiga ter uma sensibilidade (do governo federal) quanto ao preço para o setor continuar atrativo... houve muitas mudanças desde o último leilão. É muito difícil alguém participar com esse nível de preços", disse Araripe.

PROJETOS PRÓPRIOS E PARA TERCEIROS

De acordo com Araripe, a Casa dos Ventos possui 5 gigawatts em projetos eólicos já concluídos e com contratos de venda de energia, dos quais cerca de 1,1 gigawatt estão sendo construídos pela própria companhia.

O restante foi negociado com outras empresas, entre as quais grandes elétricas, como CPFL, Energisa e subsidiárias da Eletrobras.

Além disso, a Casa dos Ventos tem sido bastante sondada por fundos de investimento interessados em parcerias ou compras de projetos.

"Alguns fundos levantaram capital e estão procurando boas plataformas para investir, e energia renovável tem sido um setor de destaque", disse Araripe.

Além dos 5 gigawatts iniciais, a Casa dos Ventos desenvolve atualmente mais 15 gigawatts em projetos eólicos, dos quais 5 gigawatts já estão em condições de participar de leilões, enquanto o restante tem detalhes a serem acertados, como a negociação de terrenos e licenças.

Para isso, a Casa dos Ventos conta hoje com cerca de 420 torres de medição de ventos espalhadas praticamente por todo o Nordeste.

Ao final, no entanto, a companhia prevê ficar com apenas uma parcela desses empreendimentos, negociando os demais, até como forma de gerar caixa para os investimentos nas usinas próprias.

"A gente imagina que no final do dia teremos entre 3 gigawatts e 4 gigawatts", afirmou Araripe.

No momento, segundo o executivo, a Casa dos Ventos negocia projetos com duas grandes empresas do setor, que aguardam a divulgação dos preços para os próximos leilões para fechar negócio.

"No fundo, vamos reciclar alguns ativos, vender para investir em outros... nosso objetivo é ter um braço relevante de geração, e aí vai depender de como o setor vai crescer, de como vamos gerar liquidez com esses projetos."

Segundo Araripe, a venda de mais projetos viabilizará o aporte da Casa dos Ventos em mais um complexo próprio, ainda neste ano ou em 2016. Por Luciano Costa (Reuters) - Leia mais em Bol.Uol 05/10/2015


05 outubro 2015



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