14 junho 2016

Damodaran: 4 dicas para avaliar companhias

Mesmo para analistas de investimentos profissionais, a avaliação financeira das empresas figura como constante desafio. Afinal, como avaliar exatamente o valor de uma marca, por exemplo? Ou como calcular uma importante perspectiva de perda com um evento que nem aconteceu?

Também chamada de “valuation”, esse exercício de transformar faturamento em histórias sobre as companhias é a especialidade do professor da Escola de Negócios Stern da Universidade de Nova York Aswath Damodaran. O indiano garante que um bom começo de análise está na simplicidade, ou seja, “não complique quando você não precisa, não se prenda aos detalhes”, recomendou durante seminário da HSM Educação Executiva que termina hoje em São Paulo.

Apesar de ser um apaixonado por números, Damodaran explica que uma boa avaliação implica não apenas numa análise criteriosa das finanças de uma empresa, mas no modo como essa história é contada, sem esquecer da disciplina contábil. Sua estimativa é possível, plausível, provável? São questões fundamentais da análise, diz um dos mais respeitados especialistas em avaliação de empresas do mercado.

O professor detalha que é importante que o analista seja sincero com ele mesmo, seu trabalho é uma “valuation”, ou seja, uma análise corporativa profunda, ou apenas uma precificação de determinado ativo? Pois de acordo com o especialista, são coisas diferentes. No primeiro caso, realiza-se uma avaliação mais profunda, enquanto no outro, consideram-se alguns múltiplos para chegar a determinado valor de mercado de uma companhia num momento específico.

Acompanhe abaixo quatro dicas de Damodaran para uma análise corporativa sólida:

1) Rendimento de investimentos
A primeira pergunta básica em “valuation” apontada pelo professor tem relação com os fluxos de caixa das empresas resultantes dos seus investimentos passados. “Não pense como um contador, dê um passo atrás”, afirma.
Como a companhia investe?
Com quais objetivos?
Ela mira reinvestimentos?
E caso sejam realizados, esses reinvestimentos serão positivos ou negativos?
Segundo Damodaran, 55% das empresas globais que ele acompanha ganham menos que seu custo de capital, o que significa que 21.711 empresas no mundo estão destruindo seu valor por conta do crescimento, segundo dados de 2014. Ou seja, pagam mais por seus financiamentos do que ganham em toda sua operação produtiva.

2) Planos futuros
Bastante ligado ao primeiro tópico, o segundo passo propõe uma reflexão sobre qual o valor que a empresa analisada espera no futuro?
Qual o crescimento?
Qual será o lado negativo do desenvolvimento?
A companhia conseguirá manter esse avanço ou isso pesará sobre as contas?
“Em alguns momentos, a opção mais racional para determinadas empresas é de interromper seu ciclo de crescimento, mas isso nunca ocorre”, completa.

3) O fôlego do fluxo de caixa
No meio do caminho para alcançar seus objetivos, quais os riscos que poderão atingir o fluxo de caixa de determinada empresa?
Eles são garantidos? Por quê?
Ele chama atenção para o setor de tecnologia, por exemplo, que opera em constante mudança em cenários cada vez mais desafiadores.

4) “Gente grande”
Finalmente, é importante estimar, quando a companhia em questão se tornará madura, considerando assim aquela empresa que cresce como ou mais do que a própria economia.
A partir disso, a empresa está reinvestindo o suficiente apesar de ser madura?
A taxa de crescimento proposta é sustentável?
De acordo com ele, uma entre cada 13 empresas no mundo já estão maduras, o que permite a realização de uma modelagem completa a partir de seus fluxos de caixa, sua receita operacional e de quanto deverá ser reinvestido para manter um prêmio de risco considerável. Ele lembra ainda que as taxas de riscos dos investimentos, até mesmo as gratuitas, embutem riscos. “Não existe entidade livre de inadimplência, então aceite o risco e tudo vai ficar bem”.   Mayara Baggio | Leia mais em Arena do Pavini 14/06/2016

14 junho 2016



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