O mercado brasileiro de fusões & aquisições emite claros sinais de desaceleração, com três meses seguidos de queda do volume e dois meses consecutivos de queda dos montantes das operações. Em setembro/15, foram registradas 55 transações, representando um investimento da ordem de R$ 5,8 bilhões. Envolvem direta ou indiretamente empresas brasileiras de 19 setores. Representa uma queda de 23,6% em relação ao número de operações do mês anterior e também uma queda de 60,2% dos montantes envolvidos.
No acumulado, o volume e o valor das negociações de fusões e aquisições anunciadas no período de jan a set de 2015, cresceram 15,5% e 22,6%, respectivamente, comparado com o mesmo período do ano passado.
Os setores de TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO (TI), OUTROS e ALIMENTOS, BEBIDAS E FUMO foram os mais ativos no mês de setembro
O maior apetite em maio ficou por conta dos investidores Estratégicos com 46 operações (83,6%). Sob a ótica do país de origem do investidor, os de origem Nacional predominaram com 65,5% das operações e 68,4% dos montantes investidos.
A maior transação no mês de setembro/15, foi a empresa de participações do BNDES, a BNDESPar, levantando cerca de R$ 1,5 bilhão com a venda de ações do grupo de alimentos JBS, do qual é um de seus principais acionistas. As vendas foram feitas pelo banco de forma pulverizada em Bolsa.
Quanto às Percepções de Mercado, merece destacar: (i) Brasil: de gigante emergente a gigante em desgraça. O último golpe: a decisão da Standard and Poor's de rebaixar a classificação de sua dívida soberana, retirando o selo de bom pagador do país e apontando um alto risco de calote. (ii) Queda do real assusta investidores e não consegue reviver fusões e aquisições no Brasil. Empresas estão levando mais tempo que o normal para executar o trabalho de "due-diligence" ou negociar aquisições no Brasil. (iii) Para especialista estrangeiro, rebaixamento é oportunidade. A perda do grau de investimento pelo Brasil acendeu uma luz na mesa do presidente da divisão da gestora americana Franklin Templeton, Mark Mobius. Não vermelha, mas verde. O rebaixamento do país pode criar oportunidades, principalmente se houver estabilidade no câmbio. (iv) Brasil sem etiqueta atrai caçador de recompensa. Saem de cena os gestores que compram empresas brasileiras pelo selo de boas pagadoras e entram, com lupas, os que buscam oportunidades. Para quem tem estômago. (v) Desvalorização de ativos nacionais atrai os investidores estrangeiros. Perda do grau de investimento pode aumentar as fusões e aquisições. Responsáveis por escancarar uma nova janela de oportunidades, juntos, os três fatores também ampliam o apetite dos investidores estrangeiros pelos ativos nacionais - já bastante desvalorizados nas cotações em dólar. (vi) Imposto maior sobre ganho de capital vai acelerar aquisições. O aumento do imposto sobre ganho de capital previsto para entrar em vigor a partir de janeiro de 2016 deverá elevar o número de fusões e aquisições no fim deste ano. Para evitar o pagamento de uma alíquota maior —que nos casos mais extremos poderá dobrar em relação à atual—, empresários tentarão encerrar os negócios até dezembro.
Operações de Fusões e Aquisições divulgadas com destaque pela imprensa brasileira no decorrer do mês de SETEMBRO de 2015.
ANÁLISE DO MÊS
Setores mais ativos - Os 5 setores mais ativos responderam por 58,2% do total das operações e 45,0% do valor total dos investimentos.
Evolução nos últimos 3 anos - Constata-se uma queda de 27,6% no comparativo do número de transações realizadas no mês de setembro de 2015, em relação ao mesmo mês de 2014.
Já em relação ao acumulado nos primeiros nove meses de 2015, apuradas 596 operações, registra-se um crescimento de 15,5% se confrontado com igual período de 2014, quando foram realizadas 516 operações.
Maiores apetites x maiores quedas. Em setembro/15, o segmento com maior apetite foi o de TI, com a realização de 14 transações representando 25,5% do total. No gráfico dos setores mais ativos nos primeiros nove meses de 2015, além de TI, destacam-se OUTROS; ALIMENTOS, BEBIDAS E FUMO e COMPANHIAS ENERGÉTICAS. Os 5 setores com maior números de aquisições, no acumulado do ano, representaram 54,9% das transações.
HOTÉIS E RESTAURANTES, PETRÓLEO E GÁS e MEIO AMBIENTE são os setores com maior queda do número de transações.
Acumulado - volume de transações dos últimos doze meses sinaliza desaceleração - O mês sinaliza uma queda de 2,5% do número de transações de M&A acumuladas nos últimos doze meses - setembro de 2015, com 813 operações, comparativamente com o mesmo período do mês anterior. É o primeiro mês no acumulado que capta a desaceleração do número de fusões em 2015.
