12 janeiro 2016

Fusão e aquisição podem salvar ano dos bancos

Sem poder contar com financiamento via mercado de capitais e com o crédito bancário mais seletivo, muitas companhias nacionais devem sucumbir às parceiras e vendas parciais de ativos para sobreviver. É nesse cenário que apostam os bancos de investimentos que acreditam na expansão da área de fusões e aquisições neste ano.

Além disso, a desvalorização do real em relação ao dólar, que acumula 34,31% desde o início do ano passado, fez com que os investidores estrangeiros estratégicos olhassem com mais entusiasmo os ativos brasileiros porque eles ficaram mais baratos em dólar. Desde meados do ano passado, os principais bancos de investimento viram aumentar o número de mandatos concedidos por companhias que querem vender participação ou estão em busca de um sócio novo. "O investidor de longo prazo acredita que o país vai se recuperar deste ciclo de baixa", diz Roderick Greenlees, diretor do banco de investimentos Itaú BBA.

Muitos negócios ainda não foram finalizados por falta de acordo entre as expectativas de preço do vendedor e do comprador e devem ser concluídos no primeiro trimestre deste ano. "Os investidores estão mais seletivos", disse Leandro Miranda, diretor­gerente do Bradesco BBI. A crise política e econômica fez aumentar a aversão do investidor a ativos de risco e fez com que o valor das companhias brasileiras despencasse na bolsa de valores. É esse preço que serve de referência para os negócios de compra e venda de empresas.

Mas mesmo com a desvalorização no preço dos ativos, os vendedores não se mostraram dispostos a receber um valor que consideravam inferior ao preço justo pela venda da empresa. "Parece que agora já há um consenso maior sobre preço e que o formato predominante dessas negociações deve ser a sociedade", diz Flávio Valadão, diretor de finanças corportativas do Santander Brasil. É mais fácil chegar a um preço que agrade vendedor e comprador quando há a venda parcial dos ativos.

Os bancos também apostam no crescimento do segmento de fusões e aquisições porque essa será uma das únicas alternativas para as empresas aumentarem capital por meio de associações ou reduzirem dívidas com a venda de ativos no curto prazo, entre 18 e 24 meses. Com as recentes alta da taxa básica de juros, que está em 14,25% ao ano, companhias com bom risco de crédito pagariam entre 17% e 19% ao ano para conseguir financiamento no mercado de capitais.

O custo alto e o fato de muitas companhias já estarem endividadas diminui as chances de novos financiamentos. "Deve haver um aumento no número de fusões e aquisições em relação ao ano passado, mas o volume financeiro deve ficar menor", diz Marco Gonçalves, sócio e diretor da área de M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês) do BTG Pactual Entre os investidores estratégicos estrangeiros, os principais são os americanos e chineses, que procuram ativos nas áreas de infraestrutura, energia elétrica e telecomunicações. "As companhias que adiaram as decisões de venda ou associação no ano passado, vão ter de decidir agora", diz Paulo Mendes, superintendente­executivo do Banco Votorantim.

A expectativa mais favorável para o desempenho do segmento de fusões e aquisições ganhou força com a percepção dos profissionais do mercado financeiro de que a situação de baixo crescimento do país pode persistir por mais dois ou três anos. Apesar de negativa, essa previsibilidade reduz a volatilidade e permite que os negócios sejam concluídos. "Mas os ganhos com os negócios de fusões e aquisições não devem compensar as perdas das outras áreas como emissão de dívida corporativa e lançamento de ações", diz Marcus Silberman, diretor de M&A para o Brasil do BNP Paribas. As taxas de remuneração nas operações de fusões e aquisições tiveram queda de quase 40% no ano passado.

Outra fonte de renda para os bancos de investimento neste ano deve vir das operações de recompra de ações e de fechamento de capital de companhias listadas na bolsa de valores. No ano passado, por exemplo, a Souza Cruz encerrou as operações no mercado de capitais, e o BTG Pactual anunciou que iria vender o equivalente a 19,78% do capital da BR Properties, empresa de gestão de ativos imobiliários.

Segundo dados da Anbima , até junho do ano passado, foram feitas 35 transações de fusões, aquisições, reestruturações societárias e OPAs (oferta pública de aquisição de ações), girando R$ 18,2 bilhões. O resultado é praticamente metade do registrado no mesmo período do ano anterior que teve 62 operações e giro de R$ 70 bilhões. O resultado do ano passado ainda não foi divulgado. Já nos cálculos da PwC Brasil, de janeiro a outubro do ano passado houve uma queda de 14% no total das operações de fusões e aquisições, atingindo 618 transações. - Valor Econômico Leia mais em newsnet 12/01/2016

12 janeiro 2016



0 comentários: