10 novembro 2020

Moda, pagamentos e mais aquisições: os próximos passos do Magazine Luiza

O Magazine Luiza apresentou um crescimento de 81% nas vendas e de 148% no comércio eletrônico. Em entrevista ao NeoFeed, Frederico Trajano, CEO do Magalu, comenta o resultado do terceiro trimestre e fala sobre as prioridades de 2021

Durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre da B2W, dona das marcas Americanas.com e Submarino, os analistas questionaram de forma insistente a taxa de crescimento das vendas da companhia, que havia crescido 56% e atingido R$ 7,2 bilhões em seu terceiro trimestre de 2020.

Pacientemente, Raoni Lapagesse, diretor de relações com investidores, respondia que ela estava acima do mercado. No período, o e-commerce havia crescido 45%, segundo dados da e-bit.

Mas estava implícito, nos questionamentos dos analistas, que apesar de boa, a expansão da B2W não havia sido suficiente.

Essa desconfiança ganhou cores vivas com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2020 do Magazine Luiza. As vendas totais da empresa cresceram 81%, atingindo R$ 12,4 bilhões.

O e-commerce, por sua vez, teve um salto ainda maior: 148%. No período, o Magazine Luiza vendeu R$ 8,2 bilhões pelo seu canal online, o que representou 66% das vendas totais da companhia.

“Quando você olha especificamente à venda online, ela entrou em outro patamar a partir da pandemia”, disse Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, em entrevista ao NeoFeed. “E obviamente o Magalu era uma das empresas mais preparadas para capturar o share nessa pandemia.”

Nesta entrevista, Trajano fala das prioridades do Magazine Luiza. Apesar de dizer que a lista é grande, ele se aprofunda mais sobre a área de moda e beleza e a de pagamentos.

Na primeira, a aposta será na Zattini e na Época Cosméticos. Na outra, o investimento é no MagaluPay, que já conta com 2 milhões de usuários e será essencial para a estratégia do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, que estreia em meados de novembro.

“A Zattini, na Netshoes, sempre foi um ativo secundário. Estamos criando um time de especialistas e fazendo investimentos na ampliação de fornecedores”, diz Trajano. “Vamos trabalhar também com marca própria e com importação.”

Sobre o PIX, Trajano é mais reservado. “Vamos atuar fortemente. Acabamos de lançar a conta digital agora. Mas primeiro precisamos formar a base para depois usar o PIX”, afirmou. “O que estamos fazendo agora é aumentar a base e aí vamos virar a chavinha e ter essas opções prontas no começo do ano que vem.”

Trajano comenta também a política de aquisições. Nos últimos dois meses, o Magazine Luiza anunciou oito compras. Ele assegura que outras mais devem acontecer. “Existem ainda muitas oportunidades dentro dos nossos pilares estratégicos”, diz o CEO do Magazine Luiza.

Confira os principais trechos da entrevista:

...  Ao longo do segundo trimestre, o Magazine Luiza fez oito aquisições. A empresa vai manter esse ritmo e quais setores interessam?

Venho falando há algum tempo: tivemos um sucesso enorme em digitalizar uma companhia analógica e adotar um modelo multicanal. O nosso próximo passo é digitalizar o varejo brasileiro. Esse é o nosso novo desafio. Queremos levar esse modelo multicanal para outras empresas do varejo brasileiro. E para isso estamos montando um ecossistema e uma plataforma. E estamos complementando esse ecossistema com aquisições. O Canatech e a Inloco Media são para a área de advertising. A ComSchool é para capacitação de sellers e para empreendedores digitais. A GFL e a SincLog aumentam a nossa capacidade de fazer entregas para sellers, principalmente de courier. A Hubsales ajuda a indústria a vender direto pelo e-commerce. A AIQFome ajuda a aumentar a frequência do superapp e digitaliza restaurantes. A Stoq é um PDV que faz com que um lojista físico venda online. São todas aquisições que se complementam e são peças do quebra-cabeça do nosso ecossistema digital. Elas se encaixam perfeitamente.

O Magazine Luiza está com o caixa cheio. Vão seguir comprando?

Sim, sem dúvida. Existem ainda muitas oportunidades dentro dos nossos pilares estratégicos: crescimento exponencial, novas categorias, superapp, entrega mais rápida do mercado (logística) e o Magalu as a service, que é a plataforma em si. Dentro desses cinco pilares estratégicos, startups que complementem e ajudem a gente a implementar a nossa estratégia certamente vão ser consideradas. E até empresas maiores. Vamos continuar investindo bastante.

Na última teleconferência, você disse que o mercado ia se surpreender com as aquisições. Ainda haverá surpresas?

