16 janeiro 2018

IPOs atraem empresas de fora do eixo Rio-São Paulo

O Brasil que mora longe de São Paulo e do Rio de Janeiro pode ganhar mais representatividade na bolsa neste ano. Empresas com operações fora dos maiores centros econômicos estão na fila para fazer suas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês).

São os casos do grupo de saúde Hapvida, do Nordeste, da varejista gaúcha de materiais de construção Quero-Quero e da administradora de shopping centers HSI/Saphyr, que é carioca, mas atua de Boa Vista (RR) a Sorocaba (SP).

Fontes que atuam na estruturação de ofertas calculam em cerca R$ 10 bilhões o volume que pode ser captado pelas companhias que já se posicionaram para fazer IPO na primeira metade do ano, mas esse número pode mudar. Dois setores se destacam: shopping centers e saúde.

No primeiro caso, além do HSI/Saphyr, está prevista a oferta inicial do braço de shopping centers da JHSF Participações, segundo apurou o Valor. Dona de empreendimentos como o Cidade Jardim, o Catarina Fashion Outlet (São Roque) e o Shopping Ponta Negra (Manaus), a empresa deve fazer uma oferta de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão, com recursos para o caixa e para os acionistas. A holding do grupo vem buscando alternativas para melhorar o perfil de sua dívida. A companhia Almeida Junior, de Santa Catarina, também tem planos de captar recursos na bolsa em 2018.

As companhias do setor de saúde, por sua vez, devem protagonizar alguns dos maiores IPOs do ano. Com atuação concentrada no Norte e no Nordeste, a Hapvida trabalha em uma oferta que pode movimentar entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões, segundo fonte que acompanha o assunto. Fundada pelo médico Candido Pinheiro, de Fortaleza, a empresa tem 3,8 milhões de clientes, segundo informações disponíveis em seu site.

A Notre Dame Intermédica, que chegou a protocolar seu pedido de oferta e desistiu da operação em julho do ano passado, também deve voltar à carga com um IPO estimado em R$ 3 bilhões. A companhia foi comprada pela gestora americana de private equity Bain Capital, em 2015, por cerca de R$ 2 bilhões.

A Saneago, estatal de saneamento de Goiás, também é candidata a abrir o capital e, segundo o Valor apurou, já contratou Banco do Brasil, Bradesco BBI e Citi para coordenar a operação. A oferta deve colocar dinheiro nos cofres do Estado. Nas demais operações que estão no radar até agora, há um misto entre levantar capital para investir, pagar dívidas e dar saída a acionistas.

Uma das primeiras operações do ano deve ser da varejista de artigos esportivos Centauro, que planeja captar de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões em uma oferta prevista para o fim de fevereiro. A rede de lojas de brinquedos Ri Happy e a Quero-Quero também miram o primeiro trimestre.

A farmacêutica Blau e o Banco Inter completam a lista - que mais é uma fotografia dos IPOs neste momento, já que novas operações podem aparecer ou ser canceladas conforme a receptividade do mercado. A depender do cenário, fontes do setor não descartam que operações que ficaram pelo caminho no ano passado, como a da locadora de veículos Unidas e da elétrica Neoenergia, voltem para a fila.

Por enquanto, as condições têm sido favoráveis, com juros baixos e um começo de 2018 animador na bolsa. Nem mesmo o rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global, na semana passada, azedou o humor dos investidores, que já contavam com isso.

No entanto, os bancos de investimento têm orientado seus clientes a antecipar suas ofertas para o primeiro semestre, na medida do possível, para evitar uma desnecessária exposição à volatilidade do período eleitoral. Outro fator que pode fazer a maré mudar para pior é a eventual percepção de que a reforma da Previdência não será aprovada nem agora nem mais tarde.

Alguns executivos de bancos estimam que as ofertas de ações - entre IPOs e operações de companhias já listadas em bolsa - podem alcançar aproximadamente R$ 35 bilhões neste ano. Em 2017, o montante ficou em R$ 42,9 bilhões, marcando o melhor volume desde 2009.

Do que tem se desenhado de operações até agora, não há ofertas tão grandes como a da BR Distribuidora e do Carrefour, que movimentaram cerca de R$ 5 bilhões cada uma no ano passado. Porém, a tendência é que as transações mantenham um volume médio parecido com as de 2017, em torno de R$ 1,5 bilhão, segundo um advogado que atua na área.- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 16/01/2018




16 janeiro 2018



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