Para o executivo-chefe do HNA Group, Adam Tan, a empresa chinesa que ele comanda está no topo do mundo. Depois de uma onda desenfreada de aquisições, o amplo conglomerado, que começou como uma empresa aérea doméstica na ilha de Hainan, chegou à 170ª colocação na lista das 500 maiores empresas do mundo da revista "Fortune".
Para celebrar a ocasião, na segunda-feira, a HNA convidou políticos como o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron e o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy para uma celebração perto de Westminster, como prelúdio para um banquete à noite no Hampton Court Palace. A empresa havia estreado na lista da revista em 2015, na 464ª posição.
A ascensão assombrosa da HNA, no entanto, vem acompanhada de dúvidas persistentes sobre sua estrutura de controle nebulosa e seu financiamento.
Na segunda, em uma concessão pouco comum, o grupo revelou que as cotas de participação oficiais em seu capital não refletem seu verdadeiro controle.
A revelação chega em um momento no qual a HNA se depara com a onda fiscalizadora das autoridades de supervisão chinesas contra a corrupção no país. Nos últimos 30 dias, a HNA e três outros grupos privados com históricos de grandes fusões - a seguradora Anbang, o conglomerado de varejo Fosun e a empresa Dalian Wanda, com atividades que vão desde o setor de propriedades ao de entretenimento - ficaram sob intensa observação dos supervisores governamentais, em meio ao temor de que a saída descontrolada para o exterior de capitais levantados no sistema bancário paralelo possa representar um risco sistêmico para a China.
Em extensa entrevista, Tan disse ao "Financial Times" que a reestruturação das cotas de participação, que substituiu o misterioso cotista chinês Guan Jun por uma organização sem fins lucrativos registrada em Nova York, simplesmente tornou pública a verdadeira composição do controle da HNA: "Originalmente, [a participação] está fora da China há dezenas de anos.
Como somos uma empresa de capital fechado, não queríamos divulgar nossas participações", disse Tan. "Mas, agora, estamos muito contentes na [posição] 170ª [na "Fortune"]. Penso que confio no governo dos EUA, confio no governo da China. Penso que é a hora certa para revelar as estruturas." Enquanto Pequim fecha o cerco sobre os fluxos de saída de capital, a HNA também está sob cerrado em outro front: Guo Wengui, um empresário exilado que mora em um apartamento em Manhattan, disparou acusações contra Wang Qishan, o poderoso czar chinês na luta contra a corrupção, cuja família teria se beneficiado de laços ocultos com a HNA. As acusações foram negadas diversas vezes pela HNA.
A investigação do "Financial Times" que detalhou em junho, pela primeira vez, a estrutura de controle da HNA mostrou "informações antigas", segundo Tan, que não especificou quando havia ocorrido a transferência da participação de Guan para a instituição nova-iorquina sem fins lucrativos. Anteriormente, a participação de Guan pertencia ao empresário Bharat Bhise, de Hong Kong.
"A participação [de 29,5%] é nossa própria participação [na HNA]. O tempo todo. Eles [Guan e Bhise] apenas detinham essa participação para nós. É por isso que posso transferir as participações", afirmou Tan.
O executivo trabalha para a HNA e suas afiliadas desde 1991, quando a Hainan Airlines foi fundada com apoio de um escritório criado para canalizar empréstimos do Banco Mundial à ilha de Hainan, na época vista como laboratório para os experimentos chineses com reformas econômicas.
Tan agora é o quarto maior cotista individual da HNA, com participação de 2,95%. O fundador Chen Feng - que trabalhou nos anos 80 para o czar anticorrupção Wang Qishan em um truste agrícola que canalizava financiamentos para o setor rural - e o presidente do conselho de administração, Wang Jian, têm cerca de 15% cada um.
Tan negou que as autoridades de supervisão em Pequim tenham pressionado a HNA: "Não sinto pressão do governo chinês", declarou. "Não sei se outras pessoas sentem pressão. Não falo por elas. Não sinto pressão porque durante 24 anos fui examinado muitas e muitas vezes pela CBRC [Comissão Reguladora Bancária da China] e por diferentes autoridades governamentais." Fontes da HNA disseram ao "Financial Times" que a empresa engavetou planos de novas aquisições diante da fiscalização mais intensa do governo.
Tan, no entanto, nega que o interesse de sua firma por aquisições tenha acabado: "Pode ser que estejamos mais cautelosos. Mas o governo dá apoio integral a qualquer coisa relacionada ao [projeto] 'Um Cinturão, Uma Rota'.
Então muito pode acontecer", disse, referindo-se à também chamada "Nova Rota da Seda", iniciativa chinesa de investimentos em infraestrutura em cerca de 60 países.
Na Europa, as autoridades de supervisão voltaram a analisar a compra pela HNA de participação de pouco menos de 10% no grupo no Deutsche Bank, maior banco da Alemanha. "Fizemos tudo legalmente. Com o banco, com as estruturas, as regulamentações. Estamos tranquilos. Teremos prazer em ser analisados por eles, se eles o quiserem", disse Tan.
Ele ainda disse que são falsas as notícias de que alguns bancos chineses estariam reduzindo sua exposição à HNA e que o grupo conta com forte apoio de bancos ocidentais, como o JP Morgan , Morgan Stanley e UBS.
O executivo disse ter escrito recentemente para o executivo-chefe do Bank of America (BofA), Brian Moynihan, depois das notícias de que o banco americano teria alertado seus funcionários a não fazer negócios com a HNA.
Destacou, entretanto, que o Bank of America nunca fez muitos trabalhos com sua firma.
"Eu disse: O que aconteceu? Não te conheço. Por que vocês falaram tão mal de nós?", Tan disse ter escrito. "Isso é ridículo. De qualquer forma, o BofA ainda é um dos grandes bancos de todo o mundo. É de primeira classe. Ok, talvez de segunda classe." O Bank of America não quis comentar o assunto. - Valor Econômico Leia mai em portal.newsnet 26/07/2017
26 julho 2017
Cotas do capital da HNA estão no exterior há décadas, admite grupo
quarta-feira, julho 26, 2017
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Ruy Moura
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