No gráfico do acumulado dos 12 meses, pode-se inferir ciclos distintos de crescimento e queda do número de transações. Vale ressaltar que 2015, está sinalizando um ciclo de crescimento do número de transações, interrompido em setembro, considerando que o período é marcado sobretudo por expectativas negativas, por conta da inflação crescente, forte alta do dólar ( volatilidade do câmbio), limitação do crédito e aumento dos juros, redução dos investimentos e PIB em queda. O seja um ciclo em que o mercado está se contraindo. De um lado, a combinação ou fusão de negócios são saídas para enfrentar uma concorrência mais acirrada num mercado menor, com custos mais elevados, de outro, a venda de ativos contribuem para injetar recursos auxiliando no pagamento de dívidas.
Porte das transações: 60% das transações são do porte de até R$ 50 milhões - Das 55 transações apuradas, 33 são de porte até R$ 49,9 milhões - 60,0% do total e responderam por 7,2% do seu valor. Para este mesmo porte de operações, no acumulado do ano de 2015, registraram 347 transações representando 58,2% do total e 2,4% do valor.
Cerca de 6% das operações respondem por 70% dos montantes envolvidos - No topo da pirâmide foi apurada 1 transação em setembro, com porte acima de R$ 1,0 bilhão, representando 1,8% do número de operações e responderam por 26,1% do valor das transações. No acumulado, são 34 transações que correspondem a 5,7% e respondem por 70,3% do valor total das transações.
Maior crescimento de transações de grande porte - acima de R$ 1,0 bilhão. Os quadros abaixo mostram a evolução das transações por porte, nos primeiros nove meses nos últimos três anos.
Evolução do Nº de Transações em função do Porte da Operação até 49,9 R$ Milhões
Evolução em função do Porte da Operação [50-499,9] R$ Milhões
Evolução em função do Porte da Operação [500-999,9] R$ Milhões
Evolução Semestral Porte da Operação [> 999,9] R$ Milhões
Queda de 60,2% do montante em relação ao mês anterior. Quanto aos montantes dos negócios realizados em setembro de 2015, estima-se o total de R$ 5,8 bilhões, representando uma queda de 60,2%, em relação ao mês anterior - considerando Valores Divulgados ( 62,0%) e Não Divulgados (38,0%).
ALIMENTOS, BEBIDAS E FUMO foi o setor de maior expressão entre os investimentos realizados nos primeiros nove meses do ano, no cômputo total dos investimentos - com R$ 44,4 bilhões.
No gráfico dos setores TOP's, abaixo, estão relacionados por ordem de relevância os investimentos acumulados, por setor, realizados no ano e comparativo com o ano anterior.
Investidores estratégicos com maior apetite - O maior apetite em setembro ficou por conta dos investidores Estratégicos com 46 operações (83,6%), e responderam por 79,5% dos montantes investidos. No acumulado do ano, os estratégicos, com 460 operações responderam por 77,2% do total.
No quadro abaixo mostra a evolução do número de transações nos primeiros nove meses em termos investidores estratégico e financeiro, sendo que o maior crescimento no período ficou por conta dos Investidores Financeiros, com 24,8%.
Predomínio dos investidores Nacionais em volume e em valor - Sob a ótica do país de origem do investidor, os de origem Nacional predominaram com 65,5% das operações e 68,4% dos montantes investidos no mês de setembro. Os de origem Estrangeira responderam por 34,5% dos negócios e 31,6% dos valores envolvidos. No acumulado dos primeiros nove meses, os investidores de origem Nacional predominaram com 57,9% das operações e 57,7% dos investimentos realizados.
Maior transação do mês - A maior transação no mês desetembro/15, foi a empresa de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a BNDESPar, levantou cerca de R$ 1,5 bilhão com a venda de ações do grupo de alimentos JBS, do qual é um de seus principais acionistas. As vendas foram feitas pelo banco de forma pulverizada em Bolsa, entre março deste ano e o dia 18 de setembro. Foram vendidas cerca de 100 milhões de ações ordinárias, a um preço médio de R$ 15.
“PERCEPÇÕES” DO MERCADO - notícias que se destacaram:
Brasil: de gigante emergente a gigante em desgraça. O Brasil passou em apenas cinco anos de gigante emergente que maravilhou o mundo com seu crescimento espetacular a gigante em desgraça que acumula uma má notícia depois da outra. O último golpe: a decisão da Standard and Poor's de rebaixar a classificação de sua dívida soberana, retirando o selo de bom pagador do país e apontando um alto risco de calote. Segundo os analistas, o rebaixamento agravará a atual recessão econômica, acelerará ainda mais a inflação e o desempenho e encarecerá o custo da dívida.
