14 junho 2016

Autopeças vê retomada consistente do mercado só na próxima década

A indústria de autopeças não enxerga uma retomada consistente do mercado até a próxima década. Enquanto isso, agentes da cadeia produtiva se articulam para sobreviver e evitar mais demissões e pedidos de recuperação judicial.

"Trabalhamos em uma pauta conjunta que possibilite o destravamento do setor, com foco principalmente nas questões trabalhista e tributária", disse o presidente da Delphi para América do Sul, Paulo Santos.

A gigante fechou três fábricas nos últimos dois anos no País e, hoje, possui sete unidades produtivas localmente. "Tivemos que redesenhar nosso negócio", explicou.

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Dan Ioschpe, as vendas de veículos só devem retornar ao patamar de 2013 - quando o mercado bateu recorde histórico - em meados de 2023 ou 2024. "Será um caminho lento até atingirmos esse patamar novamente", afirmou o dirigente nesta segunda-feira (13) durante Seminário Autodata.

Ele conta que a entidade já registrou 26 pedidos de recuperação judicial até o momento. "Este é um volume recorde para o período", destacou. Em 2015, foram 28 pedidos. "A tendência é que o número aumente até o final do ano."

Diante do quadro, Ioschpe afirma que o setor tem buscado medidas que elevem a competitividade das empresas, além de uma integração maior com as montadoras. "Precisamos de um adensamento na cadeia produtiva", ressaltou.

Ioschpe acrescentou ainda que o Inovar-Auto não foi pensado com foco na cadeia de autopeças, mas sim na expansão das vendas de veículos. "O regime automotivo foi formulado em outro momento, em que as importações estavam crescendo muito. O objetivo era maximizar as vendas internas e houve poucos benefícios para as autopeças", avalia.

Santos, da Delphi, corrobora com a tese. "O regime automotivo trouxe poucos estímulos para os fabricantes", pontuou.

Neste sentido, Ioschpe revela que o Sindipeças deve levar ao governo, juntamente com outros agentes da cadeia, como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), uma proposta de política industrial ao setor. "A pauta é basicamente elevar a competitividade das empresas e fomentar a inovação", revelou.

O presidente da Anfavea, Antonio Megale, admite que o Inovar-Auto não beneficiou amplamente toda a cadeia automotiva. "O regime não deu o impulso que se esperava para fabricantes de autopeças", ponderou Megale.

Ele comentou, entretanto, que as conversas do setor com o governo - que incluem o Sindipeças - começaram há cerca de duas semanas. "Vamos buscar uma política bastante robusta para os próximos anos. Estamos fazendo uma análise do que foi bem feito e o que não foi do Inovar-Auto".

Deterioração da cadeia

Com as vendas de veículos em queda expressiva, a situação das autopeças piorou de forma significativa.

Santos, da Delphi, afirma que a empresa trabalha de forma muito próxima dos fornecedores dos níveis 2 e 3 da cadeia para garantir a produção. "Temos auxiliado nossos fornecedores financeiramente e, em alguns casos, até internalizamos a produção", contou.

De acordo com projeções do Sindipeças, o emprego no setor deve recuar 4,4% neste ano, para aproximadamente 164 mil funcionários. "Se levarmos em conta a redução da jornada, esse número é ainda mais alarmante", destacou.

Executivos são unânimes ao afirmar que as exportações são a única saída no curto prazo. "A Delphi deve elevar em cerca de 30% as vendas para o mercado internacional neste ano", estimou Santos. - DCI Leia mais em portal.newsnet 14/06/2016
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14 junho 2016



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