07 novembro 2016

Rivais fazem exigências para fusão entre AT&T e Time Warner

Enquanto a AT&T e a Time Warner buscam aprovação do governo americano para seu meganegócio de US$ 85 bilhões, algumas de suas negociações mais importantes podem ocorrer em conversas privadas com executivos de empresas rivais, e não na capital dos EUA.

A fusão oferece a concorrentes e parceiros uma rara oportunidade de conseguirem acordos mais favoráveis com as duas empresas em troca de seu apoio público, que pode ser valioso para que os órgãos reguladores aprovem o negócio. Enquanto isso, outras provedoras e programadoras de TV paga farão lobby para impedir o acordo ou estabelecerão limites a um império que seria dono de grande parte dos filmes e programas que envia a assinantes de celulares, internet e vídeo.

"A parte que você nunca vê é o que os diversos atores exigem nos bastidores para apoiar o acordo em Washington", disse Craig Moffett, analista da MoffettNathanson. "Você terá todos os tipos de empresas de programação, em essência, exigindo seu quinhão. Será distribuído dinheiro para todos."

Os órgãos reguladores transformaram a proteção do mercado de vídeos on-line em prioridade. Eles usaram a supervisão a grandes fusões para conseguir compromissos de grandes provedoras de internet para tratar o conteúdo de forma igualitária em suas redes -- incluindo serviços de vídeo concorrentes.

A AT&T permite que os assinantes de seu serviço de satélite DirecTV assistam vídeos em dispositivos móveis sem contá-los como uso de dados no celular, prática conhecida no setor como "zero-rating". A operadora planeja lançar um serviço de TV web a US$ 35 ao mês nas próximas semanas que funcionaria de forma similar. Outras empresas de mídia provavelmente exigirão o mesmo tratamento para seus serviços on-line, como o All Access, da CBS.

Muitos proprietários de canais também vão querer acesso aos valiosos dados que a Time Warner obteria dos assinantes da AT&T, disse Brian Wieser, analista da Pivotal Research. As empresas de programação de TV tentaram por anos oferecer o tipo de publicidade direcionada praticado pelo Google e pelo Facebook, mas não possuíam os dados dos espectadores que provedoras de TV paga como a AT&T e a Comcast possuem.

Em grande parte, o acordo está na dependência de a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) ter ou não poder de decisão sobre a fusão. O Departamento de Justiça dos EUA decidirá se o acordo entrega muito poder no mercado à AT&T e reduz a concorrência, mas não está claro se a comissão, cuja função é garantir que as fusões sejam boas para o público, terá jurisdição. A Time Warner possui licenças de canais abertos que precisaria vender para evitar que a FCC decida sobre o acordo.

"É cedo demais para julgar qualquer coisa", disse o CEO da CBS, Leslie Moonves, sobre o acordo, durante conferência com analistas, na quinta-feira. "De certa forma, ficaremos fora da briga por enquanto, até que tenhamos a chance de analisar melhor o caso." Gerry Smith e Lucas Shaw (Bloomberg) --  Leia mais em bol.uol 07/11/2016

07 novembro 2016



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