11 junho 2019

Klein negocia 'pool' com Apollo e Starboard para ter Via Varejo

O empresário Michael Klein e representantes da Starboard Partners e Apollo Global Management estiveram reunidos na sexta-feira passada para tentar avançar numa oferta pela Via Varejo, informou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.

Apollo e Starboard também já tiveram reuniões na semana passada com a XP Asset Management, segundo uma fonte a par das negociações. Apesar da aproximação, as conversas ainda são preliminares e a intenção é que Klein se una a fundos locais e estrangeiros para formar um "pool" de investidores para adquirir, em bolsa, a fatia de 36% do Grupo Pão de Açúcar na Via Varejo. Hoje, essa posição vale R$ 2,37 bilhões.

No domingo, o Valor PRO informou que a XP Asset Management chegaria a uma exposição máxima de 5% na Via Varejo - a posição atual está em torno de 2%. A XP Asset pode participar desse grupo de investidores se o gestor tomar essa decisão de investimento.

Em nota, Klein confirma a existência de negociações em andamento, sem informar as empresas envolvidas. "O empresário Michael Klein contratou os serviços de assessoria financeira da XP para avaliar a aquisição em bolsa de valores de ações de emissão da Via Varejo e está em busca de investidores para a realização do negócio", informou ontem.

Procurada, a XP Asset Management diz que não participou de reunião com Apollo e Starboard e que "qualquer compra ou venda de posição da Via Varejo será realizada a mercado, via B3, conforme decisão independente dos gestores responsáveis, de acordo com a tese de investimento dos fundos."

Segundo conversas realizadas nas últimas semanas, os investidores consideram fechar uma compra com desconto pela fatia do GPA, por meio de um "block trade" (leilão em bolsa de grandes lotes). Para isso, seria necessário haver um entendimento com o GPA, que já abriu negociações para se desfazer da Via Varejo.

Um eventual desconto é avaliado ao se considerar a situação operacional difícil da Via Varejo hoje, diz uma fonte. Há um entendimento que a valorização do papel no acumulado deste ano, de 15%, não reflete uma melhora no desempenho da companhia, mas rumores sobre supostos interessados na Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio.

Até o momento, há só o interesse de Klein, com fundos parceiros, nessa transação. Ontem, a ação fechou em R$ 5,06, alta de 1,20%.

A empresa teve, no quarto trimestre de 2018 e no primeiro trimestre de 2019, resultados fracos, segundo analistas, e o segundo trimestre deste ano está se mostrando mais difícil do que o projetado com endas mornas e redução ainda gradual dos estoques, diz uma fonte.

"Soubemos que em maio houve crescimento nas vendas porque a base de comparação é fraca, considerando que tivemos a greve dos caminhoneiros em maio de 2018. Não há sinal claro de que a atual gestão da empresa já colhe frutos de um 'turnaround'", diz uma pessoa a par das negociações.
Klein, Apollo e XP têm em mente esse cenário para definir as condições finais de preço. Com cadeira no conselho de administração, Klein acompanha mensalmente o desempenho da Via Varejo.

A gestora americana Apollo é sócia da Starboard, empresa com foco em reestruturações, e controladora da Máquina de Vendas, varejista dona da Ricardo Eletro.

O Valor apurou também que esse grupo de investidores entende que não será preciso fazer uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) com "tag along" - alienação do controle, com extensão das condições aos acionistas minoritários. O GPA é o maior acionista da Via Varejo, com 36,2% das ONs, e tem a maioria dos votos em conselho. Klein tem 25,5% das ONs.

Advogados contratados por Klein e pelos fundos entendem que haveria uma pulverização da participação do GPA a diversos investidores, não configurando uma troca de controle da Via Varejo. Portanto, não seria preciso estender aos demais acionistas a alienação em igualdade de direitos. Jornalista: Adriana Mattos e Maria Luíza Filgueiras Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 11/06/2019

11 junho 2019



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