10 janeiro 2019

Green4T compra Aceco TI e quer liderança de infraestrutura crítica de TI

Startup leva empresa referência do setor, com mais de 50 anos de atuação

Na sede da Green4T, em São Paulo, os balões nas cores azul e verde evidenciavam as boas-vindas ao último grupo de 450 profissionais provenientes da Aceco TI depois da aquisição de 70% dos seus negócios. Os cinquenta funcionários restantes da empresa, que faz consultoria para a construção de data centers, somaram-se aos mais de 150 talentos que passaram a fazer parte do quadro da Green4T.

A compra foi assinada em abril de 2018, mas anunciada somente hoje (09/01) depois de finalizada a renegociação e a quitação integral de quase R$ 500 milhões em dívidas legadas da Aceco TI. Uma aquisição atípica, de uma startup, criada em 2016, que levou uma gigante com quase 50 anos de história.

A Green4T começou em um escritório pequeno, com 11 pessoas, sem dinheiro, mas com muita vontade de crescer, define Eduardo Marini (foto), CEO e cofundador da empresa. Ele se juntou a outros dois sócios para tirar a companhia do papel.

Curiosamente, os três sócios trabalharam na Aceco e sempre tiveram uma conexão sentimental com a empresa. Antes de assumir a vice-presidência da Aceco, Marini, inclusive, chegou a ser do conselho e investidor do negócio. “Juntamos duas empresas que não deveriam ter se separado”, contou Marini com exclusividade à Computerworld Brasil.

Enquanto Marini e os demais sócios da Green4T atuavam na Aceco, a empresa passava por dificuldades em função de um alto grau de endividamento e de desalinhamentos societários, que engessou a capacidade de crescimento e inovação.

A cultura e o time da Aceco, no entanto, eram seus grandes diferenciais, o que culminou em entregas de sucesso. “Identificamos poucos problemas de qualidade desde abril, que já foram endereçados. Com a quitação das dívidas que persistiam desde 2014 com a venda da empresa para os antigos sócios financeiros, a Aceco TI ficou livre para voar novamente e cumprir sua missão de zelar pelos ambientes de infraestrutura crítica dos seus clientes”, contou Marini.

Como tudo começou

A Green4T nasceu do desejo dos sócios de ter uma empresa verdadeiramente focada nas necessidades dos clientes. “Nosso setor tem muito vendedor de peixe único. A provedora de colocation vai vender o colocation como única saída. A de cloud idem. A grande verdade é que essa decisão não é binária. O cliente precisa de um mix. A reorientação ao cliente é agnóstica, oferecendo proposta de valor única”, definiu o executivo.

Com esse direcionamento, a companhia passou a atuar de forma bastante consultiva e, de cara, conquistou 60 contratos, executando a instalação de quase 30 data centers desde sua fundação. A partir de parcerias estratégicas, a Green4T oferece soluções híbridas incluindo infraestrutura as a service, além de fornecer, adaptar, manter e operar infraestruturas próprias de clientes e/ou terceirizadas. “Esse tem sido nosso maior diferencial em mercado onde monosoluções são ofertadas com baixo nível de criatividade e customização.”

Com essa visão, a Gree4T cresceu em ritmo acelerado, alcançando vendas superiores a R$ 140 milhões somente no ano de 2018 e somando 130 colaboradores. O salto fez com que a empresa mudasse para um prédio maior, que já apresenta superlotação. “Vamos ficar apertados no processo de integração, mas já planejamos ampliar a estrutura”, adiantou ele.

Com a crença de que “uma boa decisão é baseada em conhecimento, não em números”, Marini e os sócios trabalharam de forma silenciosa na negociação da Aceco IT por meses. As dívidas não afastaram a intenção de compra e a qualidade da entrega e dos produtos fizeram a diferença na decisão, garantiu o CEO.

“Para qualquer um que eu falasse que estávamos comprando uma empresa com R$ 590 milhões de dívidas, ninguém acreditaria. O aprendizado que tenho dessa jornada é que dá para fazer. Tem muita ponta para alinhar, mas estamos no caminho”, relatou Marini.

E o diferencial dessa jornada está, sem dúvidas, na cultura. Segundo ele, Aceco e Green4T têm uma cultura extremamente alinhada. “Nós, por exemplo, somente conseguimos crescer a velocidade que crescemos porque adotamos a postura de dono. Aqui, a meritocracia é realmente verdadeira. Além dos três sócios-fundadores, temos outros 15”, disse, relatando que aqueles que se destacam acabam virando sócio do negócio. Segundo ele, em 2019 a empresa terá outros dez sócios, que serão pinçados entre os líderes da empresa.

