23 abril 2019

Pequenas e médias de autopeças passam por momento decisivo no País

Transformações tecnológicas no setor globalmente e maior abertura comercial no Brasil tornam investimentos em competitividade essenciais para a sobrevivência dos fornecedores da cadeia
 Para acompanhar a evolução da indústria automotiva, fornecedores terão que investir em atualização
Para acompanhar a evolução da indústria automotiva, fornecedores terão que investir em atualização

O momento de transformação tecnológica da indústria automotiva global e a maior abertura comercial do Brasil tornam o investimento em atualização do parque fabril imperativo para as empresas de autopeças, não só para evitar um aumento expressivo das importações, mas para garantir a sua sobrevivência.

“Vivemos um momento de mudanças profundas na indústria e no Brasil. O setor sempre contará com pequenas e médias empresas em sua cadeia de fornecimento.

A questão é se no futuro serão as mesmas que existem hoje”, declarou nesta segunda-feira (22) o diretor-geral do grupo Freudenberg do Brasil, George Rugitsky, em evento em São Paulo.Entre essas transformações, ele cita o acordo de livre comércio do setor automotivo com o México, que entrou em vigor neste ano. “É melhor que a indústria esteja preparada para essa nova realidade do que ser pega de surpresa”, assinala.

O executivo acredita que se os fornecedores não se capacitarem para novas práticas e tecnologias, poderão ser substituídos pelas importações. “O acordo com o México foi o primeiro passo nessa direção. O governo sinaliza a intenção de ampliar tratados deste tipo”, acrescenta.

O presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, afirmou que o País precisa estimular a introdução de novas tecnologias nesse ambiente de maior abertura. “Caso contrário, há risco de ocorrer o que houve na Austrália, que viu sua indústria automotiva sumir após assinar um acordo de livre comércio com a Tailândia.”Ele conta que a decisão de produzir o Corolla híbrido flex no Brasil gerou um desafio em relação aos fornecedores.

 “Estamos trabalhando com uma plataforma específica com dez a 12 empresas. A escala é pequena ainda”, relata.Uma pesquisa realizada com 61 empresas associadas ao Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) – sendo 21 grandes, 19 médias e 21 pequenas – mostra que 90% delas não possuem processos digitalizados e não utilizam a internet das coisas (IoT) para controlar processos produtivos e 81% não têm previsão orçamentária para implementar essas tecnologias.

Das 470 associadas ao Sindipeças, aproximadamente 360 são pequenas e médias empresas (PMEs). “O custo do capital é alto e volátil no Brasil e a carga tributária é pesada. Proporcionalmente, é mais difícil para as PMEs”, avalia o diretor da consultoria A.T. Kearney, David Wong.

Ele explica que em função das dificuldades, as PMEs precisam de parceiros comerciais. “Outra alternativa seria formar clusters, associações de empresas menores para gerar maior valor agregado.”Rugitsky acredita que em um ambiente de economia mais aberta, é importante que os fornecedores diversifiquem e reposicionem seus portfólios.

“Um país nunca será competitivo para produzir tudo. É preciso analisar e encontrar nichos de especialização.”Ele cita o exemplo da própria Freudenberg. “Caso aconteça do motor a combustão deixar de existir, perderíamos 50% de nosso faturamento. Por isso, estamos investindo em linhas de produtos alternativos para eletrificação. Compramos uma fabricante de baterias para veículos pesados, pois queremos ter uma posição relevante no futuro.”

Gestão
O presidente da Bosch América Latina, Besaliel Botelho, conta que a empresa teve que ajudar fornecedores para conseguir manter sua cadeia local. “Desenvolvemos um programa para que também se tornassem fornecedores internacionais.  Tivemos algum sucesso, mas é sempre um desafio em função da gestão inconstante dessas empresas.”

Ele aponta que nem sempre o gestor das PMEs tem a mentalidade de trabalhar com inovação. “Acontece de realizarmos uma parceria e, no momento em que damos as costas, a empresa não consegue caminhar sozinha. Muitas vezes, troca-se o gestor e perde-se toda a essência do que foi desenvolvido.”.. Leia mais em dci 23/04/2019


23 abril 2019



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