11 agosto 2019

Startup de educação financeira para crianças recebe aporte de R$ 176 mil no Shark Tank

As crianças hoje em dia são atraídas cada vez mais cedo pelo consumo. E para que elas se tornem adultos conscientes do valor do dinheiro, precisam ser educadas financeiramente. Foi com este propósito que o cientista da computação Eduardo Schroeder, 38 anos, desenvolveu há dois anos um aplicativo para organizar a mesada de seu filho Rafael: o Tindin.

Agora, a startup participou do reality show de empreendedorismo Shark Tank Brasil e recebeu um aporte de R$ 176 mil da Chili Beans. O episódio vai ao ar nesta sexta-feira (9/8), no canal Sony.

“Fui pai de primeira viagem e cometi um erro comum: presenteá-lo demais. Com a mesada, ele comprou um boneco do Toy Story que se tornou o favorito dele pela conquista”, conta Schroeder, sobre como criou o app.

Na plataforma, que funciona como um game, os pais podem oferecer uma mesada fixa e também uma variável — baseada em metas que as crianças devem concretizar, como guardar os brinquedos e utilizar o cesto de roupas sujas. A ideia é que elas entendam como se ganha dinheiro e, desta forma, deem mais valor ao que é entregue a eles pelos pais.

O Tindin também funciona como um ambiente controlado para que os pequenos desfrutem dos seus cofrinhos. “Temos um marketplace no próprio aplicativo em que as crianças podem comprar brinquedos educativos com a mesada acumulada. Os pais também podem inserir produtos, como viagens e eletrônicos. A questão da gamificação é a experiência com a família”, explica o empreendedor.

No Shark Tank, Eduardo Schroeder afirma que recebeu elogios sobre o engajamento com o público infantil e a automatização da mesada. No entanto, ele admite que também recebeu críticas construtivas ao negócio, principalmente de João Appolinário, fundador da Polishop: “Citaram que a plataforma precisa ter mais foco e que posso ter dificuldade para atrair parcerias com empresários", revela.

O resultado no debate com os "tubarões", como são chamados os investidores, foi positivo. A Tindin conseguiu um investimento de R$ 176 mil por 20% do negócio que passa para o controle da Chili Beans, após negociação com o fundador Caito Maia. “Cedi um percentual maior do que queria da empresa, mas a executivo destacou a oportunidade de vender a linha de óculos infantis no Tindin. Hoje, ele vende 400 mil unidades por ano”, pontua Schroeder.

Educação financeira forma adultos maduros

Na avaliação de Juliana Inhasz, coordenadora de economia do Insper, o hábito de não poupar vem de gerações anteriores, que se acomodaram com a inflação sob controle. Por isso, qualquer iniciativa que mostre às crianças o valor do dinheiro contribui para a formação de adultos mais responsáveis. “Precisamos fazer o público infantil entender que poupar, controlar os gastos e estar pronto para imprevistos é importante”, elenca.

É o que mostra a Pesquisa Nacional de Educação Financeira nas Escolas, realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com a Abefin (Associação Brasileira dos Educadores Financeiros) e o Instituto Axxus. O levantamento aponta que 81% dos estudantes que recebem orientação financeira gastam parte do que recebem e guardam o resto para realizar seus sonhos.

Por meio do storytelling e do design thinking, o economista Flávio Ramos, 46, criou a Educash, startup de educação financeira para crianças de 9 a 12 anos que estimula a reflexão e o pensamento crítico sobre o uso do dinheiro. “A plataforma ensina o estudante a gerenciar recursos em um mundo lúdico . Ele tem de lidar com desafios, como comprar ovos e milho, ou vendê-los”, exemplifica Ramos.

Segundo o executivo, o aplicativo possui duas versões: uma para uso familiar, para ser gerenciado pelos pais, e outro para as escolas, que possui um plano de aula completo para auxiliar os professores; ambos disponíveis para Android e iOS.

Em dezembro do ano passado, a Educash foi finalista do Demand Solutions, programa de aceleração para startups inovadoras do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Também no ambiente internacional, a solução está sendo negociada para a Finlândia. No Brasil, a ferramenta venceu o Acelera Fiesp em 2017. “Fechamos parceria com a Secretaria de Educação de São Paulo e nossa plataforma será adotada dentro do Sistema S”, adianta Ramos." Patrícia Basílio, especial para a Gazeta do Povo Leia mais em gazetadopovo 09/08/2019




11 agosto 2019



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