10 junho 2016

Empresas e tecnologia alemãs são alvos da China

As empresas chinesas caminham para alcançar níveis recorde de investimentos na Alemanha neste ano. A tendência alimenta preocupações sobre a possibilidade de o país europeu perder o controle de suas empresas mais inovadoras e tecnologicamente mais avançadas.

Desde o início do ano, investidores chineses tentaram adquirir empresas alemãs a um ritmo aproximado de uma por semana, de acordo com a empresa de dados Dealogic. Só este ano, em menos de seis meses, eles se ofereceram para comprar 24 companhias. A esse ritmo, não tardarão em superar o recorde de 28 aquisições na Alemanha de 2014.

Os negócios já atingiram uma nova alta recorde em termos de valor. Até meados de maio, os investidores chineses tinham oferecido o equivalente a US$ 9,1 bilhões por empresas alemãs, valor bem superior ao recorde de US$ 2,6 bilhões desembolsado em 2014, segundo a Dealogic.

Por trás dessa escalada estão fatores como os crescentes custos com mão de obra na China e o processo de transformação da composição demográfica do país, que desaceleraram o crescimento interno.

"Agora que a vantagem salarial da China deixou de existir, o governo percebeu que é importante criar líderes mundiais nos mercados, para erigir o império em cima de fundamentos sólidos", disse Andeas Grille, um dos diretores do escritório de banco de investimentos da consultoria Roland Berger.

Esse movimento está chamando atenção menos pelas somas envolvidas do que pelos alvos, alguns dos quais são considerados essenciais para as ambições da Alemanha em tecnologia de produção industrial e de mecânica pesada. Vários desses alvos são cobiçados como participantes decisivos do projeto nacional de digitalizar a produção industrial e de conectar as fábricas aos consumidores por meio da internet, chamada Industrie 4.0.

As transações ocorrem ainda no mesmo período em que o grosso da indústria europeia reclama das dificuldades em fazer negócios com a China. A Câmara de Comércio da União Europeia na China, que representa 1.600 empresas, disse na segunda-feira que o ambiente está ficando mais "hostil" para com empresas estrangeiras no país asiático e que continua a pender em favor de concorrentes domésticas.

O negócio que mais irritou a Alemanha é a oferta de compra, por US$ 5 bilhões, da especialista em robótica Kuka, apresentada pela fabricante chinesa de eletrodomésticos Midea Group. A proposta é o mais recente exemplo da tentativa de uma empresa chinesa de adquirir uma participação no pioneiro talento tecnológico e de pesquisa da Alemanha.

"Acho que a compra do controle da Kuka levanta algumas questões", disse Roland Klose, professor do Instituto FOM de Finanças Estratégicas de Essen. "A automação e a Industrie 4.0 são de importância estratégica de longo prazo para a indústria alemã, [e] os € 4,4 bilhõess oferecidos pela compra da Kuka não são muito dinheiro para se ter acesso a tecnologias chave."

Associações alemãs de acionistas e sindicatos também manifestaram preocupação e, na semana passada o ministro de Economia, Sigmar Gabriel, propôs formar um consórcio europeu para apresentar uma proposta alternativa de compra da Kuka. Na quarta-feira Gabriel sugeriu enrijecimento das normas para investidores originários de economias restritivas, sem citar especificamente a China.

Entre outros negócios propostos ou concluídos recentemente pelos chineses na Alemanha estão a tomada de controle do KraussMaffei Group, uma fabricante de equipamentos de ponta que processa plásticos e borracha, pela China National Chemical, por US$ 1 bilhão, e a aquisição por US$ 1,59 bilhão, pela Beijing Enterprises Holdings, da EEW Energy from Waste, que opera usinas de alta tecnologia de incineração de rejeitos que produzem energia elétrica, calor e vapor para uso industrial.

Alguns alemães dizem que seu país está sendo ingênuo em deixar seus mercados abertos às empresas chinesas. "Quando os parceiros em desenvolvimento da Kuka souberem que seu controle mudou, poderão reconsiderar sua colaboração em determinadas inovações, pela possibilidade de que alguns fluxos de informação sejam redirecionados à controladora chinesa", disse Grille, da Roland Berger.

Em termos de valor do investimento das aquisições chinesas na Europa neste ano, a Alemanha aparece em segundo lugar, atrás da Suíça, segundo a Dealogic. Entre os onze negócios chineses na Suíça, avaliados em US$ 48,81 bilhões, destaque pela oferta de compra de US$ 43 bilhões da empresa suíça de defensivos agrícolas Syngenta, em fevereiro, pela China National Chemical.

Até esta altura do ano, 24 de um total de 119 aquisições chinesas pendentes ou concluídas na Europa ocorreram na Alemanha. O número situa o país à frente das 15 aquisições realizadas tanto na França quanto no Reino Unido, conforme dados da Dealogic. O ano passado revelou padrão semelhante.

As compras de empresas alemãs são parte de uma campanha de aquisições que fez com que a China se tornasse o maior comprador externo do mundo até esta altura de 2016. Se o país encerrar o ano em primeiro lugar, vai desbancar os Estados Unidos do posto que ocupam desde 2007. 10/06/2016 - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 10/06/2016 



10 junho 2016



1 comentários:

Comprar en China por internet disse...

Que excelente artículo, me encanta la explicación tan detallada, casi siempre te leo y me agrada que tu escritura sea tan fresca y versátil. Espero poder seguir disfrutrando de tus post. Muchos éxitos y suerte!