10 dezembro 2015

Dow e DuPont negociam fusão e possível separação em três unidades

A Dow Chemical Co. e a DuPont Co. estão em negociações avançadas para unir seus negócios e criar um colosso do setor químico com vendas conjuntas de mais de US$ 90 bilhões. Se concretizada, esta seria a fusão de duas das empresas mais antigas dos Estados Unidos, com um valor de mercado combinado próximo a US$ 120 bilhões.

Os gigantes dos produtos químicos podem anunciar uma fusão nos próximos dias, dizem pessoas a par do assunto. A empresa combinada seria então dividida em três segmentos, disseram elas, uma estratégia comum entre as fusões e aquisições mais recentes. O diretor-presidente da Dow, Andrew Liveris, deve assumir a presidência do conselho executivo da nova empresa, com o diretor-presidente da Dupont, Edward Breen, mantendo o cargo.

Os termos do acordo não foram divulgados, mas algumas pessoas dizem que poderá ser uma fusão de iguais, o que significa que não haverá grandes prêmios para os acionistas. Um acordo ainda não foi assinado e as negociações ainda podem terminar sem a concretização de uma fusão, alertaram as pessoas.

Mesmo se os dois lados concordarem com o negócio, não há garantia de que os reguladores antitruste irão aprovar a união ou que o plano de divisão iria abordar as potenciais preocupações com a concorrência. A fusão iria unir dois dos maiores fornecedores de químicos industriais e agrícolas e de sementes do mundo.

Caso se concretize, a fusão das companhias, cada uma com mais de 100 anos, será uma das maiores realizadas em um ano marcado por grandes negócios. Até o momento, a atividade de aquisições já alcança US$ 4,35 trilhões em 2015, superando 2007 e marcando um novo recorde de negócios fechados, segundo a Dealogic.

Antes que qualquer cisão seja feita, o novo gigante criado a partir da fusão terá forte presença em setores que vão de plásticos a produtos químicos industriais e agricultura.

Sob pressão dos acionistas para reduzir suas operações e se concentrar nas unidades de rápido crescimento, as duas empresas têm reestruturado seus negócios, vendendo alguns dos produtos que as tornaram famosas.

O acordo em discussão deve acelerar esse processo, com a criação de unidades separadas para abrigar as empresas de produtos agrícolas, materiais e ciência dos materiais, e produtos especializados, disseram algumas pessoas.

Wall Street aprovou a possibilidade de uma fusão. A cotação das ações das duas empresas disparou, com as da Dow ganhando 12%, para US$56,97 e as da DuPont, 11,9%, para US$ 74,49.

O potencial acordo entre a Dow e a DuPont é discutido em um momento em que negociações de consolidação do setor de ciências agrícolas se intensificaram, com empresas tentando se ajustar à pressão exercida pelos baixos preços das commodities.

O The Wall Street Journal divulgou, em novembro, que a DuPont estava discutindo uma potencial fusão de sua divisão agrícola com a empresa agrícola Syngenta AG e, separadamente, explorando um acordo no setor agrícola com a Dow. A americanaMonsanto Co. abandonou este ano uma oferta de US$ 46 bilhões para comprar a Syngenta em meio à resistência da rival suíça.

Liveris, da Dow, tem buscado um acordo com a DuPont há mais de dez anos e entrou em contato com Breen logo após este assumir o cargo na DuPont, em outubro, dizem algumas pessoas. Ele promoveu o acordo como uma forma de encontrar sinergias antes de dividir as empresas em operações mais enxutas, disseram as pessoas.

Analistas há muito falam dos benefícios de uma fusão entre as áreas agrícolas da Dow e da DuPont. Juntas, as duas vendem cerca de 17% dos pesticidas do mundo e seriam a terceira maior fornecedora de produtos químicos agrícolas, segundo dados compilados peloMorgan Stanley. Combinadas, elas teriam 41% das operações de sementes de milho e 38% do mercado de soja dos Estados Unidos.

Além dos produtos agrícolas, as empresas também possuem divisões que produzem filmes industriais, revestimentos, tecnologias de empacotamento e outros ingredientes usados nos setores alimentício, farmacêutico, industrial e automotivo. Entre os itens produzidos pela DuPont estão as fibras Kevlar e as bancadas de cozinha Corian. A Dow faz desde isolamentos de isopor até químicos para protetores solares.

No Brasil, a Dow está presente desde 1956 principalmente nas áreas de embalagens, agricultura, eletrônicos e transporte. Hoje ela conta no país com 3 mil funcionários divididos em 15 fábricas, nove centros de pesquisa e três escritórios. A empresa registrou no país uma receita de US$ 3,2 bilhões em 2014.

A DuPont chegou ao Brasil em 1937 e hoje atua em setores que incluem agricultura, nutrição e saúde, biociências industriais e eletrônicos. A empresa conta com dez fábricas e dez centros de pesquisa e desenvolvimento no país, onde trabalham 2.731 funcionários. A receita em 2014 foi de US$ 2,3 bilhões.

Recentemente, as duas empresas iniciaram a venda de ativos com margens baixas, como os ativos de petróleo e derivados, em favor de produtos especializados de alta margem. A DuPont saiu do negócio de tintas e revestimento de performance, incluindo a unidade que inventou o revestimento antiaderente Teflon. A Dow deixou de vender ingredientes como cloro e o epóxi, polímero utilizado em tudo, desde viagens espaciais até sacos plásticos do tipo Ziploc.

Em novembro, Liveris disse que a Dow estava explorando possibilidades de acordos para sua divisão agrícola, que teve uma receita de US$ 7,3 bilhões no ano passado. Em março, a Dow informou a venda de uma porção significativa de sua unidade de cloro para a fabricante americana de produtos químicos Olin Corp. E, em 2014, informou que separaria mais uma parte de suas unidades químicas baseadas em commodities, procurando se concentrar na produção de misturas especiais com a meta de gerar lucros mais estáveis. Desde 2009, a Dow vendeu ativos responsáveis por uma receita anual de US$ 15 bilhões e Liveris sugeriu que a mudança foi grande o suficiente para a empresa tirar “chemical” de seu nome.

Um acordo com a DuPont seria o ponto alto da gestão de 11 anos de Liveris na liderança da Dow. Embora a Dow tenha sido atingida pela crise financeira, a estratégia do executivo de realinhar os produtos da empresa fez com que suas ações voltassem a níveis próximos ao recorde histórico (The Wall Street Journal, 10/12/15) Leia mais em brasilagro 10/12/2015

10 dezembro 2015



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