Para fazer essa estrutura funcionar da forma adequada, Marini revelou que consome 30% do seu tempo com pessoas. “Eu acredito em cultura de dono, não empresa de dono. O modelo antigo não funciona. Ele desestimula criatividade e inovação. As pessoas vão criando oportunidade e esse é ciclo virtuoso.”

É nesse formato que surgem inovações. Um exemplo citado pelo executivo é um produto de monitoramento de data center, que surgiu da ideia de colaboradores. Marini aponta que em uma prestadora de serviços, as pessoas são o motor e, portanto, é preciso dar esteira para que elas possam se desenvolver.

Fundada em 1972, a Aceco TI foi pioneira no mercado de infraestrutura no Brasil, tendo integrado mais de 750 data centers no Brasil e em 13 dos principais países da América Latina. Antes da aquisição, a empresa tinha cerca de 500 colaboradores e foi reconhecida diversas vezes pelos clientes por sua qualidade na implantação de data centers e na manutenção preditiva, preventiva e corretiva de ambientes de missão crítica.

Atualmente, mais de 300 data centers são mantidos em regime 24 x 7 por equipes técnicas da Aceco TI em 26 das 27 unidades federativas do Brasil, além de Argentina, Chile, Peru, Colômbia, Uruguai e Equador. Somando forças com a Aceco, a Green4T passa a atuar na América Latina e a contar mais de 600 colaboradores, e estima para 2019 um faturamento aproximado de R$ 450 milhões.

Segundo Marini, pelo seu reconhecimento, a Green4T manterá a marca Aceco TI. “O que faremos agora é uma segmentação de serviços. Serviços estruturados de manutenção, operação e monitoramento on-line de data centers serão prestados pela Aceco TI. Enquanto isso, projetos, implantações de ambientes críticos e soluções de infraestrutura serão conduzidos pela Green4T”, comentou.

Nesse cenário, a Green4T enxergou a possibilidade de reviver sua marca de consultoria, a Innovative, e deverá lançar novas marcas sob o guarda-chuva Green S.A. em breve. As novidades devem gerar contratações e a empresa espera adicionar ao time cerca de cem talentos em 2019.

Para Marini, a demanda contínua por maior capacidade de processamento, transmissão e armazenagem de dados, combinada ao advento de novas tecnologias de inteligência artificial e internet das coisas (IoT), transformará o atual ecossistema de infraestrutura de TI.

Nesse contexto, a Green4T acredita que soluções híbridas de infraestrutura, que harmonizem serviços on-premise, edge computing e soluções terceirizadas em cloud/colocation, oferecerão os melhores resultados para as organizações. “O modelo de negócios da Green4T é totalmente adaptado para essa nova era da tecnologia. E, com a aquisição da Aceco TI, ganhamos escala e cobertura únicas para estar do lado de nossos clientes, não importando onde esteja a sua TI”, assinala.

Marini lembrou que a transformação digital está acontecendo agora e a demanda por atualização tecnológica será cada vez mais alta. “A transformação digital, a indústria 4.0 e a internet das coisas demandarão renovação total da infraestrutura digital do Brasil e é nessa onda que vamos surfar”, sentencia.

Para ele, essa adaptação é extremamente crítica e a tendência é de regionalização do uso de data centers. Uma necessidade pautada pela redução de latência, natural quando o centro de dados está fora do Brasil. Esse quadro, indica, exigirá infraestrutura moderna de borda. “Como somos a maior empresa de manutenção e operação e data center local, com técnicos em 26 estados, certamente vamos nos beneficiar.”

O executivo aposta, inclusive, na criação de recursos para fomento da construção de data centers locais. “O Brasil tem menos de 1% da metragem de data center quando comparado aos Estados Unidos. Estamos importando dados”, comentou, acrescentando que esse modelo era econômico até pouco tempo, mas agora a questão não é mais essa: é tecnológica.

Marini revelou os próximos passos da empresa. “O desafio da empresa no momento é contar com as ofertas bem azeitadas. A cereja do bolo é ser uma ‘one stop shop’”, adiantou o executivo.

Agora, a companhia quer mostrar sua nova fase. “Esse mercado é muito fragmentado, com empresas pequenas, ou multinacionais com produtos de prateleira. Nosso momento é o de mostrar quem somos, uma empresa que oferece infraestrutura em muitas camadas”, finalizou ele. Déborah Oliveira
 Leia mais em computerworld 09/01/2019

10 janeiro 2019



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