Fundo de riqueza soberana de Singapura comprou 5,02 por cento da provedora de tecnologias de comunicação
A GIC, o fundo de riqueza soberana de Singapura, está comprando ações das empresas brasileiras em um sinal de confiança de que o segundo maior mercado emergente do mundo vai superar a desaceleração do crescimento.
A GIC comprou 5,02 por cento da provedora de tecnologias de comunicação Linx, de acordo com um documento da Linx do dia 10 de março. Neste mês, ela aumentou sua participação na empresa de processamento de alimentos BRF, com sede em São Paulo, e em outubro decidiu investir na empresa de tratamento de água e esgoto Aegea Saneamento e Participações.
Os investimentos da GIC, que gerencia mais de US$ 100 bilhões de ativos, na maior economia da América Latina chegam quando o governo da presidente Dilma Rousseff está combatendo a inflação com aumentos nas taxas de juros e mantendo o crescimento. Espera-se que o crescimento do PIB acelere de 1,9 por cento neste ano para 2,5 por cento em 2015, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg. Isso equivale a mais que o dobro da taxa em 2012.
“Como é um investidor de longo prazo, a GIC não se assusta ante a volatilidade no curto prazo”, disse Christopher Balding, professor adjunto da Peking University HSBC School of Business em Shenzhen, no sul da China, que pesquisou fundos de riqueza soberana. “O Brasil definitivamente é uma das economias com a melhor perspectiva no médio e no longo prazo na América Latina”.
A GIC não quis comentar seus investimentos no Brasil em resposta por e-mail às perguntas da Bloomberg News.
Empresas para os consumidores
A GIC está planejando abrir um escritório em São Paulo, disse uma fonte em junho. Isso aumentaria sua rede no exterior, que inclui escritórios em Londres, Mumbai, Xangai, Tóquio e Nova York.
As ações da Linx, com sede em São Paulo, ganharam 72 por cento desde a oferta pública inicial da empresa em fevereiro do ano passado. Elas fecharam ontem a R$ 46,39, o que avalia a participação da GIC em R$ 108 milhões (US$ 46 milhões).
O fundo estatal de Singapura possui uma participação de 4 por cento na maior câmara de compensação do Brasil, a Cetip-Mercados Organizados, avaliada em cerca de R$ 260 milhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Além disso, possui uma participação de 5,9 por cento na administradora e desenvolvedora de varejo Aliansce Shopping Centers e uma participação de 5 por cento na construtora Direcional Engenharia.
A GIC está investindo em empresas voltadas para o consumidor porque percebe um boom no mercado consumidor em países de renda média como o Brasil”, disse Balding, autor de “Sovereign Wealth Funds: The New Intersection of Money and Politics”, publicado em 2012.
Retornos da GIC
“Este é o melhor momento para comprar ativos no Brasil”, disse Song Seng Wun, economista do CIMB Group Holdings Bhd em Singapura.
A taxa real de retorno anualizada de 20 anos da GIC, ou os lucros sobre a inflação global que utiliza como principal métrica, foi de 4 por cento nos 12 meses até 31 de março, mais que os 3,9 por cento do ano anterior, disse o fundo estatal em seu mais recente relatório anual, de agosto.
Quatro por cento dos ativos da GIC estavam na América Latina até 31 de março, de acordo com o relatório, e não variou em relação ao ano anterior. Isso se compara com 36 por cento nos EUA e 11 por cento na zona do euro.
Oitavo maior
O fundo estatal de Singapura é o oitavo maior do mundo, de acordo com o Instituto de Fundo de Riqueza Soberana com sede em Las Vegas, que estima seus ativos em US$ 285 bilhões.
Diferentemente da outra empresa estatal de investimento de Singapura, a Temasek Holdings, a GIC investe quase exclusivamente fora da cidade-estado. Ela também tem uma participação menor de títulos públicos em seu portfólio.
Embora a economia do Brasil tenha crescido mais do que o estimado pelos analistas no quarto trimestre, a confiança do consumidor e da indústria permanece baixa. O Banco Central aumentou a taxa Selic de referência de 10,50 por cento para 10,75 por cento no mês passado, a metade do ritmo das seis reuniões anteriores, para frear a inflação.
“A GIC está olhando além do solavanco atual na economia do Brasil”, disse Song do CIMB. “O país retomará as taxas normais de crescimento nos próximos anos”. Por Klaus Wille, da Blommberg | Leia mais em Exame 13/03/2014
14 março 2014
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sexta-feira, março 14, 2014
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Ruy Moura
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