Queda do real assusta investidores e não consegue reviver fusões e aquisições no Brasil. A acentuada desvalorização da moeda brasileira está dando um novo golpe na atividade de fusões e aquisições no país, que registra seu pior ano em uma década. Somente alguns meses atrás, negociadores em alguns dos maiores bancos de investimento do Brasil, como o Bradesco BBI e Goldman Sachs, acreditavam que uma queda gradual do real impulsionaria a atividade, com os custos de aquisição recuando em dólares para fundos de private equity e fundos soberanos com caixa abundante. Em vez disso, o real despencou abruptamente. Com a economia em recessão, a inflação a 9,5 por cento e o mergulho da confiança empresarial, o real perdeu 33 por cento de seu valor ante o dólar até o momento neste ano e, nesta semana, foi negociado em mínimas históricas, a cerca de 4,20 dólares. Como resultado, empresas de aquisições estão pisando em ovos e multinacionais estão levando mais tempo que o normal para executar o trabalho de "due-diligence" ou negociar aquisições no Brasil.
Crise retarda a retomada de aquisições no país, diz banco Goldman Sachs. Mesmo com a crise, bancos estrangeiros têm encontrado oportunidades no país, por meio de clientes interessados em diversificar investimentos no exterior, levantar recursos fora ou vender ativos. É o caso do Goldman Sachs. Fusões e aquisições que tiveram uma retomada global no ano passado, tem no entanto crescido a um ritmo mais lento no Brasil, em razão das incertezas no país. "As M&As estão voltando mais vagarosamente do que no mundo por causa da percepção de risco local, afirma Stephen Scherr, estrategista-chefe do Goldman Sachs nos Estados Unidos e responsável pela América Latina. "As pessoas, por definição, vão querer um retorno maior de seus investimentos do que em outros mercados. Mas deveremos ver mais empresas brasileiras como alvo", acrescenta Scherr.
Para especialista estrangeiro, rebaixamento é oportunidade. A perda do grau de investimento pelo Brasil acendeu uma luz na mesa do presidente da divisão de mercados emergentes da gestora americana Franklin Templeton, Mark Mobius. Não vermelha, mas verde. O país não ficou menos interessante para investir, afirmou. Ao contrário, o rebaixamento do país pode criar oportunidades, principalmente se houver estabilidade no câmbio.
Brasil sem etiqueta atrai caçador de recompensa. Saem de cena os gestores que compram empresas brasileiras pelo selo de boas pagadoras e entram, com lupas, os que buscam oportunidades. O rebaixamento das notas de crédito do Brasil e consequentemente de companhias locais chancelou o mau humor dos investidores globais com títulos e ações. A fuga pequena em um primeiro momento, tanto da bolsa quando do mercado de dívida, mostrou que grande parte das posições no país já tinha sido desmontada com base nas expectativas. Com a tacada final, gestores brasileiros de ações e crédito privado começam a enxergar no horizonte oportunidades de compra. Somente, entretanto, para quem tem estômago.
Desvalorização de ativos nacionais atrai os investidores estrangeiros. Perda do grau de investimento pode aumentar as fusões e aquisições. Desde o início do ano, as projeções para o mercado de Fusões e Aquisições são abastecidas pelo retorno de uma participação mais acentuada do capital estrangeiro nas transações. Com o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela Standard & Poor's (S&P), um novo panoramas se abre no horizonte. Neste sentido, o revés pode, inclusive, auxiliar na consolidação de um cenário já formado pelo câmbio favorável, a precificação em baixa e um pouco de desilusão dos empresários brasileiros. Responsáveis por escancarar uma nova janela de oportunidades, juntos, os três fatores também ampliam o apetite dos investidores estrangeiros pelos ativos nacionais - já bastante desvalorizados nas cotações em dólar.
Imposto maior sobre ganho de capital vai acelerar aquisições. O aumento do imposto sobre ganho de capital previsto para entrar em vigor a partir de janeiro de 2016 deverá elevar o número de fusões e aquisições no fim deste ano, segundo a consultoria PwC. Para evitar o pagamento de uma alíquota maior —que nos casos mais extremos poderá dobrar em relação à atual—, empresários tentarão encerrar os negócios até dezembro. O imposto mais alto atingirá contribuintes que obtiverem ganho de capital na venda de bens e direitos, como ações e participações societárias em empresas.
SUMÁRIO DOS DESTAQUES DO MÊS - FUSÕES E AQUISIÇÕES
A ordem da relação das transações de Fusões e Aquisições segue a data em que foram divulgadas pela imprensa e/ou postadas no blog fusoesaquisicoes.blogspot.com. e podem ser localizadas nos endereços abaixo.
DESTAQUES DA:
• SEMANA DE 28/set a 06/out/15
• SEMANA DE 21 a 27/set/15
• SEMANA DE 14 a 20/set/15
• SEMANA DE 07 a 13/set/15
• SEMANA DE 31/ag0 a 06/set/15
DESTAQUES DO MÊS ANTERIOR
• FUSÕES E AQUISIÇÕES: 72 TRANSAÇÕES REALIZADAS EM AGOSTO/2015
• TI - RADAR de Fusões e Aquisições, em agosto/2015
M&A - QUEM, O QUÊ, QUANDO, QUANTO, COMO e POR QUÊ
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