Vieram oito empresas em dois meses. E vai de uma escola de negócio digital (ComSchool) até um delivery de comida (AIQFome). Para mim, é importante que o mercado entenda a nossa direção. Pelo menos, a direção macro. Agora, eles vão se surpreender menos, porque provamos que podemos comprar qualquer tipo de empresa que se encaixe numa estratégia como essa. Quando a gente falava em uma estratégia de aquisições, dez anos atrás, todo mundo pensava que íamos comprar uma empresa exatamente igual a nossa, mas em outra região. Hoje, somos um ecossistema digital. Vamos continuar comprando empresas que não são óbvias, mas que fazem total sentido para a nossa estratégia.

“Vamos continuar comprando empresas que não são óbvias, mas que fazem total sentido para a nossa estratégia”

E o ritmo vai ser esse do segundo trimestre?

Depende. Se surgirem várias empresas espetaculares e com empreendedores fantásticos como esses, sim. Lembrando que falamos muito mais do que com essas oito empresas. Sempre fazemos uma análise econômica e financeira. Fazemos ainda uma análise tecnológica e uma análise das pessoas. Se encontramos essa combinação e ela se encaixa nos cinco pilares, vamos fazer a aquisição. Mas não é fácil. É um crivo alto. A gente precisa gostar das pessoas, a área de tecnologia precisa aprovar e a área de negócio precisa concordar com o valuation. É uma combinação de fatores.

A MagaluPay atingiu 2 milhões de contas. O que esperar dessa área de serviços financeiros?

Qualquer plataforma de varejo tem que ter três sustentáculos: logística, o varejo em si e pagamentos. Se você olha as plataformas chinesas, elas têm essas características. O Alibaba tem essa sustentação. O pagamento é superimportante. Chegamos a 2 milhões de contas porque apostamos em um modelo de integrar a conta ao nosso superaplicativo. E para ter o superapp, você precisa ter o cara usando todo dia. E a conta digital e de pagamentos faz parte disso. Assim como o delivery de comida. Você precisa desenvolver features para fazer o cliente entrar não só todo mês, mas todo dia. Essa é nossa obsessão. Estamos criando essa área. O PIX agora é um pilar superimportante.

Como o Magazine Luiza vai atuar no PIX?

Vamos atuar fortemente. Acabamos de lançar a conta digital agora. Mas primeiro precisamos formar a base para depois usar o PIX. O que estamos fazendo agora é aumentar a base e aí vamos virar a chavinha e ter essas opções prontas no começo do ano que vem.

Você pode comentar mais alguma coisa sobre o PIX?

Prefiro que não. O nosso approach é estratégico.

E como está o processo de integração com a Netshoes? 

Já está concluído. O Marcio (Kumruian, fundador da Netshoes) foi para o nosso comitê de estratégia. Fizemos a integração do catálogo. Ela está praticamente no breakeven. Agora, estamos fazendo investimento mais pesado na Zattini, que veio também da Netshoes. Contratamos uma nova diretora executiva, a Silvia Machado, que veio da Arezzo. Ela vai tocar toda a Zattini junto com a Época Cosméticos na categoria de fashion and beauty. E vamos fazer vários investimentos para essa plataforma crescer. É um mercado endereçável bem maior do que o esportivo.

Que investimentos vocês estão fazendo essa área?

Agora, estamos estruturando e crescendo a equipe. A Zattini, na Netshoes, sempre foi um ativo secundário. Estamos criando um time de especialistas e fazendo investimentos na ampliação de fornecedores. Vamos trabalhar também com marca própria e com importação. É uma série de trabalhos para ser relevante na área de moda. Fizemos recentemente duas contratações de peso. A Silvia Machado, de moda. E o Robson Dantas, para pagamentos. São dois diretores executivos que estão encabeçando dois segmentos importantes para a gente. Uma em fashion and beauty. E o outro no Magalu as a Service, especificamente em pagamentos.

Posso concluir que são duas prioridades para 2021?

São duas das prioridades. A nossa lição é grande. Mercado é uma prioridade para a gente também. Logística é outra prioridade. Mas moda e pagamentos são duas das nossas top prioridades.

Você comentou sobre logística. E essa é uma área em que seus rivais estão fazendo investimentos pesados. O Magazine Luiza comprou também empresas nessa área. Como estão os investimentos?

Temos feito investimentos há muito tempo. Temos uma capilaridade, em função da nossa operação multicanal, que é difícil de ser batida. São mais de 1,1 mil lojas e mais de 20 centros de distribuição. Hoje, fazemos quase metade das nossas entregas em um dia. E vamos seguir acelerando. Neste último trimestre, compramos a GFL que aumenta em 50% a capacidade de entrega de courier da companhia e compramos a SincLog que é uma empresa de plataforma de tecnologia de operadores logísticas. Os investimentos não param por aí. Vamos continuar acelerando. Na verdade, quem está anunciando investimento agora está saindo atrasado. Estamos investindo há muitos anos e vamos acelerar... leia mais em neofeed  10/11/020



10 novembro 2020



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