Não há melhor momento do que agora para o Boneco Michelin expandir seu território.
A Michelin Cie., a fabricante de pneus de 16 bilhões de euros (US$ 18 bilhões), tem o menor nível de endividamento em pelo menos 15 anos, e sua razão de alavancagem beira seu menor valor em uma década, segundo dados compilados pela Bloomberg. Isto posiciona a fabricante francesa para realizar aquisições.
O CEO Jean-Dominique Senard disse que ele estaria aberto à possibilidade, particularmente na Ásia. Produtores de pneus de menor qualidade seriam alvos lógicos, segundo o Société Générale.
"A margem para fazer uma aquisição é bastante boa", disse Alexis Albert, analista do MainFirst Bank AG em Paris, em entrevista por telefone. "Todos estão olhando para a Ásia".
Projeta-se que a Michelin informe a segunda queda anual consecutiva da sua receita porque um fluxo de entrada de produtos chineses mais baratos nos EUA e a preferência dos europeus em apertos financeiros por opções econômicas corroeram as vendas. Comprar uma marca capaz de concorrer com preços menores ajudaria a empresa a capturar uma maior participação de mercado sem sacrificar sua imagem premium, disse Kevin Tynan da Bloomberg Intelligence.
A JK Tyre Industries Ltd., uma empresa indiana de US$ 445 milhões, é um alvo possível que se encaixaria nos planos, segundo a Edelweiss Broking Ltd. Outra opção é a PT Gajah Tunggal, a maior fabricante de pneus da Indonésia, empresa na qual a Michelin já tem uma participação, disse a PT Danareksa Sekuritas.
Representantes da Michelin, com sede em Clermont-Ferrand, França, não deram retorno a pedidos de comentários.
Menos dívidas
A Michelin tinha cerca de 2,2 bilhões de euros em dívidas no final de junho, mês mais recente com dados disponíveis, frente a mais de 4 bilhões de euros no fim de 2010. A razão entre dívida líquida e lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização da empresa é de cerca de 0,4 vezes - muito abaixo da média do setor, de 1,1 vezes.
A empresa tem tido problemas nos EUA porque concessionários e distribuidores compraram muitos pneus chineses mais baratos para adiantar-se às taxas antecipadas, disse Tynan da Bloomberg Intelligence. O Departamento de Comércio fixou taxas preliminares no mês passado para pneus chineses que segundo o Departamento tinham sido vendidos a preços injustamente baratos no mercado dos EUA.
A situação deixou as fabricantes de pneus premium como a Michelin com um dilema - começar a vender bens mais baratos para recuperar participação no mercado ou manter-se firme com os preços e correr o risco de ceder volume? As taxas deveriam ajudar a equilibrar o mercado, mas ainda existirá demanda por opções de custo menor nos EUA e na Europa. Uma aquisição poderia ajudar, disse Tynan.
Candidatos
A JK Tyre tem a maior participação no mercado de pneus para veículos comerciais na Índia, onde a demanda está crescendo rapidamente, disse Debashish Mazumdar, analista da Edelweiss Broking, em entrevista por telefone. Os fabricantes indianos de pneus produzem marcas de nível básico, em parte por gastarem menos em pesquisa e desenvolvimento do que suas contrapartes europeias, disse ele.
Outra opção para a Michelin é adquirir a Gajah Tunggal, ou pelo menos aumentar sua participação na empresa indonésia, disse Joko Sogie, analista da Danareksa Sekuritas em Jacarta, em entrevista por telefone. A Michelin atualmente tem 10 por cento da Gajah Tunggal, cujo valor de mercado em Jacarta é de cerca de US$ 400 milhões.
Fazer uma aquisição para penetrar no mercado de pneus de menor qualidade talvez não dê certo para a Michelin, disse Edoardo Spina, analista do Exane BNP Paribas. Pneus mais baratos não oferecem as mesmas margens e retornos que sua marca homônima, e ainda depois que as taxas dos EUA tenham efeito, a empresa poderia achar difícil concorrer com fabricantes chinesas de pneus com menores custos de produção e mão de obra, disse ele
Mesmo assim, a pressa por conseguir opções mais baratas nos EUA e na Europa mostra "que um pneu médio é uma commodity, portanto o preço determina quem irá vender", disse Spina. "Imagino que seja 'se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele'. Essa seria a lógica" para uma aquisição. Bloomberg Brooke Sutherland e Angus Whitley Leia mais em Uol 02/02/2015
02 fevereiro 2015
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segunda-feira, fevereiro 02, 2015
Automobilístico, Compra de empresa, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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