06 julho 2011

DPZ deve ser vendida esta semana a grupo francês.

Publicis pagaria até US$400 milhões pela tradicional agência publicitária brasileira.

SÃO PAULO. Deve ser fechada ainda esta semana a venda da DPZ para o grupo francês Publicis. Cortejada durante anos por grupos internacionais, a DPZ é uma das últimas grandes agências de capital 100% nacional e um ícone da publicidade brasileira.

No ranking do jornal especializado “Meio & Mensagem”, que lista as maiores agência do país, a DPZ ocupa a 24ª posição, com investimentos de R$259 milhões em mídia em 2010. Segundo Roberto Duailibi, sócio fundador da agência, os principais detalhes da operação já foram acertados.
— O negócio deve ser fechado ainda nesta semana — afirmou Duailibi.

O publicitário não falou em valores, mas comenta-se no mercado que o Publicis Groupe deverá desembolsar entre US$100 milhões e US$400 milhões. A Talent, outra tradicional agência brasileira, comandada por Júlio Ribeiro, foi adquirida pelos franceses em setembro do ano passado por US$110 milhões.

As negociações com a DPZ foram conduzidas pelo diretor de Fusões e Aquisições do Publicis, Stéphane Estryn, e tiveram início no fim do ano passado. Só este ano, a agência brasileira, fundada em 1968, recebeu propostas de dois grupos estrangeiros, que foram recusadas.
— A DPZ sempre foi muito assediada. Ela recebia as propostas, analisava todos os pontos, mas na hora H sempre dizia não. Desta vez, a noiva disse sim — comentou um publicitário que acompanhou a negociação com os franceses.

Mercado brasileiro vem sendo alvo de franceses
Esta última investida do Publicis Groupe no Brasil é apenas a ponta mais visível de uma nova onda de internacionalização do mercado publicitário do país. Além da DPZ, em menos de um ano os franceses já tinham arrematado a Talent e a gaúcha AG2 (especializada em mídia digital) e ficado com 5% da Taterka, que tem entre os clientes grandes marcas, como Natura e McDonald’s.

Hoje, das dez maiores agências de publicidade do país, somente a Africa, do grupo ABC, do publicitário Nizan Guanaes, segue com capital 100% nacional. Em 1995, das dez maiores agências, seis eram genuinamente brasileiras, número que acabou caindo para quatro cinco anos depois.

Para o presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), Luiz Lara, o interesse cada vez maior dos estrangeiros reflete o fato de o Brasil ser a bola da vez, com um mercado interno em ascensão para as grande marcas globais.

A DPZ nasceu em um pequeno estúdio de design gráfico, em 1962, chamado Metro3, que tinha como sócios os publicitários Ronald Persichetti, José Zaragoza e Francesc Petit. Em 1968, com a entrada de Duailibi, que trabalhava como freelancer no estúdio, foi fundada a DPZ, iniciais dos sobrenomes dos sócios.

Na época, apesar de a economia passar por um momento de recessão, os anúncios criativos ganharam prêmios, consumidores e novos clientes. Ao longo desses 43 anos, os publicitários da DPZ criaram personagens que se tornaram referência na publicidade brasileira, como o Leão do Imposto de Renda, o Frango Veloz da Sadia e o garoto-propaganda da Bombril, com o ator Carlos Moreno, que até hoje faz sucesso. Também fizeram sucesso o Baixinho da Kaiser e o Alfredo, do papel higiênico Neve.

Fonte:OGlobo06/07/2011

06 julho 2011



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