07 junho 2016

Comando da Estácio prefere fusão com Ser Educacional

"Ser ou não ser, eis a questão". Esse é o trocadilho que circula nos corredores da http://portal.newsnet.com.br/portal/lacaninvest/pdf.jsp?cod_not=1549310 diante das ofertas de fusão das concorrentes Ser Educacional e Kroton. Para a diretoria executiva da Estácio esse dilema não existe: a batalha é para que a transação seja fechada com a Ser Educacional, segundo o Valor apurou. Já o mercado acredita que a melhor alternativa é uma associação com a Kroton.

A Estácio e a Ser Educacional, segunda e sexta maiores empresas do setor de ensino, planejam se unir porque temem ser engolidas pela líder do setor. Além disso, há uma rivalidade antiga entre Estácio e Kroton, que disputaram a Anhanguera em 2013. A decisão de quem levará a Estácio será analisada pelo conselho do grupo, que criou um comitê especial para tratar do assunto, e submetida aos acionistas. Vale destacar que Estácio e Kroton têm investidores em comum com posições relevantes nas duas companhias. Um exemplo é o fundo americano Oppenheimer que é o maior acionista da Estácio, com uma fatia de 17%, e que também detém 5% de participação na Kroton.

"Acredito que a transação com a Kroton traz mais valor à Estácio. Além disso, é interessante para o investidor institucional que está nas duas pontas", disse Bruno Giardino, analista do Santander em referência aos fundos Oppenheimer, Capital, BlackRock e Coronation que detém papéis da Estácio e Kroton.

No entanto, um dos questionamentos do mercado é o quanto o conselho da Estácio, que tomou posse no mês passado, pode ser influenciado por executivos que conhecem profundamente o setor de educação. O comitê de conselheiros que vai avaliar os próximos passos da companhia é formado por João Cox Neto (ex-Claro), Líbano Barroso (ex-Via Varejo e TAM), Maurício Luchetti (ex-Ambev) e Chaim Zaher (fundador do sistema de ensino COC).

"O management da Estácio está inclinado em favor da Ser Educacional, mas isso não quer dizer que vão efetivamente conseguir influenciar o conselho", pontua o analista do Santander. A pedra no sapato dos que apoiam uma fusão entre Estácio e Ser pode ser o empresário Chaim Zaher que, detém uma fatia de 13% da Estácio, e tem uma relação estremecida com a diretoria da companhia carioca.

Por outro lado, a vida de quem está na Estácio também não será fácil numa fusão com a Ser Educacional, uma vez que seu fundador, Janguiê Diniz, seria o maior acionista da companhia combinada com uma fatia de 22%. Conhecido por sua forte personalidade, Janguiê dificilmente abriria mão de estar à frente do negócio.

O presidente da Ser Educacional, Jânyo Diniz, argumentou que uma fusão com a Estácio criaria a maior empresa de ensino superior presencial com 570 mil alunos. A Kroton tem 450 mil estudantes em cursos presencias e 561,4 mil matriculados em ensino a distância. "A companhia combinada tem grande potencial de crescimento e não deve enfrentar restrições do Cade", disse Diniz. Segundo estimativas do Credit Suisse, um negócio entre Estácio e Kroton poderia levar 18 meses para ser aprovada no Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A oferta da Ser Educacional contempla um pagamento extraordinário de dividendos no valor de R$ 590 milhões aos acionistas da Estácio, o que é um 'plus' em relação à oferta da Kroton. No entanto, segundo cálculos de analistas do Bank of America Merrill Lynch (BofA), Santander e Bradesco esse pagamento extra não traz vantagens à Estácio, ao contrário. Pela proposta da Ser Educacional, a companhia carioca vale R$ 4,3 bilhões, ou seja, 3% a menos do que o seu valor de mercado na sexta-feira. Depois desse entendimento, os papéis da Ser que chegaram a subir 6% durante o dia, fecharam o pregão de ontem com uma alta menos expressiva, de 1,06%.

Questionada sobre a possibilidade de fazer uma proposta melhor, a Ser informou que "não há motivos para melhorar a oferta porque os ganhos serão distribuídos na proporção da nova companhia que tem grande potencial de crescimento." O mercado aposta que a Kroton, por sua vez, pode elevar as condições da oferta. A proposta inicial da Kroton, que ainda não foi oficializada, prevê uma troca de ações, considerando 0,977 de ação ordinária da Kroton para cada uma da Estácio. Fontes a par das conversas admitem que a Kroton poderá melhorar sua proposta e até, em último caso, recorrer a uma oferta hostil.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 07/06/2016

07 junho 2016



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