Veja as razões apontadas pelo grupo francês para votar contra a união das redes varejistas, defendida por seu sócio Abilio Diniz
O Casino oficializou nesta terça-feira que rejeita a proposta de fusão do Pão de Açúcar e Carrefour Brasil. O Conselho de Administração do grupo votou, por unanimidade, contrário ao negócio. Em comunicado, o Casino justificou que a união das redes varejistas é “contrária aos interesses do Pão de Açúcar, de todos os seus acionistas e do Casino”.
O grupo francês, que é sócio de Abilio Diniz no Pão de Açúcar, informou que contratou estudos de cinco bancos e consultores financeiros - Santander, Goldman Sachs, Messier-Maris Associados, Rothschild e Roland Berger – para avaliar os efeitos da fusão. Diniz afirmou, em comunicado, que os estudos não refletem a realidade do varejo brasileiro.
O Casino emitiu um comunicado de quatro páginas para explicar detalhadamente por que entende que a fusão será prejudicial aos negócios do Pão de Açúcar. O Casino deve manter sua posição contrária ao negócio na reunião do conselho de administração da controladora do Pão de Açúcar, a Wilkes, no dia 2 de agosto.
Veja os principais pontos do comunicado do Casino:
1 – A fusão aumenta posição do grupo em hipermercados, um segmento que perde relevância
A negociação vai dobrar as vendas do grupo no setor de hipermercados, um segmento que está perdendo importância no varejo de alimentos. Segundo estudos da Roland Berger, as vendas nos hipermercados crescem cinco pontos percentuais abaixo do setor. A fusão com o Carrefour elevará a participação dos hipermercados de 47% para 51% das vendas no varejo de alimentos do grupo Pão de Açúcar.
2 – O negócio expande grupo para mercados desenvolvidos, com crescimento fraco
O Casino entende que uma eventual expansão internacional do grupo Pão de Açúcar deve ser focada em mercados emergentes e não desenvolvidos. O Carrefour concentra dois terços de suas vendas na Europa.
“A aquisição de participação no capital do Carrefour representa atualmente uma opção de investimento arriscada, tendo em vista as dúvidas manifestadas pelos mercados quanto à sua estratégia, devido à sua superexposição a mercados maduros e de baixo crescimento, e a formatos de lojas que agregam menor crescimento.”, diz o Casino, em comunicado.
3- As sinergias da operação foram superestimadas
A proposta apresentada pelo BTG Pactual prevê uma sinergia de 3,2% das vendas consolidadas em 2010 entre as duas varejistas. O Casino, no entanto, estima que os ganhos sejam de, no máximo, 0,8%.
“Essas projeções não consideram os desinvestimentos que serão necessários, os elevados custos envolvidos para o aproveitamento destas sinergias, bem como a implementação escalonada do projeto”, disse.
4- Os riscos de execução são elevados
O Casino entende que a concentração gerada pela fusão no Rio de Janeiro e em São Paulo pode dificultar a aprovação do negócio no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em São Paulo, a concentração estimada pelo Casino da união de Pão de Açúcar e Carrefour será de 63%, no Rio, de 40%.
O comunicado também lembra que o Pão de Açúcar está no meio do processo de fusão com a Casas Bahia e que “o acréscimo de um segundo desafio gerencial seria prematuro”.
5 – A operação dilui a participação dos atuais acionistas do Pão de Açúcar
O aumento de capital feio pelo BNDES e pelo BTG Pactual – de cerca de R$ 3,8 bilhões – fará com que os acionistas atuais tenham suas ações diluídas. O Casino teria sua participação na empresa reduzida de 43% para 35%. Com isso, não poderá exercer o direito adquirido de assumir o controle da empresa em 2012.
A operação também daria um desconto aos novos acionistas, já que eles pagariam R$ 64,70 por ação da empresa, quando o Casino entende que seu valor de mercado é de R$ 82. O Casino também afirma que a paridade proposta para calcular o valor dos ativos das duas varejistas é desfavorável ao Pão de Açúcar, que vale mais do que o concorrente.
“Este montante tem como único propósito a aquisição de participação minoritária no Carrefour, com prêmio sobre o preço de mercado, investimento este que traz riscos consideráveis e que os acionistas do Pão de Açúcar poderiam realizar diretamente se desejassem”, diz o Casino
Fonte:IG12/07/2011
12 julho 2011
Fusão com Carrefour é mau negócio para Pão de Açúcar, diz Casino
terça-feira, julho 12, 2011
Alimentos, Compra de empresa, Consolidação, crise, Integração-PMI, Múltiplo/Ebitda, Negociação, Riscos, Sinergia, Tese Investimento, Transações MA, Varejo
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Ruy Moura
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