11 novembro 2016

Retomada econômica ainda vai demorar

A recuperação da economia brasileira será mais lenta do que o previsto, na avaliação de economistas que participaram, ontem, da 50ª Convenção Nacional da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, prevê um recuo de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, acima dos 3,31% estrimados pelo mercado, e crescimento de 0,5% em 2017 — abaixo da projeção de 1,2% feita pelos analistas consultados pelo Banco Central (BC).

Com menos demanda e renda, e desemprego elevado, disse Kawall, o comércio demandará menos da indústria, que reduzirá gastos com serviços. “Há uma desalavancagem forte entre as empresas, que precisam se adequar ao longo do tempo. E isso torna a recuperação dos investimentos mais lenta e morosa”, avaliou.

Para Kawall, o desemprego continuará subindo, passando de 11,8% no terceiro trimestre deste ano para 13% em 2017, o dobro do observado em 2014. De acordo com o economista, a legislação trabalhista explica parte do problema. “Ela é custosa e funciona muito mal na crise. Como têm pouquíssima flexibilidade para reduzir salários e jornada de trabalho, as empresas se tornam máquinas de produzir desemprego”, avaliou.

O diretor sênior e gerente Analítico de Ratings Corporativos da Standard & Poors (S&P) na América Latina, Luciano Gremore, afirmou que “há uma melhora da confiança empresarial e um aumento da produção industrial, mas ainda é cedo para considerar uma retomada”.

Segundo Gremore, houve progressos no deficit em conta corrente e na inflação, que consolidam o poder do presidente Michel Temer para aprovar medidas de redução do deficit fiscal, como a reforma da Previdência. No entanto, ainda há riscos. “As investigações da Operação Lava-Jato podem corroer a estabilidade política, especialmente se novas descobertas afetarem políticos do PMDB”, disse.

O diretor da S&P afirmou que não é possível dizer quando a economia brasileira poderá recuperar o grau de investimento, mas deixou claro que isso não deve ocorrer tão cedo. “Nas experiências históricas de outros países, não temos traços de volta do rating em tempo menor do que sete ou oito anos”, comentou.Correio Braziliense - Leia mais em clipping.abinee 11/11/2016

11 novembro 2016



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