26 março 2018

Educacionais lucram com cortes e reajuste

Os lucros e receitas somados dos quatro grupos educacionais de capital aberto (Ânima, Estácio, Kroton e Ser Educacional) cresceram em 2017 após as empresas ampliarem mensalidades (na contramão do mercado) e realizarem cortes de gastos. O movimento deve se intensificar em 2018.
O resultado foi impactado negativamente pelos números da Ser Educacional, apresentados na sexta-feira (23): o grupo pernambucano teve baixa de 14,3% no lucro de 2017, gerando baixa de 21,2% nas ações e influenciando papéis de concorrentes.

As cifras, contudo, não impediram alta no consolidado das quatro educacionais. Juntas, elas somaram lucro líquido de R$ 2, 55 bilhões ( 4,25%), lucro ajustado de R$ 3,16 bilhões ( 16,5%) e faturamento de R$ 11,21 bilhões ( 6,8%) em 2017.

A performance foi obtida apesar da leve queda de 1% na base (que reuniu 1,635 milhão de alunos, sendo 1,51 milhão em cursos de graduação), compensada pelo aumento de mensalidades.

Na Kroton, o tíquete médio presencial (R$ 875,9) cresceu 8%. Na Estácio, houve aumento no presencial e no ensino à distância (10,6% e 5,9%, na ordem), para R$ 742,3 e R$ 224,7.

Altas nas mensalidades presenciais médias também ocorreram na Anima (5,3%, para R$ 860) e na Ser (2,6%, chegando em R$ 716,8); neste último caso, o reajuste não superou a inflação de 2017.
Só o EaD da Kroton registrou baixa (-2,3%, para R$ 267,5).

A tendência vai na contramão do setor, de acordo com a Hoper Educação. “No mercado como um todo, o tíquete caiu tanto no presencial quanto no EaD”, diz o CEO da consultoria, William Klein.
De acordo com a Hoper, o tíquete presencial fechou 2017 em R$ 802 frente R$ 827 em 2016 (-3%). No EaD, o preço caiu para R$ 287,2 ante R$ 317,3 (-9,4%).

Para Klein, grandes grupos devem “qualificar o EaD” para capturar “o melhor tíquete p o s s í ve l” na modalidade. A aposta em modelos híbridos também crescerá.

Segundo a Estácio, disciplinas à distância custam 25% menos que no modelo tradicional. Tal movimento colaborou com menores custos na companhia: eles diminuíram 1,8% em 2017, mas 7,2% em valores ajustados presentes em balanço.

O fechamento de oito unidades e o aumento das disciplinas com alunos de diferentes cursos também influíram na queda, assim como a “otimização da gestão do custo docente” – que catapultou a Estácio para o centro da polêmica gerada pelo desligamento de professores por diferentes grupos ano passado.

Na Kroton, os custos também recuaram (-5,9%). Já na Ânima o indicador subiu 4,5%, assim como na Ser ( 8,9). Neste caso, a promessa do CEO Jânyo Diniz foi de um “plano de redução de custos em 2018 para compatibilizar a empresa à nova estrutura de receitas.” Da Hoper Educação, Klein afirmou que as mudanças na metodologia de ensino e na estrutura acadêmica “podem, sim, vir acompanhadas de uma melhoria no ensino.” O especialista, contudo, avisou que “caso o Enade [Exame Nacional de Desempenho de Estudantes] revele um impacto [negativo] na qualidade do ensino, a sociedade vai cobrar.” Perspec tiva Dos 8 milhões de alunos na graduação brasileira, cerca de 6 milhões estão em instituições particulares e um quarto destes, nas companhias de capital aberto. Para Klein, tais empresas têm boas perspectivas de futuro – sobretudo as que investem em tecnologias como inteligência analítica – se considerada a baixa abrangência do ensino público, ainda que a casa dos 8 milhões de alunos não deva mais ser ultrapassada.

“A tendência são 7,5 milhões em até cinco anos.” No presencial, uma mudança de perspectiva só viria em caso de mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), mais restritivo desde 2015 e “e s c a n t e a d o” pelos grandes grupos em prol de modelos alternativos.

Um exemplo do movimento vem da Ser, onde menos de 200 alunos foram captados via Fies neste início de ano, frente 5 mil em 2017. Na empresa, alunos Fies ainda são 41,5% da base; no presencial da Kroton e da Estácio eles somam 38,6% e 29,3%, na ordem; já na Ânima (que é dona de marcas como a São Judas Tadeu), 27,6% da base usa o programa.

No EaD, a perspectiva é de aumento de ingressos. A Kroton é líder disparada na categoria, com 493 mil matrículas (mais que as 383 mil presenciais), mas o cenário concorrencial foi afetado desde a aprovação de novo marco regulatório para o segmento, que facilitou a abertura de polos.

Segundo a Hoper, a rede privada ofertou 2.774 cursos EaD ano passado, em alta de 127% frente os 1.222 em 2016. A Kroton conta com 1,1 mil polos credenciados. A Estácio encerrou 2017 com 394; na Ser Educacional, 119 polos estavam captando ao fim de 2017.

A Ser Educacional também está de olho em novos ativos – como a Unigranrio, conforme admitido pela empresa. “O tema vai continuar quente. Teremos um bom número de aquisições de pequenas, e a Estácio e a Kroton estão buscando ativo s”, analisa Klein.

No caso do maior grupo educacional do País, a ofensiva também mira 26 colégios de educação básica: a Kroton está em fase final para a compra de dois, com outros seis em negociações avançadas. - DCI Leia mais em portal.newsnet 26/03/2018




26 março 2018



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