28 abril 2014

Plena segue modelo de Intermédica e busca investidor

Após a venda da Intermédica ao fundo americano Bain Capital por cerca de R$ 2 bilhões, a operadora de convênios médicos Plena Saúde quer seguir um caminho semelhante. A Intermédica, fundada pelo médico Paulo Barbanti, deve aumentar seus preços com os novos controladores, abrindo espaço para a concorrência abocanhar fatia maior do público de baixa renda, avaliam os donos da Plena.

 “Acredito que a Intermédica passará por um período de adaptação com os novos donos, com possibilidades de subir um patamar. Aconteceu isso com a Amico, comprada pela Amil “, disse o médico José Luiz Ranieri, presidente e fundador da Plena Saúde. Atualmente, a operadora tem 52 mil usuários e a meta é chegar a 70 mil no fim deste ano.

 Com faturamento de R$ 100 milhões e lucro de R$ 10 milhões no ano passado, o grupo Plena Saúde tem algumas características semelhantes à Intermédica, apesar do porte desta ser bem superior – a receita anual é de R$ 1,6 bilhão. Os pontos em comum é que ambas atuam com o público de baixa renda, a maior parte do atendimento é feita em rede própria a fim de reduzir custos e os fundadores são avessos a empréstimos bancários.

 A premissa de não crescer com financiamento limita a velocidade de expansão do grupo, uma vez que ao aumentar a carteira de clientes do plano de saúde há necessidade de investimento na rede própria. “Como não alavancamos com empréstimos, só conseguimos fazer um investimento por vez”, diz Roberto Ranieri, filho do fundador e diretor administrativo da Plena. No ano passado, foram investidos R$ 20 milhões.

 Diante desse cenário, a Plena Saúde já está conversando, ainda em caráter informal, com alguns fundos de investimento. “Queremos um sócio investidor e estratégico também para ajudar na profissionalização. Podemos até vender uma fatia majoritária, mas não queremos sair da gestão porque sabemos trabalhar com margens apertadas”, afirmou Roberto, administrador de empresas formado pela FGV . Ele defende de forma entusiasmada a entrada de um sócio. “Me convenci da necessidade de um investidor quando a Amil foi comprada pela UnitedHealth “, disse o médico fundador da Plena, que começou o negócio em 1982 com um pronto-atendimento em Perus.

 Como muitos clientes deste pronto-atendimento não conseguiam pagar a conta médica, Ranieri criou um carnê mensal com valor reduzido, algo em torno de R$ 50 nos dias de hoje.

 A Plena Saúde atua na periferia de São Paulo, em regiões como Franco da Rocha, Parada de Taipas, Caieira, Francisco Morato e Mairiporã. Cerca de 80% dos procedimentos são realizados em dois hospitais e três centros médicos próprios. Os outros 20% são casos de alta complexidade realizados em rede credenciada.

 “Não é fácil atrair talentos para trabalhar nessas regiões e muitos investidores têm até resistência de ir à periferia. Mas há uma grande oportunidade nessas regiões e com esse público que recentemente passou a ter plano de saúde”, diz Roberto, que precisou abrir um escritório em Alphaville para reter profissionais.

 De olho em potenciais investidores, a Plena está arrumando a casa. No ano passado, aumentou em 40% o preço médio do convênio médico e conseguiu provisionar 100% das reservas exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com isso, a operadora conseguiu reverter o prejuízo de R$ 1,2 milhão apurado em 2012 para um lucro de R$ 1,3 milhão. Esse valor soma-se ao resultado final do grupo, que foi de R$ 10 milhões. A maior parte da lucratividade vem do negócio de hospitais e centros médicos, como acontece em outras empresas do setor.

 A Plena também está trabalhando para mudar o perfil de sua carteira de clientes. Hoje, 65% dos usuários são pessoa-física, cujo reajuste de preços é determinado pela ANS, e os outros 35% corporativos. A meta é que a base de pessoa-jurídica aumente 5% ao ano.

 Enquanto organiza a casa e prospecta potenciais investidores, a família Ranieri segue unida no negócio. A esposa do fundador é psicóloga e responde pela área de Recursos Humanos. Os outros dois filhos, estudantes de medicina e propaganda e marketing, também devem trabalhar na Plena. “Mas a empresa não é um cabide de empregos da família”, alerta Rodrigo, preocupado com a governança. Por Beth Koike |  Leia mais em medialinkblog 18/04/2014

28 abril 2014



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