16 maio 2014

BTG já tem US$ 3 bi em ativos florestais

Negócios. Com 716 mil hectares, banco se tornou um dos cinco maiores investidores do mundo nesse setor

Sem alarde, o BTG Pactual se transformou em um dos cinco maiores gestores de ativos florestais do mundo. O banco, que ingressou nessa área com a aquisição de duas empresas no ano passado, já tem US$ 3 bilhões em Florestas de eucalipto e pinus.

Agora, está em processo de captação de um fundo de US$ 750 milhões para investir em Florestas comerciais no mercado brasileiro e em outros países. É o passo mais recente da estratégia do banco, que administra 716 mil hectares no Brasil, na África do Sul, no Leste Europeu e, principalmente, nos Estados Unidos. O BTG adquire Florestas de fabricantes de celulose, mineradoras e companhias do setor moveleiro, cultiva as árvores e vende a madeira às empresas.

Os negócios têm levado banqueiros do BTG a colocar as mãos na terra. Metade dos 50 funcionários que o banco tem nessa área ficam no Brasil. Cerca de 15 deles gerenciam o manejo das árvores no campo, longe do ar condicionado da sede do grupo na Avenida Faria Lima, em São Paulo.

"Encaramos como um investimento em renda fixa. Não estamos focados na valorização da terra, mas na venda das árvores ao consumidor", afirma Gerrity Lansing, responsável pela área de ativos florestais do banco. O executivo era sócio de uma das empresas adquiridas pelo BTG.

A unidade de ativos florestais pertence à divisão de "merchant banking" do BTG, que reúne investimentos com capital próprio e de clientes do private equity.

No fim de abril, foi concluída a primeira rodada de captações para o fundo, que atraiu US$ 315 milhões de investidores institucionais. Outros US$ 200 milhões serão aportados pelo próprio BTG e o restante será levantado até o quarto trimestre. Segundo Lansing, o banco mantém conversas com fundos de pensão brasileiros, entre outros investidores.

O fundo terá prazo de 15 anos - o dobro de um private equity típico - e a expectativa é que gere retorno nominal ao redor de 15% ao ano. É o primeiro fundo criado pelo BTG nessa modalidade. Até agora, o banco tinha apenas carteiras herdadas da TTG e da RTG, as duas empresas que comprou.

Com os recursos, o BTG ganhará fôlego para colocar em marcha os planos de expansão no mercado brasileiro. Embora a maior parte dos ativos do banco esteja hoje nos Estados Unidos, o Brasil tem características que o tornam prioridade. Entre elas, a abundância de terras cultiváveis e uma indústria papeleira forte. Outro atrativo é o Clima. Segundo Lansing, as árvores brasileiras crescem 3,5 vezes mais rápido que as americanas, o que também acelera o retorno.

A aposta do BTG é que companhias que usam produtos florestais tenham interesse em vender suas terras se tiverem acesso à matéria-prima, reduzindo o peso desses ativos no balanço. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos 30 anos atrás. "O Brasil tem enorme potencial e estamos no limiar dessa oportunidade", diz Lansing.

O executivo estima que empresas da América Latina - as brasileiras são esmagadora maioria - têm US$ 35 bilhões em ativos florestais. Nas contas de Lansing, metade desse volume tem potencial como investimento.

Por enquanto, apenas US$ 3 bilhões dos ativos da região estão nas mãos de investidores financeiros. O BTG representa pelo menos um terço desse montante, o que o torna o maior gestor independente da América Latina. O restante está dividido entre diversos fundos. Além do Brasil, o banco vê oportunidades no Chile e no Uruguai.

No mundo, há US$ 50 bilhões em ativos florestais sob gestão. Fundos de pensão, fundos de doações e bancos são os investidores habituais da modalidade, que oferece prazos longos e baixo risco. A maior parte do dinheiro está nos Estados Unidos, mas a expectativa é que o mercado brasileiro se torne relevante nos próximos anos.

Um entrave aos investimentos no Brasil é a decisão de governo, anunciada em 2010, que proíbe o registro de propriedades rurais por estrangeiros. O objetivo era barrar o avanço sobretudo de chineses sobre as terras agricultáveis, mas a medida atingiu também Florestas comerciais.

Desde então, algumas decisões judiciais interpretam que ativos florestais não estão sujeitos à proibição. Por ora, a indefinição representa um trunfo para o BTG, que tem controle nacional.

Dos cerca de 70 milhões de hectares em área cultivada no Brasil, as Florestas plantadas representam por volta de 10%. São elas que estão no foco do banco. Além de evitar questionamentos ambientais, a produção é uniforme, o que proporciona retornos melhores. Os ativos do BTG são certificados pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC, na sigla em inglês), que impõe padrões ambientais e sociais para áreas de cultivo. "Sem a certificação, não venderíamos para nenhuma grande empresa", diz Lansing.

Outra diretriz do BTG é investir em terras próximas às empresas que usam a madeira. "Não vamos plantar árvores e esperar que construam uma fábrica ali", afirma. "Não temos interesse na Floresta Amazônica nem no Pantanal." Por Talita Moreira Valor Economico Leia mais em cliptvnews 15/05/2015

16 maio 2014



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