16 novembro 2020

EB Fibra avalia aquisição de mais nove empresas

Demanda crescente por banda larga estimula consolidação e novos investimentos 

Melzer, da EB Capital, fala do investidor pessoa física: “Rapidamente fomos ao limite máximo de R$ 800 milhões” 

O negócio de acesso à internet em banda larga está mudando de perfil. Investidores, que buscam remuneração mais alta da oferecida pelos juros de aplicações financeiras, apostam no setor, de olho na demanda crescente por esse tipo de serviço. 

Do lado dos provedores, movimento é de reestruturação, seja isoladamente ou se aglutinando para exibir robustez e atrair recursos.. leia mais em valoreconomico 16/11/2020

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EB Fibra avalia aquisição de mais nove empresas

 O negócio de acesso à internet em banda larga está mudando de perfil. Investidores, que buscam remuneração mais alta da oferecida pelos juros de aplicações financeiras, apostam no setor, de olho na demanda crescente por esse tipo de serviço. Do lado dos provedores, o movimento é de reestruturação, seja isoladamente ou se aglutinando para exibir robustez e atrair recursos. 

 Foi analisando esse cenário em 2016, e vendo espaço para consolidação de empresas em cidades pequenas e médias, que a gestora de private equity EB Capital decidiu entrar no negócio de fibra óptica. Em 2018, depois de avaliar algumas empresas, optou por investir na Sumicity, companhia de fibra óptica da cidade fluminense Sumidouro. Desde então, já identificou mais de 40 companhias, das quais nove estão em negociação. 

Meta é ter 2 milhões de assinantes até 2025 - para isso, a EB Capital montou um fundo de investimento de R$ 2 bi

 Desde que foi comprada, a Sumicity triplicou de tamanho, de novembro de 2019 até o fim de 2020, passando de 90 mil assinantes para 280 mil, diz Eduardo Sirotsky Melzer, fundador e diretor-presidente da EB Capital. A receita também triplicou em 22 meses, acrescenta ele, sem revelar valores. O número de domicílios cobertos por fibra (“homes passed”, no jargão em inglês), saltou de 300 mil para 1 milhão. 

 Em 2019, a gestora começou a montar um projeto maior, de consolidação de provedores de fibra. Mapeou as regiões e escolheu os primeiros alvos para comprar. O plano prevê empresas agrupadas em clusters com autonomia de gestão, mas sob o mesmo guarda-chuva - a holding EB Fibra, comandada por Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras e sócio da gestora, conforme antecipou o Valor em agosto deste ano. 

 A meta dos gestores da EB Fibra é alcançar 2 milhões de assinantes até 2025, com crescimento por meio de aquisições e de receita. Assim, a EB Capital montou um fundo de R$ 2 bilhões. Além de destinar mais de 50% do espaço do fundo aos investidores institucionais, a gestora tinha uma oferta de R$ 400 milhões para o varejo, com possibilidade de dobrar o valor. “Rapidamente atingimos o limite da oferta e fomos ao limite máximo, de R$ 800 milhões”, diz Melzer, acrescentando que a demanda era muito maior. 

 Na opinião de Melzer, devido ao contexto macroeconômico, de taxa de juros baixa, o investidor pessoa física com o tempo deverá migrar para a economia real como estratégia de investimento. Então, diz, é preciso dar esse tipo de oportunidade a ele. 

 Mas a pulverização dá trabalho. Enquanto o private equity é fácil de divulgar - quatro reuniões em média, com cerca de 100 potenciais investidores institucionais -, no varejo é preciso haver um processo de educação, diz Luciana Ribeiro, sócia da EB Capital e presidente do conselho da Sumicity. Os investidores pessoa física são profissionais liberais, entre outros, que têm uma reserva financeira, mas que não tinham acesso a esse mercado. A XP, que fez a captação, resolveu o problema. 

 Melzer conta que foram realizadas 50 apresentações por semana, durante cinco semanas. Em algumas reuniões havia 300 pessoas. Ao fim dos trabalhos, a proposta tinha sido levada a mais de 35 mil pessoas. Dessas, 5,5 mil fizeram o investimento. 

 O fundo foi constituído em 2018 e segue até 2028, mas Luciana disse acreditar que deve atingir o tamanho projetado e outras metas até 2025. Portanto, sua execução pode ser de quatro a cinco anos, e não os oito anos previstos. Como o único ativo desse fundo é o negócio de fibra, ao completar o seu ciclo, a gestora, que tem ainda Fernando Iunes, ex-Itaú BBA, como sócio, venderá o negócio para remunerar os investidores. De 2018 a 2020, sua valorização foi superior a 60% ao ano, segundo Melzer. 

 Em setembro, o grupo comprou de quatro jovens irmãos a Mob Telecom, com sede em Fortaleza (CE) e cobertura em oito Estados. Melzer diz que a Sumicity fará a consolidação no Sudeste, e a Mob no Norte e Nordeste. Coube a Luciana replicar na Mob o modelo que deu certo na empresa fluminense. 

 Nas duas aquisições, a EB Capital manteve os respectivos empreendedores como sócios minoritários. “A mágica [do sucesso do negócio] são os empreendedores”, que fazem o Brasil ser diferente”, diz Melzer. 

 De acordo com Luciana, ter a posse da infraestrutura é outro diferencial. Juntas, Sumicity e Mob somam quase 50 mil quilômetros de fibra instalada. A rede está no Norte e no Nordeste e chega até São Paulo. A Sumicity passou de 25 para 50 cidades cobertas em dois anos e ultrapassou a fronteira do Rio de Janeiro para Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Como grupo, o alcance é de quase 400 cidades com fibra. 

 Os gestores planejam voltar ao mercado para captar recursos a partir do ano que vem. Melzer diz que já tem vários projetos voltados para infraestrutura de outros setores da economia. 

 Do mercado de 35 milhões de acessos em banda larga no Brasil, cerca de 15 milhões são por fibra. Os cerca de 15 mil pequenos provedores somados detêm a maior participação no setor, que passa de 62%, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isoladamente, a Telefônica lidera, com 21%, seguida de Oi (13,9%) e Claro (2,9%). 

 Para João Moura, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), a captação que a EB Capital fez no varejo mostra não só o efeito do juro baixo no Brasil, mas também a pujança de capacidade de distribuição de papéis que não são fáceis nessas novas plataformas de investimento. “É um sinal positivo do apetite dos investidores, da capacidade das plataformas de investimento para captar tanto dinheiro e também que o mercado já tem um grau de amadurecimento”, diz. Valor Econômico - Leia mais em abinee.16/11/2020


 






16 novembro 2020



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