Presidente da bolsa esperava que cerca de 45 ofertas iniciais fossem realizadas até dezembro
O número de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil neste ano deve ser inferior - ou no máximo igual - ao registrado em 2008, quando teve início a crise financeira global com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.
Faltando menos de três meses para o fim de 2012, a bolsa brasileira registrou apenas três IPOs neste ano - da fabricante gaúcha de móveis planejados Unicasa, da empresa de aluguel e venda de veículos Localiza e do banco de investimentos BTG Pactual.
Embora outros três pedidos ainda estejam em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na avaliação do mercado é pouco provável que essas operações sejam realizadas ainda neste ano.
Se a previsão se confirmar, o Brasil terá apenas três IPOs este ano, ante quatro ofertas públicas iniciais realizadas em 2008, ápice da crise financeira global, segundo dados da BM&FBovespa.
Depois do péssimo ano, o mercado mostrou uma leve recuperação de 2009 a 2011 - com seis IPOs em 2009, 11 em 2010 e outros 11 em 2011 -, mas ainda ficou muito abaixo do pico registrado em 2007, quando 64 companhias estrearam na Bovespa.
No início de 2012, banqueiros e a BM&FBovespa mostravam otimismo com as perspectivas para novas ofertas no Brasil --o presidente-executivo da bolsa, Edemir Pinto, disse a jornalistas em fevereiro que esperava até 45 IPOs neste ano.
Mas um cenário de muitas incertezas internacionais afastou empresas do mercado de ações. A contínua fraqueza da economia global, os desdobramentos da crise da dívida europeia e a possibilidade de um "abismo fiscal" nos EUA são fatores que pesaram no mercado.
"Esse não é um ambiente ideal para um IPO ou qualquer tipo de emissão no mercado", disse o economista Gustavo Mendonça, da gestora de recursos Saga Capital.
"A tendência do investidor é ter um perfil mais conservador num ambiente de tantas incertezas, o que diminui a atratividade de comprar ações de uma empresa que está estreando na bolsa", acrescentou.
Mesmo os primeiros sinais de uma melhora na economia brasileira e os últimos cortes da taxa básica de juros --o que, em tese, motivaria investidores a assumir mais riscos em busca de rentabilidade -, não têm se mostrado suficientes para tornar atrativas novas ofertas.
"Ainda falta a variável externa ficar mais positiva para que os IPOs deslanchem", disse o sócio líder de mercados estratégicos e emergentes da Ernst & Young Terco, André Viola Ferreira.
As condições globais desfavoráveis, agravadas por um cenário setorial negativo --reflexo da intervenção do governo no setor de energia -, levaram a CPFL Energias Renováveis a desistir neste mês de seu IPO, sinalizando que pode voltar a considerar uma oferta em 2013, caso as condições de mercado melhorem.
"Para que se adiantar para fazer um IPO agora se o cenário para a economia pode ser mais favorável no começo do ano que vem?", argumentou o sócio na Humaitá Investimentos Guido Chagas, citando que é possível que o cenário externo esteja mais definido a partir de 2013.
"Se a Espanha formalizar um pedido de ajuda, se tivermos um acordo na Grécia, se China e Estados Unidos mostrarem números econômicos melhores... Se tudo isso acontecer, então você pode ter um possível espaço para IPOs", disse Chagas.
Hesitação
Ao desistir do IPO neste ano, a CPFL Energias Renováveis juntou-se a uma lista que inclui nomes como as operadoras de turismo CVC e Brasil Travel, a empresa de infraestrutra Isolux e a companhia de petróleo e gás Seabras, unidade brasileira da norueguesa Seadrill.
Apenas três companhias seguem com pedido de análise de oferta primária em aberto na CVM - AutoBrasil, que atua na compra e venda de carros usados, a rede de drogarias Pague Menos e a VIX Logística.
Mas a deterioração das condições do mercado tem feito companhias hesitarem em levar adiante seus planos, segundo informações do IFR, um serviço da Thomson Reuters. A VIX Logística, por exemplo, deve adiar para dezembro seu IPO, com o qual pode levantar cerca de R$ 600 milhões. Já a oferta da Pague Menos, com estimativa de movimentar R$ 998 milhões, deve ficar só para 2013.
Também no exterior as ofertas primárias de ações minguaram em 2012. Segundo dados da Ernst & Young Terco, as 615 ofertas realizadas no mundo nos nove primeiros meses do ano levantaram US$ 85,7 bilhões. Em igual período de 2011, foram 970 ofertas e US$ 140,7 bilhões.Por Reuters
Fonte:InfoMoney 19/10/2012
19 outubro 2012
Brasil deve ter menos IPOs neste ano que na crise pós-Lehman
sexta-feira, outubro 19, 2012
Compra de empresa, crise, IPO, Plano de Negócio, Transações MA
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Ruy Moura
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