02 julho 2013

Fusões e aquisições registram menor atividade em oito anos

O volume de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras encolheu no primeiro semestre ao menor nível dos últimos oito anos, em meio à fraca atividade econômica e à volatilidade do mercado de capitais, que dificultam acordos entre vendedores e compradores sobre os preços dos ativos.

 De janeiro a junho, o volume financeiro envolvido em compra e venda de participações de empresas do país somou 20,4 bilhões de dólares, menos da metade dos 45 bilhões de dólares registrados no mesmo período de 2012, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira pela Thomson Reuters.

 É o valor mais baixo desde que foram registrados 11,4 bilhões de dólares em acordos num primeiro semestre em oito anos. O número de transações também teve forte queda, passando de 453 para 279, nas comparações semestrais.

 O principal entrave para a conclusão de operações de compra e venda de empresas está na falta de acordo sobre os preços dos ativos, na visão dos diretores de grandes bancos.

 "Quando o mercado está mais difícil, o comprador ajusta o preço para baixo imediatamente, mas o vendedor leva mais tempo para aceitar valores menores", diz o diretor do Itaú BBA, banco de investimentos do Itaú Unibanco, Fernando Iunes. Esta assimetria tem prolongado as negociações, segundo ele.

 Este descasamento também foi citado como principal motivo para a retração do mercado pelo diretor do Bradesco BBI, Renato Ejnisman. "O comprador tende a colocar preços menos agressivos em momentos de incerteza", disse.

 Segundo disse recentemente à Reuters o presidente do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira, o cenário global se tornou um ruído que está levando potenciais compradores e possíveis alvos de aquisição a hesitarem.

 O banco suíço foi o primeiro colocado no ranking de fusões e aquisições da Thomson Reuters, com negócios fechados no valor de 8,09 bilhões. O Credit Suisse assessorou a Marfrig na venda da Seara, divisão de aves, suínos e alimentos processados, para a JBS, por 2,7 bilhões de dólares no mês passado.

O Itaú BBA foi o segundo colocado, com 5 bilhões de dólares em transações. Em número de operações, o Itaú BBA ficou em primeiro lugar, com 21 negócios, seguido pelo Credit, com 10. 

Segundo especialistas, o visível encolhimento do mercado pode ser temporário. Na visão de Iunes, do Itaú BBA, os dados do primeiro semestre são insuficientes para dizer que o mercado está parado. "É prematuro dizer que o ano será assim."

 Ele citou grandes negócios recentes, como a fusão entre Kroton e Anhanguera, a compra da Credicard pelo Itaú, da Wise Up pela Abril Educação, a aquisição de 70 por cento da Alphaville por Blackstone e Pátria, e da Seara pela JBS.

 Segundo ele, a tendência de consolidação em vários setores, com foco estratégico de 10 a 15 anos, sustenta expectativa positiva para os próximos meses.

 Alguns destes setores são o de saúde, educação, consumo, varejo e serviços financeiros, apontou. "A consolidação é mais uma regra do que uma exceção", disse.

 A atividade dos fundos de private equity no país é apontada pelos especialistas como um fator positivo para o mercado de fusões, pois esses investidor costumam atuar em momentos de baixa de mercado para aproveitar preços mais baratos dos ativos.

 "Os fundos de private equity estão olhando para isso com satisfação, por entenderem que o cenário atual pode gerar oportunidades de aquisição importantes", afirmou Ejnisman, do Bradesco BBI, banco de investimentos do Bradesco.

 Os investidores que atuam no país estão capitalizados, o que também deve dar fôlego a novos negócios nos próximos meses, na visão do diretor de fusões e aquisições do Bradesco BBI, Alessandro Farkuh. Segundo ele, entre os setores mais promissores estão infraestrutura e consumo.

 Apesar da queda na comparação anual, a atividade do setor teve um avanço de 150 por cento na comparação com o segundo semestre de 2012, quando a economia brasileira ficou estagnada.

 No ano passado, o valor da transações de fusões e aquisições caiu para a maior baixa dos últimos cinco anos.Por Natalia Gómez e Guillermo Parra-Bernal Reuters
Fonte: Uol 02/07/2013

02 julho 2013



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