Inovação une banqueiros, biólogo e empresários - buscam entre 10 e 20 negócios inovadores para investir
O que há em comum entre três banqueiros, três empresários do ramo de cosméticos, um ex-executivo do mercado financeiro e um biólogo? Resposta: a veia empreendedora, que resultou na criação de um fundo de R$ 100 milhões para investir em projetos de inovação tecnológica e científica.
Entre os investidores, estão três nomes de peso do setor bancário: Pedro Moreira Salles, da família que criou o Unibanco e hoje presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco; Fernão Bracher, fundador do banco BBA e atual vice-presidente do conselho do Itaú BBA; e seu filho Cândido Bracher, presidente do Itaú BBA. Com eles estão os três fundadores da Natura - Luiz Seabra, Pedro Passos e Guilherme Leal. Compõem ainda a lista Eduardo Vassimon, bastante conhecido no mercado financeiro e um dos executivos mais próximos de Fernão Bracher na época da compra do BBA pelo Itaú, e Fernando Reinach, um biólogo que foi o diretor responsável pelo braço de private equity do grupo Votorantim, na Votorantim Novo Negócios.
O objetivo desses investidores é preencher uma lacuna que existe no Brasil de identificar e apostar em negócios inovadores, que muitas vezes não passam apenas de uma ideia inicial. "Estamos em busca de boas histórias, que sejam originais e viáveis comercialmente, mesmo que elas ainda estejam apenas na cabeça de um cientista dentro de um laboratório", diz Reinach, que além de investidor será um dos gestores do fundo juntamente com Vassimon.
Nos Estados Unidos, esses fundos, chamados de "venture capital", ou capital de risco, são muito difundidos e procuram projetos especialmente no mundo acadêmico. "Não é à toa que os escritórios de muitos desses fundos ficam em frente às grandes universidades, como a de Stanford, na Califórnia", cita Reinach. Empresas americanas importantes como American Airlines, Fedex, Google e Facebook nasceram de pequenos investimentos de fundos de venture capital e da crença de investidores de que essas ideias se transformariam em negócios rentáveis.
Segundo Vassimon, o fundo, batizado de Pitanga, já está olhando alguns projetos, mas ainda não há nada em fase de negociação. Por se tratar de um investimento de maior risco, o objetivo é aplicar os R$ 100 milhões numa quantidade maior de pequenas empresas ou projetos - entre 10 e 20 -, até para que as apostas bem-sucedidas compensem os fracassos. Reinach lembra que no fundo do Votorantim, por exemplo, foram analisados 1.200 projetos, para se investir em 12 deles e apenas quatro deram certo.
No mundo, a taxa de sucesso dos fundos de venture capital é bastante baixa, um investimento a cada dez. Por esse motivo, os projetos vencedores precisam oferecer retornos acima de 40% ao ano, para que assim os fundos consigam uma rentabilidade de no mínimo 20% ao ano, explica Reinach. Nos melhores fundos multiplica-se o patrimônio investido entre 10 e 15 vezes. "O retorno precisa ser alto para compensar o risco de se apostar em novas ideias que também é considerável", diz ele.
Vassimon afirma que não existe uma meta de retorno mínimo entre os oito investidores, mas que obviamente ambicionam o maior ganho possível. Não há também uma definição dos setores nos quais buscam encontrar boas oportunidades de negócios. "Não importa o ramo de atuação, precisa apenas ser uma boa ideia e com grandes chances de se tornar líder em seu mercado", explica Reinach.
Além da própria rede de contatos dos oito investidores, que não é pequena, o Pitanga vai garimpar boas oportunidades em universidades e até no exterior. O fundo poderá ser acionista majoritário das companhias ou minoritário, mas com participação no acordo de acionistas. Nos casos em que há apenas uma ideia, o fundo vai, inclusive, participar da criação da empresa.
O mercado de venture capital no Brasil ainda é incipiente, mas deve crescer juntamente com a participação do Brasil na produção científica mundial, que hoje está em torno de 2%, completa o biólogo Reinach.
Valor 26.5.2011
26 maio 2011
Fundo de R$ 100 milhões busca pequenos projetos
quinta-feira, maio 26, 2011
Investimentos, Múltiplo/Ebitda, Private Equity, Start-up, Tese Investimento
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Ruy Moura
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